Enfermeira neonatologista explica os benefícios da amamentação

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno exclusivo nos seis primeiros meses de vida do bebê para o bom desenvolvimento biológico e imunológico da criança. Além disso, aumenta os laços afetivos entre mãe e filho, contribuindo positivamente no desenvolvimento emocional e social do bebê.

“Podemos perceber também o impacto da prática do aleitamento materno na saúde do adulto, quando reduz muitas das morbidades que hoje temos como problema de saúde pública, como hipertensão, diabetes e obesidade. A forma como nos alimentamos na primeira infância tem repercussão nos indicadores de saúde quando adultos”, explica a enfermeira Nayale Lucinda, professora da pós-graduação de enfermagem em neonatologia e pediatria intensiva do Instituto de Desenvolvimento Educacional (IDE).

Com o passar dos meses, algumas mães começam a se preocupar com a hidratação das crianças e ficam em dúvida se podem passar a dar água aos seus filhos entre uma mamada e outra. Segundo a especialista, isso não é necessário, pois o leite humano é produzido de acordo com a necessidade do bebê. Caso o ambiente seja mais quente, ele virá mais rico em água e em locais mais frios, terá mais gordura. “O leite materno sempre estará pronto e adequado, de acordo com cada necessidade de cada criança”, completa a enfermeira.

Há uma compreensão de que algumas mulheres têm pouco leite, mas esses casos são raros e geralmente por algo associado. De modo geral, as mães possuem leite, sim. Para que haja uma produção contínua do leite, é essencial que haja uma boa sucção do bebê e que a mãe tenha o apoio do companheiro e toda a família neste processo. “Não é um momento fácil para muitas mulheres, é uma fase de transição, quando ela precisa de descanso, tranquilidade e compreensão”, conta.

Existem casos em que mulheres deixam de amamentar por uma decisão delas, sendo muito importante compreender, apoiar e ajudar com informações fidedignas, mostrando os benefícios da amamentação e conversando sobre as dificuldades que elas enfrentam. “Para muitas mulheres, a amamentação não é fácil e elas precisam ser compreendidas e acolhidas. Também precisam ser respeitadas em suas decisões, sendo assim, informações e partilhas quanto à vivência da amamentação podem colaborar numa decisão consciente e, geralmente, numa decisão de amamentar seu bebê. Portanto, o esclarecimento é fundamental para qualquer mulher”, esclarece.

Durante a amamentação, é importante que a mãe tenha uma alimentação variada e se mantenha saudável. Geralmente não é preciso fazer nenhuma restrição ou dieta específica, pois até o momento não há comprovações de alimentos que estimulem ou prejudiquem a produção de leite. Segundo a especialista, a mudança na dieta é feita apenas em casos em que a criança desenvolve alguma intolerância à lactose ou alergia à proteína do leite de vaca, dentre outras patologias específicas, devendo ser feito com acompanhamento do nutricionista e do médico.

Segundo Lucinda, não é preciso se preocupar com o tempo entre uma mamada e outra. A orientação que a enfermeira traz é do Ministério da Saúde e da OMS, que é a livre demanda, então não existe isso de horário de aleitamento não. “Bebê acordou e está com vontade de mamar, vai mamar. Depende muito de criança para criança e com o tempo a mãe vai percebendo que nem todo choro é fome, muitas vezes é necessidade de colo”, ressalta.

PREPARAÇÃO – Ainda na gravidez, surgem muitas dúvidas com relação a preparação dos seios para quando chegar a hora de amamentar. Então, algumas mães buscam auxílio de produtos ou terapias que prometem preparar melhor as mamas para isso. “Não é necessário se preocupar com isso. No máximo banho de sol nos seios, mas não precisa preparar o peito ou fazer uso de sutiã diferente, colocar bombinha ou concha. Nenhuma dessas alternativas recomendamos, pois acabam sendo dificultadores da amamentação”, alerta.

Para as mamães de primeira viagem, a enfermeira orienta buscar sempre informações em locais confiáveis e que partilhem informações baseadas em evidências científicas. “Procure relatos de mães, rodas de apoio, onde são compartilhadas histórias de outras mães que podem estar ajudando. Porque não existe um manual ou nada pronto, cada mulher vai desenvolvendo o seu jeito de cuidar e amamentar o seu filho. Além disso, orientações de profissionais capacitados e equipe profissional de bancos de leite humano podem ajudar muito”, comenta.

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