O desmatamento da Amazônia está beirando os 17% de sua vegetação, e o limite para o abismo climático seria de 20%, segundo pesquisa da Fundação das Nações Unidas publicada na revista Science Advances. A região retratada produz cerca de metade das chuvas que alimentam o ciclo da água na Terra, e para preservar essa área dentro de sua capacidade regenerativa, fatores como o desflorestamento devem ser reduzidos.
A madeira biossintética (MBS) é uma solução para o problema, já que substitui a natural na indústria, no comércio e em residências, e evita, assim, o desmatamento. Buscando investir em projetos sustentáveis, a Associação Nacional dos Inventores apostou na iniciativa e fechou uma parceria com a EKT Global, que produz máquinas desenvolvedoras do produto.
O principal material da madeira biossintética, o Composto Biossintético Industrial (CBS), é proveniente de qualquer detrito, de embalagem plástica a lixo de banheiro. “A possibilidade de utilizar um recurso que já havia sido desprezado é o ponto-chave do negócio; temos que mudar nossa concepção de lixo, porque ele nada mais é do que uma sobra mal destinada. É uma questão de encontrar a finalidade mais adequada para cada matéria”, comenta Helmut Johan, diretor da EKT.
Segundo relatório das Nações Unidas, o Brasil é o maior produtor de dejetos na América Latina: são quase 80 milhões de resíduos sólidos por ano e apenas 3% desse montante é reciclado.
Como solução para esse cenário, a madeira biossintética substitui a tradicional, além de ser um material sustentável, duradouro e com apelo estético. “O desflorestamento é uma atividade enraizada na história do Brasil, e nós buscamos alternativas que solucionem essa problemática. A MBS é um produto que pode suprir, sem prejuízo, a forma convencional e reduzir o extrativismo”, afirma Johan. Desse modo, o produto evita o desmatamento, que é um dos fatores responsáveis pelo aquecimento global.
Com base nos estudos feitos pela EKT, os índices anuais brasileiros de preservação florestal seriam extremamente expressivos se o uso da MBS fosse efetivo. Um total de 22% das árvores derrubadas na Amazônia estariam protegidas, o que equivale a 50 milhões de metros cúbicos de madeira biossintética e 11 milhões de habitações com sessenta metros quadrados.
Para Lucas Fontes, gerente de projetos da EKT Global, a parceria com a Associação Nacional dos Inventores é um fator importante para esses indicativos se tornarem realidade. “É uma excelente possibilidade de se vincular a empresas e profissionais que possam colaborar com nosso desenvolvimento sustentável. Validaremos pesquisas e tecnologias”.
Para reduzir os impactos gerados pela extração de recursos naturais e deixar claro qual o papel de cada ser vivo dentro do ecossistema, a conjuntura dessas empresas visa tornar essa missão um pouco menos desafiadora. “Sempre tivemos uma ênfase especial para projetos de sustentabilidade.
Essa é uma iniciativa audaciosa e sabemos que vários inventores pensam nisso, gostamos de apoiar esse tipo de empreendimento”, diz o presidente da ANI, Carlos Mazzei, cujo objetivo com essa parceria é localizar investidores a fim de expandir as usinas de produção de madeira biossintética. Já existem células na Argentina e nos Estados Unidos.