Ipea lança novo Boletim de Mercado de Trabalho
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou nesta quinta-feira (3/05) o Boletim Mercado de Trabalho: conjuntura e análise (BMT) nº 64, em sua sede, em Brasília. O estudo apresenta um panorama do mercado de trabalho brasileiro, além de ampliar o debate sobre a execução de políticas sociais da área.
A pesquisa mostra que, embora ainda se encontre em níveis muito abaixo dos observados no período pré-crise, o contingente de trabalhadores ocupados vem crescendo, na comparação interanual, desde o trimestre encerrado em julho de 2017. De forma geral, com a análise dos dados, constatou-se que o recuo do desemprego é maior entre jovens, com ensino fundamental ou ensino médio.
Em janeiro de 2018, a taxa de expansão interanual apontada pela Pnad Contínua foi de 2,1%, o que se constitui no melhor resultado, neste tipo de comparação, desde fevereiro de 2014.
O BMT também traz uma seção de notas técnicas, que tratam de horas dedicadas ao trabalho e lazer; os homens maduros que não trabalham nem são aposentados; taxa de desemprego entre os jovens; e o panorama laboral brasileiro no contexto recente da economia latino-americana. Ainda compõem o boletim duas seções: a seção Política em foco e uma seção sobre a economia solidária e políticas públicas, ambas compostas por três textos.
Na análise das horas dedicadas ao lazer e trabalho, com dados de 2001 a 2015, de forma geral, verificou-se que “os homens brasileiros desfrutam de mais horas de lazer do que as mulheres brasileiras, ainda que haja uma tendência de redução dessa diferença ao longo do tempo”. Já o artigo sobre a situação laboral dos homens maduros mostra que cerca de 10% dos homens de 50 a 59 anos não trabalhavam e não eram aposentados nem pensionistas. O estudo utilizou dados da Pnad Contínua de 2016. “Isto sinaliza para uma dificuldade do mercado de trabalho de absorvê-los”, ressalta o artigo.
Economia Solidária
Sandro Pereira Silva, pesquisador do Ipea e um dos autores do estudo sobre economia solidária, apresentou sua avaliação sobre o tema no lançamento do boletim. Ele destacou a evolução orçamentária e o grau de execução da Política Nacional de Economia Solidária. “Para esse ano prevemos queda significativa dos recursos e destituição do tema na agenda governamental”, disse.
Silva ressalta que alguns dos fatores que resultaram na piora dos índices foram a mudança na gestão nas políticas de trabalho, que deu menos enfoque ao tema, e a crise econômica, que afetou todas as políticas de uma maneira geral. Carlos Henrique Corseuil, editor responsável pelo Boletim, apontou a necessidade de considerar outras hipóteses para esse resultado. Para ele, também devem ser levadas em conta a influência da baixa capacidade de execução, que afetou o orçamento para implementação da política nos anos que se seguiram, e o fato de a queda na capacidade de execução ter acompanhado outras áreas do Ministério do Trabalho. Segundo os pesquisadores, “os números indicam o possível fim do tema na agenda governamental”.