Segundo pesquisa realizada com 3 mil mulheres portadoras de endometriose pelo cirurgião ginecológico Dr. Edvaldo Cavalcante, em parceria com grupo Gapendi (Grupo de Apoio as Mulheres com Endometriose e Infertilidade), depois dos grupos de ajuda e blogs, os cuidados com a alimentação são a principal estratégia de 44% das entrevistadas para lidar com a endometriose e seus desconfortos. Mas será mesmo que cuidar da alimentação pode aliviar os sintomas da endometriose?
Segundo Dr. Edvaldo, algumas doenças são influenciadas pela dieta e a endometriose é uma delas. “Uma das explicações está na liberação das prostaglandinas, ácidos graxos modificados (tipo de molécula de gordura), produzidas e liberadas pela maior parte das células do corpo humano. Entretanto, também são provenientes da dieta. Como essas substâncias estão envolvidas no processo inflamatório, podem aumentar a contração uterina e a dor, dependendo da quantidade em circulação no organismo”, explica o médico.
Papel da dieta na inflamação
Portanto, uma dieta que ajude a controlar as prostaglandinas pode contribuir para reduzir o processo inflamatório, típico da endometriose. De acordo com um estudo realizado pelo Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina (EPM-UNIFESP), alimentos ricos em ômega-3,Vitamina A, C e E, além da suplementação com N-acetilcisteína, vitamina D e resveratrol, exercem efeito protetor, anti-inflamatório, com redução no risco de desenvolvimento e possível regressão da endometriose. Importante lembrar que um consumo maior de frutas, verduras (preferencialmente orgânicas) e cereais integrais também exerce efeito protetor para essa doença. “Vimos ainda que há outras substâncias que podem ser usadas na forma de suplementos ou ainda incorporadas na dieta. Em dezembro de 2017, um estudo italiano trouxe uma nova combinação de ingredientes com efeito anti-inflamatório que se mostrou útil na redução de um tipo de prostaglandina (PGE2), e também do CA-125, um marcador tumoral utilizado para controle da endometriose, diz Dr. Edvaldo.
A combinação usada no estudo foi de quercetina (flavonoide), Tanacetum parthenium (planta medicinal), nicotinamida (forma ativa da vitamina B3), curcumina (princípio ativo do açafrão), L-5-metiltetrahidrofolato de cálcio (5-MTHF) (uma das formas do ácido fólico) e ômegas 3 e 6.
Estrogênio, dieta e endometriose
“Outro fator importante é que a endometriose é uma doença estrogênio-dependente. Portanto, dietas que ajudem a manter o estrogênio controlado podem contribuir para a redução dos sintomas”, comenta Dr. Edvaldo.
A dica é aumentar o consumo de fibras que contribuem na excreção do estrogênio, assim como reduzir o consumo de gordura animal. A partir de uma dieta equilibrada, rica em frutas, verduras, legumes, grãos e carne magra, é possível também reduzir a gordura corporal, que está ligada à produção periférica do estrogênio. Isso porque as células do tecido adiposo produzem estrogênio e, quanto mais células de gordura, mais estrogênio será produzido. “Na prática clínica, as recomendações nutricionais e as evidências dos estudos que avaliam o papel da dieta na endometriose têm sido de grande relevância no acompanhamento das pacientes. Levando em consideração que a endometriose é uma doença crônica, a adoção de hábitos saudáveis é importante no manejo da patologia. Além disso, é bom ressaltar que uma alimentação equilibrada é algo que contribui para a saúde em geral, portanto é uma boa estratégia a ser usada”.