*Por Casa de Valentina especialmente para o blog da Todeschini
Você é daquelas pessoas que quando se depara com um espaço para decorar ou redecorar é tomado por sensações controversas? Por um lado, a empolgação de quem está prestes a ver a casa dos sonhos ganhar forma e virar realidade. Por outro, a angústia de não saber bem por onde começar. Como organizar as inúmeras referências? Será que o sofá que você sempre quis ter na sua sala de estar vai funcionar no espaço que você tem sem atrapalhar a circulação? Como acomodar a coleção de discos? E aquele móvel que você herdou da sua avó, mas não sabe como fazer para harmonizar com a pegada contemporânea que tanto te agrada?
Calma! O momento de planejar o décor deve ser prazeroso acima de tudo. Por isso, sem stress! Exatamente por isso conversei com alguns arquitetos que estão super acostumados a lidar diariamente com essas questões e perguntei quais são as táticas para ajudar o cliente a organizar as ideias e buscar autenticidade e originalidade nessas etapas iniciais.
Claro que poder contar com um bom profissional para orientar todos os passos ajuda muito, mas há algumas reflexões e exercícios que são particulares e intransferíveis e vão te ajudar a encontrar caminhos para imprimir sua personalidade em cada canto da sua casa.
Como será daqui a dez anos?
Um desses papos foi com a Ieda Korman, da Korman Arquitetos, que contou logo de cara um dos principais desafios: ajudar o cliente a entender os conceitos. Muitas vezes, ele chega ao escritório reproduzindo termos que viu na mídia sem saber exatamente o que eles significam e se refletirá o estilo de vida dele. “Alguns jovens casais chegam pedindo o estilo hippie chic porque está nas revistas de decoração. Até que ponto isso não é modismo e daqui a dez anos eles vão jogar tudo fora?”. Ela tem toda razão, é importantíssimo se imaginar na casa daqui a cinco ou dez anos, por exemplo. Afinal, é muito investimento de tempo e dinheiro para você descobrir em pouco tempo que o décor da própria coisa te enjoa ou ter a sensação de que ele está obsoleto. Dá calafrio só de pensar, né? rs. Aqui a dica é: fuja dos modismos e pense no longo prazo. Antes de querer transpor e estilo minimalista, por exemplo, para o seu décor, entenda bem o conceito e reflita sobre ele. Será que você viveria bem com poucos objetos?
Foto de revista funciona na revista
Na conversa com a Ieda, identifiquei mais um mal entendido comum que costuma prejudicar o décor da casa: nem sempre aquela foto belíssima que vemos na revista ou a composição apaixonante que vimos em uma exposição funcionará na nossa casa no dia a dia. “Os olhares leigos não conseguem entender que a arquitetura vai pensar em aspectos práticos. Como as pessoas vão andar? Como vai funcionar a limpeza?”. Mais um ponto MUITO importante que vale a pena ter em conta!
Nada de cópias
Veja como esse bate papo com a Ieda foi produtivo. Rendeu mais uma dica de ouro para garantir a originalidade do seu projeto: evite a cópia de peças e a concentração das compras em uma só loja. “É obrigação do arquiteto tentar trazer originalidade para o projeto”. Nada de transformar sua casa em um catálogo de loja, combinado? rs.
Imagens para inspirar
Também procurei a Ana Veirano, da RAP Arquitetura. Nessa conversa, a Ana contou que gosta de trabalhar com uma seleção de imagens que apresenta aos clientes para que eles identifiquem aquelas que mais gostam. As imagens seguem estilos diferentes de décor, mas como a Ana já tem a percepção bastante aguçada, ela geralmente nota que há uma unidade naquelas que o cliente aponta como favoritas, seja a iluminação, o uso de cor, a escolha das peças. A partir desses insights, clientes e arquiteto vão alinhando as diretrizes para o projeto. Achei muito boa e simples essa dica da Ana. Você pode começar agora a montar a sua própria seleção de imagens inspiradoras e identificar os pontos comuns entre elas!
Do que você mais gosta?
Durante nosso papo, a Ana também tocou em um ponto que eu particularmente acho que é o que faz a diferença em qualquer projeto. Ela gosta de apostar nas conversas para descobrir os gostos do cliente fora do universo do décor. “Gosto de saber quais são os hábitos e o que ele gosta de fazer. Isso diz muito sobre a pessoa”. É bom pensar em questões como: você é prático? Valoriza a estética? Gosta de comprar roupas? Investe em peças de grife? É mais funcional? Que esportes pratica? A que atividades gosta de se dedicar fora do trabalho? Gosta de viagens? É cinéfilo? Colecionador? Todas essas respostas sobre suas preferências e estilo de vida darão indícios dos elementos a serem explorados no décor.
Quando conversei com a Cris Paola, do Studio Cris Paola, descobri logo de cara que temos um vício em comum: o Pinterest! Na verdade, ele é uma das redes sociais favoritas de quem ama decoração e ajuda muito a organizar as ideias para um projeto. Sério, sou muito fã! Tem muitas imagens no catálogo e é muito fácil organizar e consultar a hora que você quiser. “Depois do primeiro encontro, o dever de casa do cliente para a próxima reunião é usar o Pinterest. Eu tenho pastas do meu escritório com referências e projetos”. Dá uma espiada nas pastas da Cris e teste o Pinterest. Vale a pena!
Qual é a sua história?
Eu também curti bastante essa outra parte do trabalho inicial da Cris com o cliente que é explorar a história dele. Ela explicou que saber de onde ele vem e como são as relações com amigos e familiares, por exemplo, pode ser um caminho de acesso à personalidade do cliente que deverá estar refletida no décor. A Cris ainda compartilhou uma curiosidade, que pensando bem, percebi que faz todo sentido: é na sala de estar das pessoas que essa história está explícita. “Na sala de estar a gente conta os nossos segredos mais íntimos sem se dar conta”. Interessante, não?
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