Engana-se quem imagina que os prejuízos gerados pela depressão estão relacionados apenas à saúde emocional ou às relações interpessoais. Considerada como o “mal do século XXI”, a depressão também potencializa uma série de problemas de saúde. “Além de estar entre os fatores de risco para diferentes cardiopatias, a depressão também figura entre os aspectos que mais contribuem com a piora dos prognósticos para pacientes que se recuperam de infarto e AVC, por exemplo”, revela o Dr. Pedro Rosa, psiquiatra do HCor.
O médico explica que, em um primeiro momento, isso ocorre porque indivíduos deprimidos costumam ter hábitos pouco saudáveis, como praticar pouca ou nenhuma atividade física, má alimentação e fazer uso excessivo de substâncias como álcool e nicotina. “Pacientes com depressão costumam apresentar uma falta de motivação tamanha que os impede de aderir corretamente a tratamentos medicamentosos. No caso de indivíduos depressivos, que já passaram por um infarto, este fator é justamente o que mais dificulta o processo de recuperação”, afirma o psiquiatra.
O inverso também acontece. Ou seja, pessoas que nunca tiveram depressão passam a conviver com o problema, assim que desenvolvem doenças cardiovasculares mais graves. E isso não se deve apenas aos temores e preocupações comuns em situações desse tipo. “Pesquisas recentes demonstram que fatores presentes em pacientes cardiopatas com quadros inflamatórios, alterações plaquetárias e excessos na produção de noradrenalina também podem desencadear distúrbios psiquiátricos ou neurológicos, entre os quais, a depressão”, explica Dr. Pedro Rosa.
A importância da família e dos profissionais da saúde:
O sinal mais evidente de uma depressão é caracterizado por sensações profundas de tristeza que não passam ou não diminuem com o tempo. “É fundamental que as famílias procurem ajuda de psicólogos e psiquiatras para o paciente. Isso porque diversas evidências médicas demonstram que a adoção de terapias de combate à depressão podem diminuir os riscos para o coração de maneira bastante significativa”, conclui o psiquiatra.
Problema emocional ou neurológico?
O neurologista clínico do HCor, Dr. Mauro Atra, explica que a doença está longe de ser uma situação apenas emocional, e que a depressão é uma doença do sistema nervoso central que se dá pela alteração química dos neurotransmissores. “Geralmente, o problema é tratado e acompanhado por psiquiatras, que têm mais experiências com distúrbios que afetam as emoções do paciente. Nos tratados de medicina, a depressão é designada com uma doença psiquiátrica. Porém, em teoria, também podemos considerá-la um problema neurológico, já que envolve estruturas cerebrais e neurotransmissores”, afirma o Dr. Atra, do HCor.
A atuação de neurologistas é importante para o auxílio de casos de depressão que evoluem a partir de quadros neurológicos como depressão pós-AVC. “Porém, mesmo nestes casos, a presença dos psiquiatras é muito importante. Uma vez que podem oferecer mais exatidão tanto no acompanhamento quanto no acerto de medicações específicas para o controle da doença”, conclui Dr. Atra.