Atingindo cerca de 1% da população, a esquizofrenia é uma doença mental crônica
ainda pouco conhecida e sujeita a muita desinformação. De acordo com a Organização
Mundial da Saúde (OMS), ela está entre as dez principais causas de incapacitação em
todo o mundo, principalmente por ser grave e acometer uma parcela significativa da
população em idade produtiva. Além dos sintomas que afetam o comportamento e a
capacidade para o trabalho, a esquizofrenia também é caracterizada por achados
compatíveis com um processo de envelhecimento acelerado.
Estima-se que a expectativa de vida nesta população seja de cerca de 20 anos a menos que a da
população em geral. No entanto, sabe-se que o tratamento precoce e contínuo da
esquizofrenia pode desacelerar esse processo de envelhecimento. Para isto, é muito
importante que as famílias estejam atentas a possíveis sintomas, vençam o preconceito
e estigma que cercam a doença e procurem ajuda especializada.
De forma inovadora, um estudo realizado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre
(HCPA) mostrou que a evolução da esquizofrenia colabora para o processo de
envelhecimento precoce. Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores avaliaram os
achados biológicos, cerebrais e de testes cognitivos de 112 voluntários. O estudo reforça
que o tratamento continuado, desde o início da doença, pode prevenir ou desacelerar a
evolução para um processo demencial.
“Muitos problemas mentais passam despercebidos ou são estigmatizados pelas
famílias. Como a esquizofrenia geralmente se manifesta na adolescência, as mudanças
de comportamento podem parecer algo natural dessa fase da vida. Por isso é muito
importante que a família esteja atenta a problemas escolares e de relacionamento ou a
sintomas como delírios e alucinações. À medida que evolui, a doença se torna muito
incapacitante e o tratamento, quando iniciado na adolescência, tem melhores
resultados”, afirma Clarissa Severino Gama, professora do Serviço de Psiquiatria do
Hospital de Clínicas. De acordo com a pesquisadora, o manejo da esquizofrenia visa o controle dos sintomas
e a reintegração do paciente na sociedade, já que a doença não tem cura.