Saúde

Novo consenso sobre alergia alimentar é divulgado

Em trabalho conjunto, a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a Sociedade Brasileira de Gastroenterologia e nutrólogos, especialistas fundamentais no manejo das dietas de restrição, acabam de divulgar o novo Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar. O documento atualiza o anterior, especialmente no que se refere ao diagnóstico, tratamento e prevenção.

Apesar do crescente aumento na prevalência das alergias alimentares, ainda existem inúmeras dúvidas na prática clínica a respeito dos métodos de diagnósticos e manejo terapêutico (medicamentoso e nutricional) dos pacientes. O consenso vem como um manual prático que deve uniformizar as condutas médicas.

As principais mudanças dizem respeito a algumas diretrizes de tratamento, que foram readequadas com base em novas fórmulas disponíveis comercialmente. Aspectos de prevenção e introdução da alimentação complementar também sofreram algumas importantes modificações. “Novos estudos são publicados anualmente, levando a defasagens em alguns conceitos previamente estabelecidos. Estudos mais recentes são compilados para servirem como diretriz na conduta do paciente com alergia alimentar”, explica a coordenadora do Departamento Científico de Alergia Alimentar da ASBAI, Dra. Renata Cocco.

Alergia Alimentar – Considerada um problema de saúde pública, a prevalência da doença tem aumentado em todo o mundo. No Brasil não há estatísticas oficiais, porém, a prevalência parece se assemelhar com a literatura internacional, que mostra cerca de 8% das crianças, com até dois anos de idade, e 2% dos adultos com algum tipo de alergia alimentar.

Mais de 170 alimentos são considerados como potencialmente alergênicos, porém, uma pequena parcela deles tem sido responsabilidade por um maior número de reações. Em crianças, os alimentos mais comuns são leite de vaca, ovo, trigo e soja. Já em adultos são amendoim, castanhas, peixe e frutos do mar.

O diagnóstico de alergia alimentar deve seguir quatro pilares: 

  • A história que deve ser muito bem avaliada por um médico experiente.
  • Exames laboratoriais que também precisam ser muito bem interpretados, pois nem sempre um IgE positivo indica que a criança seja alérgica.
  • Dieta de restrição retirar o alimento, avaliar a melhora para depois expor o paciente novamente ao alimento e, assim, ter a certeza que existe a relação de causa e efeito.
  • Teste de provocação oral que realmente estabelece o diagnóstico. Consiste na oferta do alimento para a criança, em doses regulares, crescentes, sempre sob a supervisão médica. Deve ser realizada em ambiente apropriado, seja na clínica, hospital ou, até mesmo, dentro da UTI, dependo da necessidade que o médico julgar. Nunca deve ser realizado em casa, pois coloca a criança em risco de morte.

Mitos sobre o leite de vaca e as alergias

Os mitos em torno da alergia ao leite de vaca se propagam e é preciso esclarecer que, na verdade, não têm relação alguma. “Entre eles estão os distúrbios de comportamento, isso inclui o autismo. Não existem evidências de que o leite de vaca cause autismo, o que está sendo muito divulgado. Aumento de secreção nas vias aéreas superiores também não pode ser relacionado ao leite de vaca”, conta Dra. Renata.

Asma e rinite não podem ser associadas à alergia ao leite quando não há outros sintomas, como o de pele e os gastrointestinais. Infecções recorrentes, como otites e urticária crônica seguem a mesma orientação. “É preciso saber as reais manifestações clínicas para um diagnóstico correto. A restrição desnecessária do leite causa tantos prejuízos quanto um subdiagnóstico”, alerta a médica.

Botão Voltar ao topo