Por que a fome é tão irresistível?
De acordo com a nutricionista Sinara Menezes, a resposta para essa pergunta tem tanto razões físicas quanto emocionais “O mecanismo da fome é um dos sistemas mais complexos e eficazes do organismo, pois, além de estar ligado à sensação de satisfação, está envolvido na própria preservação da vida. Para nosso corpo, comer e armazenar gordura são formas de garantir energia para manutenção das suas atividades vitais.” E para alertar qualquer “baixa” nesse estoque, nosso corpo conta com agentes específicos, responsáveis por fazer a comunicação entre o cérebro e o sistema digestivo: os hormônios.
A insulina, por exemplo, é um hormônio produzido pelo pâncreas que tem a função de carregar a glicose liberada pelos carboidratos para dentro das células, afim de que o corpo a utilize como combustível. Quando a secreção desse hormônio ocorre de forma normal, o corpo mantém o nível de glicose, ou seja, de energia, estável e não precisa “acionar” a fome. Porém, algumas situações colocam esse balanço em cheque “Quando seguimos uma dieta desequilibrada, rica em açúcares e carboidratos refinados, o corpo precisa liberar muita insulina de uma vez para dar conta de tanta glicose. Acontece que logo após esse pico, ocorre uma queda brusca na glicemia, fazendo com que o organismo entenda que a energia está em baixa. É exatamente por isso que voltamos a sentir fome mesmo após uma re feição calórica como uma macarronada, doces ou um fast food. Por mais que pesem no estômago, esses alimentos são rapidamente absorvidos pelo organismo, provocam uma gangorra na glicemia e propiciam a fome recorrente”– explica a profissional da Nature Center.
Outra situação que pode resultar no descontrole do apetite é a desequilíbrio da grelina e da leptina, os hormônios da fome e saciedade, respectivamente. A grelina é a principal responsável por alertar o esvaziamento do estômago, sendo que, quanto mais tempo uma pessoa ficar sem alimentar, maior será sua produção e, consequentemente, a sensação de fome. Por outro lado, a leptina exerce justamente o papel contrário, suprimindo o apetite e aumentando a queima calórica. Numa situação ideal, o corpo vai produzindo leptina a partir das suas reservas, sinalizando que não precisa mais “comer”, pois seus níveis energéticos são suficientes.
Driblando a fome exacerbada
Não é a toa que se manter firma na dieta não é uma tarefa fácil! Porém, a culpa não é só do organismo: de acordo com a nutricionista, o grande problema é que a maioria das pessoas aposta no radicalismo e não na reeducação alimentar “Nem sempre é preciso reduzir drasticamente a quantidade de alimentos ingeridos ou ficar longos períodos de jejum. A melhor aposta é fazer substituições estratégicas, apostando na qualidade do que entra no cardápio. Além disso, alimentos funcionais são grande aliados nessa hora, alguns deles são capazes, inclusive, de manter a glicemia estável e retardar o esvaziamento gástrico, proporcionando assim um controle melhor do apetite”.
Muita fibra!
Uma das maneiras mais eficazes de reduzir a fome é apostar em alimentos ricos em fibras solúveis: além de exigirem um trabalho maior do sistema digestivo devido sua complexidade, esses elementos são capazes de formar uma espécie de gel no estomago, aumento seu “volume” e, portanto, a saciedade. Essa sensação de “estômago cheio” ajuda na diminuição da grelina – o hormônio da fome, pois sua produção cai, justamente, quando o alimento “toca” a parede estomacal. Outra grande vantagem é que as fibras não são totalmente digeridas pelo organismo e, ao atravessar o aparelho gastrointestinal, carregam consigo parte da gordura dos alimentos, reduzindo sua absorção. “Dentre os funcionais, o agar agar é um tipo de alga composta quase que totalmente por fibras solúveis (mais de 90%) , propriedade que além de melhorar o transito intestinal, faz com que se uma pequena quantidade ingerida seja suficiente para driblar a sensação de fome”.
Aposte nas proteínas
Proteínas, sobretudo de fonte animal, são muito conhecidas na dieta de atletas. Isso porque, além de serem responsáveis pela formação dos músculos, auxiliam na saciedade. Além de serem digeridas de forma mais lenta, são fontes de aminoácidos, pequenos compostos que, no organismo, tem o papel de formar os tecidos. E embora esta seja sua principal função, alguns aminoácidos, em especial, podem ajudar significativamente no emagrecimento. “A fenilalanina ajuda a suprimir o apetite, pois estimula a produção de substâncias como a dopamina, norepinefrina e colecistocinina, todos relacionados ao controle da fome. O triptofano reduz a ansiedade e é precursor da serotonina, substância que, quando em falta, propicia o descontrole alimentar.“
De acordo com Sinara, a lista de benefícios da ingestão de aminoácidos para quem deseja perder peso é extensa, porém, isso não significa que aqueles que não gostam de comer carnes devam encarar um prato cheio do alimento em prol da dieta “A spirulina é uma microalga que possui praticamente todos os aminoácidos, essenciais e não essenciais. Uma pequena quantidade deste funcional já confere uma porção elevada de proteínas e fibras, ajudando tanto na saciedade quanto na recuperação muscular.”
Sede ou fome?
Preservar o tônus muscular e combater a flacidez também é uma preocupação daqueles que estão no processo de emagrecimento. Nesse momento, existem alimentos que podem tanto ajudar a saciar o apetite quanto manter a elasticidade da pele, evitando as temidas estrias. Já não é novidade nenhuma que o Colágeno é um nutriente famoso por seu poder de preservar a saúde da pele. Mas você sabia que ele também ajuda a controlar a fome? Ao entrar em contato com a água, a proteína se expande, ocupando mais espaço no estômago.