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Cenário brasileiro de investimento corporativo está aquecido e vai crescer

O britânico James Mawson, da Global Corporate Venturing, está olhando para o mercado brasileiro há quase cinco anos e detecta uma forte expansão no ecossistema de investimento corporativo do país. Entre os exemplos que ilustram o aquecimento dessa cena estão a expansão do empreendedorismo corporativo (corporate venturing) e a multiplicação de startups nos mais variados setores da economia.

Mawson é um dos parceiros do Corporate Venture in Brasil, evento realizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para aproximar empresas, startups, soluções, fundos e investidores, que acontece no hotel Intercontinental, em São Paulo, até amanhã. O especialista aponta que as grandes empresas estão investindo e ampliando sua participação no contato com startups: um salto de 363 empresas em 2011 para mais de 1800 em 2017.

Neste ano, apenas no primeiro semestre, mais de US$ 85 bilhões em investimentos corporativos foram registrados no mundo e o momento é ótimo também para o Brasil se consolidar na cena de tecnologia e inovação. “No Brasil, valores de investimento corporativo em pequenas empresas superaram US$ 640 milhões, bem mais que o valor de 2017, quando foram registrados US$ 360 milhões. A lista de grandes investidores no Brasil inclui empresas como Qualcomm, Naspers, SoftBank, Cisco, BASF, Tigre, entre outros.

Gerente de Investimentos da Apex-Brasil, Ricardo Santana destaca que, independentemente do desafio que temos, uma coisa é certa: o Brasil ainda é o quarto principal destino de investimentos no mundo. “As multinacionais aqui instaladas estão expandindo seus investimentos, e isso é particularmente importante porque cerca de 60% do que se investe no mundo tratam-se de reinvestimento. Independentemente de quem será o nosso lider, nossa pauta de investimentos esta consolidada. É uma agenda contínua e forte”, reforça.

Diretor Administrativo do Sillicon Valley Bank, Erik Peña avalia que o Brasil tem uma economia inovadora e um mercado consumidor enorme, o que gera grande interesse por parte d mercado internacional. “Os modelos de negócios que vemos aqui, sem dúvida alguma, vão se espalhar pelo mundo, inclusive os Estados Unidos”, aposta ele.

Para o gerente do Departamento de Venture Capital e Private Equity Funds do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), quando grandes empresas apoiam startups, os resultados e indicadores de mercados melhoram para ambas as empresas, que ganham em agilidade, inovação, diversificação e fortalecimento de suas atuações no mercado.

Entre os exemplos bem-sucedidos no Brasil, está a Embraer, que entrou no campo de corporate venturing em 2013. Atualmente, segundo Peter Seifert, responsável pelo investimento corporativo da companhia, a Embraer tem, hoje , US$135 milhões comprometidos em quatro fundos (valor quase 3x superior ao que possuía em 2014). Entre os setores aquecidos no Brasil no tocante a investimentos corporativos, está o da construção civil. A Tigre, por exemplo, adquiriu recentemente uma startup e criou um braço de atuação em tratamento de água e efluentes.

Mas, segundo Bruno Loreto, co-fundador e responsável pela operação da Constru Tech Ventures, a construção é um setor muito tradicional e, de certa forma, arcaico no uso de novas tecnologias. Ele relata que um dos principais desafios é convencer os clientes (internos e externos) não apenas a estarem abertos para novas soluções como até mesmo não usar a capacidade interna de pesquisa e desenvolvimento para obter todas as soluções necessárias para os negócios da empresa. “O mercado brasileiro tem crescido muito nos últimos dois anos e é uma cena efervescente. Os próximos dois anos devem ser de consolidação de parcerias e startups, além da estruturação de fundos de investimentos para o setor. Esse movimento já aconteceu em outros países e a maturação vai acontecer aqui também, inclusive com a entrada de players de outros setores nessa cadeia de construtech”, avalia.

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