Por Dr. Feliipe Amatuzzi, coordenador da Escuela de Osteopatía de Madrid Brasil (EOM Brasil)*
Na última semana, acompanhamos o drama da cantora Lady Gaga que cancelou sua participação no Rock in Rio um dia após anunciar que sofre de fibromialgia. A Síndrome da Fibromialgia (SFM) é um tipo de reumatismo de forma crônica e complexa. Não existe um exame que detecta essa doença. A síndrome afeta de 6% a 20% dos pacientes de clínicas de reumatologia e representa quase 10% das consultas de dor crônica no Brasil. A SFM atinge de 0,5% a 5% da população geral do país segundo dados do Consenso Brasileiro de Fibromialgia, de 2010.
De modo geral, o diagnóstico da fibromialgia é clínico. O profissional de saúde toca alguns pontos do corpo que são dolorosos, e estes são chamados de pontos gatilho. Para o diagnóstico positivo, o paciente deverá sentir dor em pelo menos nove dos dezoito pontos de dor apontados no corpo.
Alguns estudos têm relacionado fibromialgia à disautonomia, um desequilíbrio do Sistema Nervoso Autônomo (SNA), que pode ser causado pelos efeitos do “chicote cervical”, ou seja, um trauma na coluna surgido de um acidente de carro, por exemplo. A sequela principal desse “chicote” é a inversão da curvatura da coluna cervical, o que provoca uma série de disfunções na base do crânio, afetando o bom funcionamento do SNA e levando o paciente a ficar num estado de alerta o tempo todo. Essa condição pode deixar os músculos mais tensionados que o normal provocando dores no corpo.
A disautonomia pode afetar o corpo todo, já que o SNA também está presente no corpo todo. Como essas disfunções afetam os sistemas simpático e parassimpático, elas podem afeitar o funcionamento de alguns dos órgãos corporais. Como exemplo, é comum que junto com o diagnóstico da fibromialgia exista algum mal funcionamento visceral, como ter o intestino preso ou sintomas de gastrite. Além disso é muito comum que os fibromiálgicos sintam muita fadiga e cansaço pelo corpo não tendo ânimo para fazer as atividades do dia, o que também pode estar associado com sintomas de depressão. Outras causas associadas, segundo a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor, são genética e doenças autoimunes (aquelas em que o corpo ataca o próprio corpo). Com o tratamento osteopático se busca a correção dessas disfunções através de técnicas manuais suaves para que o próprio corpo passe a voltar a ter uma boa regulação do SNA, levando a melhora dos sintomas e a melhora da saúde. Quando aliada à prática correta de atividade física, uma boa alimentação e métodos de alívio do estresse, o tratamento osteopático é uma maneira de ajudar o corpo a responder mais rápido ao tratamento além de contribuir para uma melhora mais efetiva e duradoura. O tratamento osteopático pode incluir desde manipulações na coluna, nos braços e pernas, diminuição das tensões dos músculos do pescoço, tratamento dos órgãos e do crânio ajudando a regular o sistema nervoso.
*Doutor Fellipe Amatuzzi é fisioterapeuta osteopata, professor e coordenador da Escuela de Osteopatía de Madrid Brasil, em Brasília. Amatuzzi é diretor científico da Associação dos Osteopatas do Brasil (AOB), diplomado em osteopatia pela Scientific European Federation Osteopaths (SEFO), Mestre em Educação Física pela UCB/DF e Doutor (PhD) em Ciências e Tecnologias em Saúde pela Universidade de Brasília.