Um estudo desenvolvido no Campus Sorocaba da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) analisou os impactos econômicos de uma possível reorientação do fluxo de transporte de cargas nos portos brasileiros – hoje concentrado nas regiões Sul e Sudeste – rumo aos portos do Norte. “Através de uma análise dos preços dos fretes e do volume de exportação da soja do Centro-Oeste para os portos do Norte, Sul e Sudeste do Brasil, foi possível estabelecer ganhos de eficiência, com o intuito de identificar os efeitos diretos e indiretos dessa possível reorientação via Norte”, explica o autor da pesquisa, Carlos Eduardo Espinel, que concluiu o curso de graduação em Ciências Econômicas na UFSCar.
O trabalho de Espinel, intitulado “A reorientação do fluxo de transporte rumo ao Norte do Brasil”, foi destaque do XXIII Prêmio do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP). A premiação ocorreu na cidade de São Paulo, no dia 13 de agosto, data em que se comemora o Dia do Economista.
Os resultados da pesquisa indicaram que existem ganhos provocados por um possível redirecionamento do fluxo de transporte. “Contudo, via de regra, esses fluxos são concentradores de renda e condensados na região Centro-Oeste. Sendo assim, os ganhos de competitividade obtidos por essa região se dão em detrimento das demais regiões do Brasil”, afirma Espinel.
A análise do economista foi realizada por meio do chamado Modelo de Equilíbrio Geral Computável (EGC) e focou o caso do transporte da soja. Mas, segundo ele, o insumo “transporte” é apenas um entre os diversos insumos – como matérias-primas, equipamentos, capital, trabalho humano etc. – utilizados na produção de soja. “A alternativa de escoar o fluxo de transporte rumo ao Norte, portanto, provou-se eficaz, mas não suficiente para sanar o déficit logístico que desafia o desempenho do agronegócio brasileiro, sendo necessário aliar essa reorientação a outras medidas que acarretem maior dinamismo para o País”, afirma o pesquisador.
Premiação
O XXIII Prêmio de Excelência em Economia contemplou Carlos Eduardo Espinel em segundo lugar na categoria “Autor de Monografia”. O Departamento de Economia (DEc-So) da UFSCar escolhe a melhor monografia do ano e envia para o Corecon-SP que, por sua vez, monta uma comissão com professores de diversas escolas de Economia do Estado para escolher os três melhores.
Segundo Espinel, o interesse no tema surgiu ao cursar a disciplina de Economia Agrícola, ministrada pelo professor Eduardo Rodrigues de Castro, do DEc-So, que também foi orientador da pesquisa. “Durante as aulas, percebi a relevância e a dimensão do problema que o nosso país enfrenta. Quando chegou o momento de realizar a monografia, não tive dúvidas sobre qual tema escolher para pesquisar”, lembra ele.
Entre os desafios para desenvolver o estudo, o autor destaca a carência de dados para as análises e, também, a utilização do Modelo de EGC. “Com o apoio do DEc-So, participei, na Universidade Federal de Goiás, de um minicurso sobre esse modelo e, para aplicá-lo, contei com a coorientação do professor Angelo Costa Gurgel, da Fundação Getúlio Vargas”, conta Espinel. Mais informações sobre a premiação podem ser acessadas no site do Corecon-SP (https://bit.ly/2w4d9z8).