Diabetes e doenças cardíacas estão entre as principais enfermidades relacionadas à depressão
“A depressão é má companhia”, enfatiza a psiquiatra Luciana Sarin, do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Isso porque ela piora a evolução de condições crônicas como diabetes, hipertensão e doença arterial coronariana. Para evitar essa relação perigosa é preciso que o paciente tenha um bom acompanhamento médico e siga à risca as recomendações deste profissional.
O diabetes e as doenças cardíacas estão entre as principais enfermidades relacionadas à depressão. “É uma via de mão dupla: a depressão pode exacerbar o diabetes e as doenças cardiovasculares, pois favorece comportamentos como dieta inadequada, sedentarismo, tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, entre outros”, explica a psiquiatra.
Estudos ainda apontam que pacientes com depressão têm três vezes menos chances de aderir a tratamento médico do que pessoas que não sofrem da doença. Nestes casos, um psiquiatra pode evitar que o círculo se torne vicioso. “O tratamento adequado da depressão, seja com medicamentos e/ou psicoterapia, é fundamental”, destaca Luciana Sarin. “Não basta a melhora parcial do quadro depressivo, mas sim a recuperação completa da funcionalidade do paciente”, ressalta. Isso significa atingir a remissão, ou seja, fazer com que o paciente deixe de apresentar todos os sintomas da depressão, entre eles a tristeza prolongada, desinteresse por atividades antes prazerosas, dificuldade de concentração e no relacionamento com familiares e amigos, distúrbios de sono, perda de libido, entre outros.
Nos pacientes que apresentam outras doenças além da depressão, há ainda outro fator a ser avaliado: “é preciso observar se o perfil farmacológico da medicação não entra em conflito com a doença do paciente. Por exemplo, se ele tiver diabetes, não podemos utilizar um medicamento que favoreça o ganho de peso”, aponta a especialista. Outro desafio em relação ao tratamento existe quando há a combinação de depressão e ansiedade. Transtornos de ansiedade, como TOC e pânico, que também costumam se manifestar em pacientes depressivos, aumentam a severidade do episódio depressivo e ainda podem retardar o tempo de melhora do quadro. Nestes casos, a gravidade da doença é maior, a resposta ao antidepressivo pode ser dificultada e os pacientes podem apresentar mais eventos adversos. Assim, além de um acompanhamento médico, o apoio de familiares e amigos também é muito importante. Mas para isso, é preciso saber ajudar.
O PAPEL DE FAMILIARES E AMIGOS: COMO AJUDAR
- Oferecer ajuda ao amigo ou familiar com depressão a encontrar um médico (psiquiatra)
- Dar apoio emocional e contribuir com a realização de alguma tarefa
- Tomar nota dos sintomas, progressão e efeitos colaterais do tratamento e se certificar de que o médico receba essas informações
- Incentivar atitudes rotineiras que podem contribuir para uma vida mais saudável da pessoa com depressão
- Estabelecer horários fixos para dormir e acordar diariamente
- Alimentar-se de maneira saudável
- Praticar atividade física regularmente
- Evitar álcool e cigarro
- Manter o tratamento conforme indicação do médico e não faltar às consultas psiquiátricas
- Retomar uma atividade antes agradável (esporte, jardinagem, leitura, etc.)