Estudo realizado com 3.325 adolescentes de escolas municipais de Belo Horizonte apontou a prevalência da forma grave da asma em pacientes asmáticos com rinite, principalmente em meninas. O trabalho é da equipe de Pneumologia Pediátrica do Hospital das Clínicas da UFMG e os dados foram analisados por Laís Meirelles Nicoliello Vieira, pneumologista pediátrica da equipe, e apresentado como dissertação de mestrado defendida junto ao programa de Pós Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG. “A asma é muito prevalente mundialmente. É a 3° maior causa de internação no mundo e a 2° maior de internação pediátrica no Brasil”, aponta Laís. A pesquisadora, também orientadora na residência de pneumologia pediátrica do Hospital das Clinicas, conta que uma das razões para escolher investigar o tema foi a percepção do aumento da gravidade da doença nos adolescentes e do número de casos. “A asma é responsável por grande índice de morbidade, que é a má qualidade de vida, e de mortalidade nos pacientes adolescentes”, continua.
Ela explica que essa é uma doença crônica, de via área inferior, inflamatória, com tratamentos que possibilitam boa qualidade de vida. É desencadeada por vários fatores, principalmente a exposição à alérgenos como cigarros, mofo e poeira. No entanto, algumas crianças também apresentam os sintomas ao praticarem atividades físicas.
Sobre o tratamento, Laís afirma que inclui medidas simples, mas importantes. “O controle do ambiente, o acesso ao médico e aos medicamentos, além da técnica e a adesão ao tratamento são essenciais para que a doença não traga riscos à vida do paciente asmático”, explica.
Aspectos da asma na população pediátrica
Para sua dissertação de mestrado, Laís usou o questionário International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC), aplicado em 2012 pela equipe de pneumologia da UFMG e comparado com os resultados de 2002. Ele foi respondido por 3.325 adolescentes, entre 13 e 14 anos e de escolas públicas de Belo Horizonte, escolhidos através de sorteio.
Suas questões abordavam os fatores associados à asma correspondentes aos últimos 12 meses: quantas crises de chiado no peito (sibilos) tiveram; com que frequência teve o sono perturbado por chiado no peito; e se o chiado foi tão forte a ponto de impedir que conseguisse dizer mais de duas palavras entre cada respiração. Especificamente para o seu trabalho, Laís usou os resultados dos 650 alunos que responderam sim à primeira pergunta, sobre o número de crises.
A pneumologista aponta que a prevalência dos sintomas da asma na amostra analisada aumentou de 17,8 %, em 2002, para 19,8% em 2012. Sobre a gravidade, o número de adolescentes que responderam sim as três perguntas aumentou de 11% para 15,1%. A médica reconhece como o resultado mais expressivo o de que a maioria (58,8%) dos adolescentes asmáticos também foi diagnosticada com rinite e, dentro desse número, 65,6% dos casos eram pacientes do sexo feminino.
“Nós vemos que principalmente em pacientes meninas com rinite, a asma tende a ser mais grave do que nos pacientes sem rinite ou do sexo masculino”, comenta. “As meninas, em maior prevalência aquelas com sobrepeso e obesidade, têm os sintomas da asma mais agravados. A obesidade está relacionada aos marcadores de inflamação e essa inflamação levaria a uma piora dos sintomas da asma”, argumenta. “Outro fator é que as meninas passam por muitas alterações hormonais na adolescência, o que também agrava a doença”, expõe.