FIC18 pautou Inteligência Artificial em Porto Alegre
O Festival de Interatividade e Comunicação – FIC18, realizado nos dias 29 e 30 de outubro, em Porto Alegre, proporcionou dois dias de aprendizado nas soluções e estudos sobre o que já é realidade na Inteligência Artificial, unindo academia e mundo dos negócios. Foram mais de 1600 participantes, 30 palestras, 3 workshops e uma maratona de desenvolvimento de aplicações. Empresas como Google, Bradesco, AWS, SAP, Accenture e Amaro mostraram como estão utilizando a IA a favor de seus negócios e nomes da academia trouxeram a evolução das pesquisas nessa área de estudo.
Melissa Lesnovski, curadora do FIC18, destacou que pela primeira vez um evento desse porte discutiu IA no RS. Segundo ela, a grande qualidade e diversidade dos convidados foi muito saudada pelos participantes. “Tivemos questões técnicas, humanas, culturais e éticas e alguns palestrantes nos pegaram pela mão e fizeram um passeio pela história da IA. Começamos com palestras da Kunumi e Giordano Cabral, que abriram o evento com maestria; o case da Amaro, que mostrou o resultado de IA na prática; do Bradesco, com detalhes da experiência da assistente virtual Bia. E, ao mesmo tempo que foi o maior evento que já fizemos, as pessoas se sentiram muito próximas das empresas. Algo nessa receita funcionou muito bem”, avaliou Melissa.
Para Tatiane Mizetti, vice-presidente ABRADI-RS, fazer o FIC18 foi um desafio que surpreendeu, pois apesar das dificuldades de conjuntura, o evento teve 30% de aumento do público. “Destaco ainda a entrada do Grupo Austral e Unisinos, que fortaleceram o projeto. E o que mais me marcou foi o feedback das empresas que vieram palestrar, impressionadas com a qualidade do debate e a imersão profunda no tema de IA. Isso vindo de profissionais do eixo RJ e SP, que saíram daqui levando referências do estado”, comenta.
Vinicius Garcia, sócio do Grupo Austral, destacou a mudança do formato de gestão de negócio do FIC18 este ano. “Entendo que esse é o caminho de parcerias entre entidades e iniciativa privada. Foi um desafio fazer o evento em ano de copa e eleição, mas ficamos muito felizes com as novas parcerias conquistadas. E já plantamos as sementes para 2019 com novos patrocínios e leis de incentivo”, adiantou.
IA para solucionar problemas
Para Samir Oliveira, arquiteto de soluções AI da AWS, inteligência é a capacidade de resolver problemas complexos, e a inteligência artificial tem essa potencialidade maior do que tudo. Exemplo disso é o Amazon Go, um mercado sem funcionários que utiliza de tecnologia sensorial para identificar a compra e a conta é paga em débito automático. “Qual o problema que você se propõe a resolver? Não siga tendências, mas mantenha um ecossistema equilibrado com 3 itens: pessoas, processo e tecnologia”, alertou.
David Dias, diretor associado da Accenture, construiu um A a Z da AI e mostrou que ela está em todas as coisas: trânsito, brinquedos, assistentes, saúde, lazer, e muito mais. “A inteligência artificial é uma realidade, unindo tecnologia, reconhecimento de negócio, criatividade e vontade de fazer. Hoje é um diferencial, mas será uma necessidade”, afirmou.
As moedas digitais não ficarem de fora do FIC18. O mundo do dinheiro está mudando e moedas como o Bitcoin já movimentam R$193 bilhões por ano. Foi com essa premissa que Bruno Peroni, diretor de investimento da Atlas Quantum, elaborou sua fala. “As pessoas tem expectativa que este mercado cresça, pois é recente. Mas na verdade, já é gigante. É importante estar atento com a possibilidade de novos negócios”, ressaltou.
Robô Tinbot foi destaque da programação
A presença de Tinbot, o famoso robô com Inteligência artificial foi destaque do dia, encantando a todos contando piadas, dançando e interagindo com a plateia. Rogério de Souza, diretor de inovação da DB1 Global Software, empresa criadora, abordou diversas funções possíveis da IA e suas principais características, como interatividade e personalidade imprevisível e humanizada. “É uma vivência diferenciada para empresas e pessoas”. Mesmo com todos os benefícios da inteligência artificial, Rogério afirma: “A intenção não é fazer melhor ou igual ao um ser humano, e sim melhorar as situações da nossa realidade com performance e eficiência”. Ele deu exemplos de utilização do Tinbot pelas empresas como recepcionista de uma universidade, vendedor no varejo, membro de equipe que vai acompanhar e cobrar os prazos de trabalho, entre outras que o robozinho já desempenha.
A evolução das assistentes virtuais
“Cortana, Siri, Now, Surgeon: a inteligência artificial está no seu bolso.”, assim iniciou a palestra de Edilson Lima, líder de projeto do Banco Bradesco e um dos criadores da BIA, a assistente virtual que atende mais de 6 milhões de clientes. Para conhecer a BIA, é só pedir para o Google chamá-la, pois as duas empresas entraram em parceria. Além disso, Edilson afirma que a inteligência artificial não é boa somente para o cliente, mas também para a equipe: “Antagonizaram a IA, quando na verdade, ela só ajuda. Não tira empregos, apenas transforma. Tínhamos 300 pessoas na equipe antes da BIA e continuamos com as mesmas 300. Inteligência artificial se faz com conhecimento humano”.
Simone Kliass, locutora famosa por fazer a voz do Avast, Latam e outras propagandas, na companhia de seu marido também locutor Jason Bermingham, falaram sobre o impacto da voz no contexto da inteligência artificial. Para exemplificar a importância de estudos sobre voz, Simone citou o projeto “I give my sister a voice”, em que misturando a voz da irmã e traços da própria personalidade, uma menina teve a possibilidade de falar pela primeira vez. Stephen Hawking, por exemplo, tinha a possibilidade de escolher qualquer voz para ser a sua, mas escolheu a mesma até o final. “A voz mostra identidade, personalidade, trajetória, e precisa ser bem escolhida”.
Solução de Chatbot para saúde foi vencedor do FICLabs
Leandro Souza e Paulo Ricardo Kohn, da Initsoft, foram os vencedores do FIClabs, maratona de startups feita em parceria com a Procempa, no FIC18. A dupla de analistas de BI criou uma solução de Chatbot para informar e orientar as pessoas em relação à busca de medicamento nos postos de saúde do município de Porto Alegre. Leandro criou uma solução de Chatbot para informar e orientar as pessoas em relação à busca de medicamento nos postos de saúde do município. A solução utiliza a plataforma Watson Conversation, da IBM, na sua versão gratuita cruzadas com os dados da Prefeitura. “Nosso objetivo é melhorar o acesso da população aos medicamentos e às informações sobre a disponibilidade deles.”, explicou. O chatbot funcionaria a partir dos aplicativos de mensagem como whast app, Facebook Messenger e telegrama e indica desde a disponibilidade dos medicamentos até em qual posto ele está. O projeto foi criado especialmente para participar do FICLabs.
Em segundo lugar ficou Jardel Martins, da LotaData, que desenvolveu o aplicativo CityChat, um chatbot em que o usuário pode enviar solicitações e demandas técnicas pra prefeitura da sua cidade para relatar a existência de buracos nas ruas, postes sem luz, animais perdidos, poluição sonora, pixação, etc. “Cada usuário poderia acompanhar o progresso das suas demandas e também explorar outras solicitações na sua região através de um mapa. Por sua vez, os gestores poderiam fazer análises através de mapas, gráficos, estatísticas e filtros para analisar e compreender as demandas dos usuários”, explicou. A LotaData é uma empresa que utiliza Análise de Dados e Inteligência Artificial pra compreender o comportamento de usuários.
“Esse ano resolvemos incluir no evento um desafio, que em parceria com a Procempa acabou tomando forma como o FIC Labs. A ideia foi lançar uma competição para startups, voltada para aplicativos que resolvessem problemas da cidade e facilitassem a vida de seus munícipes. Das empresas escritas tivemos dois finalistas que apresentaram soluções criativas para as áreas da saúde e de infraestrutura. Foi uma experiência incrível receber os projetos e fazer essa entrega para a cidade de Porto Alegre”, avaliou Erick Formaggio, presidente da ABRADI-RS.