Em 7 de abril é datado o Dia Mundial da Saúde, segundo a Organização Mundial da Saúde, que em 2018 aborda o tema Health for All (saúde para todos) e ressalta que a experiência tem demonstrado, repetidamente, que a Cobertura Universal de Saúde é alcançada quando a vontade política é forte. Com esse foco, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) reforça a necessidade de acesso à saúde como prioridade dos governos, independentemente das esferas, principalmente com ampliação da Atenção Primária e Estratégia Saúde da Família.
O Brasil tem 207 milhões de habitantes e no momento atual, 77% são dependentes do SUS, que comemora 30 anos em 2018. Toda essa população é acompanhada na atenção primária à saúde, e a grande maioria é cadastrada na Estratégia Saúde da Família, que com suas 43 mil equipes, atendem 135 milhões de pessoas. Além disso, 48 milhões são assistidos pela saúde suplementar, ou seja, têm planos de saúde individuais, coletivos ou empresariais, o que compila 23% da população. Esse dado é da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
“O SUS como um sistema de saúde universal, tem como objetivo otimizar a saúde de toda a população brasileira e reduzir iniquidades em saúde. Em um momento de crise econômica que atravessamos no Brasil, com aumento do desemprego e mais perdas financeiras para as famílias, as desigualdades sociais aumentam, e a população tende a um maior adoecimento. Para enfrentar isso, precisamos de um maior investimento no SUS através de uma ampliação do seu financiamento, para que ele mantenha a qualidade alcançada de serviços e ações prestadas, Além de seguir se expandindo para atingir a todos os brasileiros, e garantir acesso especialmente aos que mais precisam”, explica Thiago Trindade, presidente da SBMFC.
O SUS atinge 100% da população e não apenas quem o utiliza como serviço médico, mas em campanhas de vacinação que acontecem periodicamente, ações das secretarias de vigilância (epidemiológica, sanitária e ambiental) e o SAMU, por exemplo, que frequentemente são demandados por todos brasileiros, independentes de terem planos de saúde privados ou não. Muitos usuários da saúde suplementar o utilizam o SUS para aquisição de medicamentos, além de tratamentos de alta complexidade como transplantes e oncologia, que muitos planos não cobrem.
A Atenção Primária à Saúde (APS) é a porta de entrada do SUS, que é feita pelas Unidades Básicas de Saúde, por isso, facilitar esse acesso é fundamental com equipes bem estruturadas e com ampla cobertura populacional que atinja a todos, desde as grandes capitais até os moradores de zonas isoladas. A APS é o conceito que aborda os problemas mais comuns na comunidade, oferecendo serviços de prevenção, cura e reabilitação para maximizar a saúde e o bem-estar. Integra a atenção quando há mais de um problema d saúde e lida com o contexto no qual a doença existe e influencia a resposta das pessoas a seus problemas de saúde. Além disso, organiza e racionaliza o uso dos recursos para promoção, manutenção e melhora da saúde.
Estratégia da Saúde da Família
A Saúde da Família é a principal estratégia do Ministério da Saúde para reorientar o modelo de atenção à saúde da população a partir da atenção primária. As equipes são multidisciplinares, formadas médicos, enfermeiros, dentistas, técnicos ou auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde que, junto as comunidade, desenvolvem ações de promoção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico e tratamento, recuperação, reabilitação de doenças. Atualmente existem 43 mil Equipes de Saúde da Família implantadas. A execução da ESF é compartilhada pelo governo federal, estados, Distrito Federal e municípios. Ao governo federal cabe estabelecer as diretrizes nacionais da política e garantir as fontes de recursos financeiros para o componente federal do seu financiamento. Cidades-modelo da estratégia são Florianópolis, Rio de Janeiro e Curitiba.
Nas Unidades Básicas de Saúde, a população é assistida por médicos e enfermeiros generalistas, com capacidade de solucionar 90% dos problemas de saúde apresentados. Além disso, os pacientes com doenças crônicas, diabetes, hipertensão e outras que demandam atenção de rotina podem ser acompanhados na unidade por seu médico de família e comunidade, que também está apto para o pré-natal. Com a Estratégia bem estruturada e com esses atendimentos pontuais, os hospitais e prontos-socorros ficam livres para atenderem as demandas emergenciais.
O acompanhamento do médico de família e comunidade ao longo da vida é essencial para a manutenção da saúde e prevenção de doenças, a partir do histórico daquele paciente. Além disso, a Estratégia Saúde da Família reduziu a mortalidade materna e infantil e a internações por condições sensíveis, o que gera também uma redução de custos para o sistema, e uma otimização da rede de serviços.