Em momentos de férias é comum não saber o que fazer com o ócio dos filhos. A antiga rotina dos pequenos, de passarem a maior parte do dia na escola, dá lugar à energia acumulada e à falta de atividades suficientes para preencher o tempo vago. Essa situação dá oportunidade para o incentivo da criação de novos hábitos e formas de entretenimento, como o da leitura.
A mestre em Literatura Cristiane Mateus, editora de literatura da Editora Positivo, afirma que a leitura pode ser uma boa aliada e melhorar o convívio entre pais e filhos nesse período. Viajando ou ficando em casa, as crianças precisam se relacionar com o tempo de uma outra maneira. “Um bom livro pode transformar uma tarde ociosa em um momento memorável e de grandes aventuras”, afirma. Segundo ela, os livros também ajudam a conectar adultos e crianças de uma maneira especial. Uma dica importante é ler o livro que irá recomendar para os filhos. “Se os pais lerem o mesmo livro, essa experiência pode ser intensificada com conversas despretensiosas sobre a obra, aproximando ainda mais pais e filhos e promovendo boas horas em família”, explica.
Além disso, Cristiane alerta que escolher bons livros é fundamental, pois isso estimula a formação do hábito de leitura – um caminho que também desenvolve a imaginação, as emoções e sentimentos de forma prazerosa e significativa. “Além de ampliar os horizontes e o repertório do leitor, os livros são uma grande fonte de prazer, trazendo resultados e experiências surpreendentes para as crianças”, ressalta. Para fazer uma boa escolha, a editora explica que é recomendado relacionar a idade cronológica do leitor com sua maturidade e afinidades.
E para aqueles que ainda têm dúvidas sobre aproximar ou não as crianças dos livros nas férias, Cristiane cita algumas boas argumentações para fazê-lo: “a leitura ajuda a não perder o ritmo da aprendizagem; a leitura é uma boa opção para os dias chuvosos; a leitura pode desencadear boas conversas e novas brincadeiras em família; quem lê viaja sem sair de casa; quem lê acaba por descobrir bibliotecas – físicas ou virtuais –, que são excelentes programas culturais”. A crítica literária, escritora, professora e consultora da Editora Positivo para literatura, Marta Morais da Costa, também dá algumas dicas para o incentivo à leitura nas férias:
1 – Um bom mediador – “Mediadores de leitura que sejam carismáticos, amorosos, interessados e que compreendam o que seja a leitura, conheçam livros e queiram efetivamente estimular a formação de leitores, conseguem bons resultados”, diz Marta.
2 – Dar o exemplo – ler para as crianças e até mesmo presentear com livros. Ou seja, tornar o objeto algo natural e presente na vida dos pequenos. “Um livro não existe sem leitores: é apenas um objeto. A presença efetiva de um leitor adulto lendo para uma criança pode ser mais eficaz para formar leitores do que uma biblioteca de um milhão de volumes. Amigos leitores também são uma influência benéfica”, ressalta a especialista.
3 – Organizar um tempo para a leitura – individualmente ou em família – também é considerada uma boa estratégia para a formação de novos leitores, na visão de Marta. Sobretudo no início, visto que os apelos para não ler e aproveitar outros atrativos sociais e culturais são sempre muito fortes. “Não precisa trocar um show por um livro: basta organizar o tempo para ter os dois. Se passar o tempo todo nas redes sociais, não sobrará – é evidente – tempo para a leitura de livros”, argumenta.
4 – Respeitar o gosto da criança – Na ansiedade com que os filhos leiam somente aquilo que é considerado bom na visão dos pais, muitos adultos acabam afastando as crianças e, especialmente, os adolescentes da literatura. “A leitura dos clássicos enriquece, mas não pode substituir o interesse e o prazer específicos de cada idade. Ler o que meu pai lia pode ficar para quando eu tiver a idade de meu pai. Mesclar Harry Potter, por exemplo, com heróis adolescentes, como Anne Frank, como Axel de “A viagem ao centro da Terra”, pode ajudar a mostrar outras culturas, outros tempos, outras formas de escrever sobre coragem e aprendizagem juvenil”, reforça Marta.