A Federação Brasileira de Hospitais (FBH), que responde por 16 associações regionais da rede privada de saúde, apelou hoje (29) para que manifestantes liberem as vias para o transporte de medicamentos, equipamentos e outros insumos aos hospitais e clínicas. Em tom de alerta, a entidade advertiu que há risco de mortes e agravamento de problemas de saúde por falta de abastecimento adequado.
“A falta de suprimentos nos hospitais pode redundar em questões de vida ou morte para os cidadãos brasileiros usuários do sistema de saúde,” disse o presidente da FBH, Aramicy Pinto, ao afirmar que apoia as reivindicações dos caminhoneiros.
No comunicado, Aramicy Pinto defende a retomada das discussões sobre a reforma tributária e a discussão em torno da redução dos encargos fiscais no país. “Uma grande luta da FBH é por uma reforma tributária que diminua e simplifique os encargos fiscais absurdos que pesam sobre qualquer setor produtivo nesse país, especialmente o da saúde.”
A paralisação dos caminhoneiros começou na segunda-feira da semana passada (21), contra os seguidos aumentos do preço do diesel. O movimento fez bloqueios em estradas e teve impacto no abastecimento de combustível e alimentos em regiões do país. As principais reivindicações da categoria são: redução de impostos sobre o preço do óleo diesel, como PIS/Cofins e ICMS, e o fim da cobrança de pedágios dos caminhões que trafegam vazios nas rodovias federais concedidas à iniciativa privada.
Embora a categoria tenha se comprometido com o governo federal de permitir a circulação de veículos com cargas vivas e medicamentos e insumos hospitalares, caminhões com essas cargas especiais chegaram a ficar parados nas rodovias. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal, por exempo, adiou cirurgias, exames e atendimentos não urgentes no período da paralisação, pois houve relatos de falta de oxigênio e material para hemodiálise no DF.
Diálise
A Sociedade Brasileira de Nefrologia alertou que a falta de insumos está afetando pacientes que precisam de diálise. Atualmente, cerca de 126 mil brasileiros têm doença renal crônica e fazem tratamento em 758 clínicas ativas.
A entidade recomenda que as clínicas de diálise em situação de emergência, sem estoque, carga presa e sem transporte preencham formulário no site da entidade na internet. As informações serão repassadas para o Ministério da Saúde.
A presidente em exercício da SBN, Cinthia Kruger Vieira, informou que clínicas em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul tiveram que pedir insumos emprestados para atender os pacientes. Em outros locais, o material é suficiente somente para hoje (29). A principal fornecedora de insumos para diálise no Brasil, a empresa Fresenius Medical Care, informou que até quinta-feira (31) precisa entregar mais de 2 mil toneladas de produtos para abastecer clínicas e hospitais. Segundo a companhia, a matéria-prima está presa nos bloqueios das estradas. O mesmo ocorre com caminhões vazios que precisam retornar à fábrica para serem reabastecidos.