Google investe em ferramenta de busca por voz
O buscador mais usado no mundo, o Google, completa 20 anos de operação em 2018. A ferramenta de pesquisas continua sendo a principal fonte de receita da multinacional, respondendo por cerca de 90% do faturamento da companhia norte-americana. No início dos anos 2000, o sistema se destacou por conseguir hierarquizar as páginas, definindo o que era mais relevante, apresentando resultados mais satisfatórios do que só concorrentes. Atualmente, o desafio é se adaptar às exigências dos usuários de internet por celular.
“Para chegar a uma resposta com o laptop, é muito mais rápido do que com a conexão 3G”, exemplificou o diretor de engenharia para América Latina do Google, Berthier Ribeiro-Neto, durante a entrevista coletiva que apresentou as evoluções do buscador em duas décadas, como o aprimoramento pela busca de voz. O acesso móvel apresenta, segundo o engenheiro, uma série de complexidades em comparação com os computadores de mesa, como a tela menor e a movimentação do usuário durante as consultas, dificultando, inclusive, a digitação.
O usuário brasileiro revela suas preferências no buscador. No ranking de palavras pesquisadas na última semana, lideram os termos: Youtube, previsão do tempo e o próprio Google, seguido por Banco do Brasil, BBB 18 e Peppa Pig.
Segundo o engenheiro Bruno Pôssas, responsável pela equipe de pesquisas da empresa em Belo Horizonte, de 5% a 10% das consultas, em todo o mundo, já são feitas sem digitação. O sistema é aprimorado com o uso de ferramentas de inteligência artificial que vai identificando os padrões e as necessidades a partir da interação com os usuários. “O componente principal que fez possível fazer busca por voz no Google é a qualidade do que a gente consegue através do uso de machine learning [aprendizado automático]”, destacou o engenheiro.
As máquinas têm permitido, de acordo com Pôssas, uma evolução rápida e contínua da ferramenta. Segundo ele, em um ano, a taxa de erros do sistema de pesquisas por voz caiu 50%. A experiência também é aprimorada com a melhora da qualidade da pequisas que tenta, cada vez mais, entender o que a pessoa está buscando, mesmo que não saiba escrever corretamente os nomes do que quer encontrar ou tenha poucas informações para iniciar a pesquisa. Para isso, o Google se vale de informações como a localização do usuário e a trajetória anterior de buscas, a chamada “jornada”. Apesar de armazenar essa grande quantidade de dados pessoais, a empresa nega comercializar esse material.
Fake news
O buscador tem procurado estratégias para evitar a difusão de informações falsas, sem fazer uma censura prévia do que é veiculado na rede. “O Google não vai tentar identificar de forma nenhuma os conteúdos que são fake dos conteúdos que são verdadeiros. Até porque a linha entre essas coisas é muito tênue. Então, o que o Google tenta fazer para melhorar a qualidade dos resultados é fazer com que sites autoritativos sejam os retornados para essas buscas mais complicadas”, explicou Pôssas.
As páginas consideradas autoritativas, ou seja, confiáveis, são definidas, segundo o engenheiro, a partir de uma série de critérios que, não necessariamente, classifica automaticamente os grandes portais de notícias e os canais governamentais. “Vários dos sinais partem de interação dos usuários daqueles sites e quantas notícias falsas eventualmente foram veiculadas por aquele site”, exemplificou.
A empresa tem apostado também em parcerias com páginas que fazem a verificação de informações que circulam na rede como antídoto contra as notícias falsas.