Embora o sangue seja comum a todos os seres vivos, levantamento realizado pela primeira vez no Brasil constata que 39% da população não conhece seu próprio tipo sanguíneo. É o que mostra pesquisa encomendada pelo Movimento Eu Dou Sangue e realizada em parceria com o Instituto Datafolha.
O estudo, que ouviu 2.771 entrevistados em todo o país, mostrou que o desconhecimento é maior entre os homens (44%) do que entre as mulheres (35%). Assim como a maioria dos jovens (52%), na faixa dos 16 aos 24 anos, também desconhecem esse aspecto de seu próprio corpo.
Quando considerado o nível de escolaridade, o levantamento mostrou que 50% daqueles que disseram possuir apenas o ensino fundamental não sabem a qual grupo sanguíneo pertencem. E entre os que possuem ensino superior, esse total é de 20%.
Por outro lado, dentre os entrevistados que conhecem seu tipo de sangue, 30% afirmaram ser do grupo O, justamente a tipagem mais escassa nos hemocentros, por serem os de maior utilização. Em seguida estão os tipos A (21%), B (7%) e AB (3%).
O levantamento mostrou ainda que 8% dos entrevistados declararam ter doado sangue nos últimos 12 meses. Deste total, 10% são homens e apenas 5% mulheres.
Para Debi Aronis, fundadora da campanha Junho Vermelho e do Movimento Eu Dou Sangue, esses números mostram que ainda há muito trabalho a fazer para tornar a doação de sangue um hábito na vida dos brasileiros.
“Muitos brasileiros ainda não doam sangue pelos mais variados motivos, por exemplo o medo de agulha. Por isso, é muito importante mostrar a essas pessoas que o sangue não pode ser substituído. Afinal, ainda não existe sangue sintético. Mesmo com todos os avanços da ciência, apenas a doação é capaz de abastecer os estoques dos hemocentros”, afirma Debi. Para ela, esse número alarmante deve ser ainda maior, se levado em consideração que as pessoas se sentem desconfortáveis em admitir que não sabem esse tipo de informação.
A pesquisa “Hábito de doação entre os brasileiros” foi realizada entre os dias 21 e 23 de junho em 194 municípios do país. A margem de erro é de dois pontos, para mais ou para menos.
Para Mauro Paulino, diretor do Datafolha, disseminar essa causa e a importância de informações básicas como o tipo sanguíneo são imprescindíveis para criar uma cultura da doação de sangue. “O brasileiro não tem o hábito da doação e apenas quando passam por dificuldades que entendem a grandiosidade de alguns atos.