O tabagismo custa à economia global mais de 1 trilhão de dólares por ano e matará um terço a mais de pessoas até 2030 do que agora. Os dados fazem parte de um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos publicado neste mês. O número de mortes relacionadas ao tabaco deverá aumentar de cerca de 6 milhões para 8 milhões anualmente até 2030, sendo que mais de 80% delas vão ocorrer em países de baixa e média renda.
No HCor (Hospital do Coração), de 54 pacientes infartados e fumantes que internaram no período de janeiro a abril deste ano, 35% ainda permanecem fumando – mesmo sabendo que o cigarro pode ajudar em uma recidiva da doença, além de gerar acometimentos mais graves. E por que uma pessoa com uma doença instalada tem dificuldade em ficar sem fumar após o evento? Neste caso, entram questões emocionais mais fortes, e faz com que estes pacientes permaneçam fumando.
O cigarro é a principal causa de morte evitável no mundo e chega a reduzir a expectativa de vida em 20 anos. E para auxiliar as pessoas a deixarem o cigarro e parar de fumar, o HCor (Hospital do Coração), possui o Programa Vida Sem Cigarro, um serviço que, em sua maior parte, é realizado por meio de consultas online – ideal para quem tem dificuldade de deslocamento ou para aqueles que viajam com frequência.
Como o cigarro afeta o coração?
Se não bastasse os estragos aos pulmões e a estreita relação com o aparecimento de câncer, o tabagismo também figura entre os vilões quando o assunto é a saúde cardiovascular. O cigarro é um dos maiores agressores do endotélio – aquela parede de células que recobre os vasos sanguíneos. “Essa ação interfere com a produção de uma substância protetora conhecida como óxido nítrico e faz como que as artérias fiquem mais vulneráveis ao acúmulo de gordura. Há também uma interferência no mecanismo de contração e relaxamento, o que resulta numa maior dificuldade para o sangue circular”, explica Dr. Abrão Cury, cardiologista do HCor.
A nicotina, substância encontrada no produto, é exercida pelos sistemas simpáticos e parassimpáticos e, quando a adrenalina é liberada, influencia na redução de consumo de oxigênio, e faz com que o corpo passe a absorver mais colesterol. “A fumaça do cigarro contrai os vasos capilares dos pés e das pernas e, um único cigarro, já é suficiente para contrair todos os vasos sanguíneos do corpo. A cada tragada, ocorre um endurecimento das artérias do fumante, fazendo com que o coração trabalhe mais intensamente”, diz o cardiologista do HCor.
Quer reduzir as chances de ter um infarto? Então chegou a hora de parar de fumar!
Qualquer tipo de tabaco pode estimular a produção de novas placas nas artérias e piorar a aterosclerose (acúmulo de gordura nas paredes das artérias). “Os homens fumantes têm três vezes mais chances de ter um infarto, se comparado aos homens não fumantes. Nas mulheres, esse risco é ainda maior. E não só os fumantes que têm mais chances de sofrer um infarto. O fumante passivo tem aproximadamente 30% a mais de risco do que uma pessoa que não se expõe a fumaça do cigarro”, alerta.
Para o cardiologista, a única forma de reduzir as chances de ter um infarto é parar de fumar. “É importante lembrar que optar por cigarros com baixo teor de alcatrão e nicotina não significa diminuição do risco de infarto. Para facilitar o processo de parar de fumar, há opções de medicamentos no mercado, além de adesivos de nicotina e outros métodos. Mas acima de tudo, o bom resultado vai depender da determinação e força de vontade do fumante”, aconselha Dr. Abrão Cury.
INCA adverte sobre os riscos do tabagismo para o coração: a Organização Mundial da Saúde (OMS) escolheu o tema “Tabaco e Doença Cardíaca” para celebrar o Dia Mundial Sem Tabaco. A campanha alerta para a ligação entre tabaco e doenças cardiovasculares, incluindo acidentes vasculares cerebrais que, combinados, são as principais causas de morte do mundo (17,7 milhões de pessoas por ano). De acordo com a OMS, 7 milhões de pessoas morrem anualmente pelo tabagismo. Destas, 900 mil são vítimas de fumo passivo.
Com o slogan “Com o coração não se brinca. Faça a melhor escolha para a sua vida: não fume!”, a campanha tem o objetivo de alertar a população brasileira quanto aos danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco, visto que o uso do tabaco é uma das principais causas de infarto, angina e acidente vascular cerebral (AVC).
Segundo a psicóloga Silvia Cury Ismael, os jovens começam a fumar na idade de 10 a 15 anos e, muitas vezes, por influência dos pais (meninos) e por questões emocionais (meninas). A ligação emocional com o cigarro é mais forte nas mulheres do que nos homens – daí uma dificuldade maior em parar de fumar no sexo feminino. “O narguilé entre jovens têm sido um grande vilão por causar dependência, e ser um passo para outras drogas além do cigarro”, pontua Silvia.
Programa Vida Sem Cigarro HCor
O programa online tem início entre a primeira e a última avaliação presencial realizada pelo médico, psicólogo e, se necessário, por um nutricionista. “A maior parte do programa é realizada a distância e prioriza o bem-estar de cada paciente, com a finalidade de superar as dificuldades e prestar o apoio necessário quando houver recaídas”, esclarece a coordenadora.
De acordo com a gerente do Serviço de Psicologia do HCor, Silvia Cury Ismael e coordenadora do Programa, o projeto consiste em sessões de 30 minutos, com o objetivo de orientar o processo de cessação do cigarro, além de entrega de material de apoio. “Ele é fácil de usar e pode ser utilizado por meio de dispositivo instalado no computador, tablete e celular”, explica Silvia.
Consultas presenciais: equipe multidisciplinar (psicólogo, médico e nutricionista, se for necessário), especializada de tabagismo para avaliação e reavaliação do paciente, bem como a orientação para melhor dinâmica do programa.
Consultas online: acompanhamento a distância com psicólogo por vídeo consulta com o objetivo de orientar, apoiar dificuldades e prevenir recaídas.
Para conhecer o programa e se cadastrar, basta acessar o site www.vidasemcigarro.com.br ou entrar em contato com o Núcleo de Atendimento Psicológico do HCor pelo telefone (11) 3053-6611 ramais: 7600 ou 7610 ou por e-mail: vidassemcigarro@hcor.com.br
Controle do Fumo do HCor
O Programa de Controle do Fumo do HCor mantém uma equipe de psicólogos e médicos de diferentes especialidades que oferece um tratamento com duração de nove sessões individuais distribuídas em três meses de acompanhamento. Ao longo do tratamento, os fumantes são medicados, de acordo com as suas respectivas necessidades, e acompanhados por terapia psicológica com o objetivo de tratar a dependência física e emocional do cigarro.