Dívida global poderá gerar a próxima grande crise mundial?
O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou em abril do ano passado que a dívida global chegou a 225% do PIB mundial, confirmando que os esforços para limitar esse crescimento falharam. Será essa a origem da próxima crise financeira global?
A dívida global, com relação ao PIB, chegou a US$ 164 trilhões, um aumento de 12%, se comparado ao pico de 2009, ocasionado pelo aumento da dívida pública nos países desenvolvidos e do setor privado não financeiro nos emergentes. Enquanto os Estados Unidos são o emissor de um terço da dívida soberana global, seguidos do Japão com aproximadamente 20%, somente a China gerou cerca de três quartos do aumento da dívida privada, vendo sua participação aumentar de 3%, no início do milênio, para atuais 16%.
“Estamos especialmente preocupados com o alto nível de dívidas corporativas em muitos lugares e com a dívida de alto rendimento, em particular”, explica a dra. Marie Owens Thomsen, economista chefe do grupo Indosuez Wealth Management.
Ainda que certos economistas afirmem que a dívida corporativa possibilite o crescimento do país, a crise de 2008 comprova que quando a bolha finalmente estoura, a perda é maior do que o ganho anterior e impacta gravemente a saúde da economia mundial.
O perigo que isso pode impor ao sistema financeiro global está no fato de que com a dívida corporativa mais alta há um declínio na qualidade do crédito, um fato que se reflete na menor média de crédito. “Ademais, estamos preocupados com a alavancagem do mercado de empréstimos que tem crescido rapidamente, especialmente nos Estados Unidos. Se esse mercado falhar, pelo aumento da regulação ou outro motivo, forçaria as empresas nesse mercado a procurarem investimentos de alto rendimento, consequentemente piorando a média do crédito nesse mercado. Portanto, estamos de olho nos desenvolvimentos no mercado de empréstimos alavancados e o vemos como a fonte potencial da próxima crise”, acrescenta a dra. Owens Thomsen.
No que se refere à dívida pública, economistas costumam limitar-se a análise do lado do passivo e muito raramente prestam atenção aos ativos dos países e à renda dos governos. Parte da explicação para esta situação é que as contas nacionais não produzem balanços. O PIB de um país, por exemplo, é similar a declaração de renda de uma empresa.
A Nova Zelândia, muitas vezes pioneira em governança, é possivelmente o único país que estima ativos, passivos e patrimônio líquido de empresas, famílias e governo. Este pequeno país, que liderou estratégias para controlar a inflação, pode inspirar um movimento semelhante na questão do balanço patrimonial.
Como a dívida afeta a relação com investidores?
As economias desenvolvidas assumiram mais dívidas públicas, enquanto as economias emergentes viram um aumento na dívida privada. O Brasil acumula hoje um déficit de R$ 8,6 trilhões, somados os valores da dívida pública (R$ 5 trilhões) e corporativa (R$ 3,6 trilhões). A relação entre dívida bruta e PIB alcançou 84% em 2017. Segundo a projeção do (FMI), este percentual chegará a 96,3% em 2023, devendo se estabilizar nesse patamar elevado nos anos seguintes.
“Os países Investment Grade atraem mais investimentos, principalmente estrangeiro, por apresentarem uma trajetória mais sustentável e possuírem uma dívida bruta mais baixa”, afirma a estrategista do Banco Ouroinvest, Fernanda Consorte.
Em visita para uma série de palestras para executivos do mercado financeiro, Marie Owens Thomsen, é categórica: “Nossa recomendação é que prestem muita atenção à qualidade dos balanços patrimoniais e favoreçam os países e empresas que parecem estar administrando sua carga de dívida da melhor maneira possível e que possam mostrar algum crescimento de receita”.
De acordo com o professor de Economia da FEA-USP, Paulo Roberto Feldmann, o Brasil tem uma reserva internacional de 375 bilhões de dólares, investida em títulos do governo americano. No seu ponto de vista, “parte deste valor pode ser usado para honrar seus compromissos ou para investir na própria economia.”
Perspectivas para 2019
No último trimestre o PIB cresceu 1,3%, conferindo ao Brasil um tímido crescimento. Para Marie Owens Thomsen, economista-chefe global do Indosuez Wealth Management, ainda que o cenário brasileiro aparente ser favorável para uma retomada da economia, os resultados reais dependerão de o novo Governo conseguir aprovar as reformas necessárias para que o país reconquiste o nível de confiança das instituições financeiras e investidores.
“Não é sustentável que o Brasil queira oferecer à população um sistema previdenciário melhor que de países avaliados como AAA pelas agências internacionais”, acrescenta a dra. Owens Thomsen. “É um fato que o gasto deve estar alinhado para sua renda, tanto para o governo, quanto para as empresas e as famílias”, acrescenta.
Fernanda Consorte acrescenta que avançar com as reformas é crucial para o país não quebrar. “Não é factível aumentar a receita se já estamos entre os que pagam mais tributos no mundo. Além dos gastos discricionários, precisamos olhar para os gastos fixos e o mais urgente é o da previdência, que consome mais da metade do orçamento da União.”
Sobre a Indosuez Wealth Management.
Indosuez Wealth Management é a marca global de Gestão de Fortuna do grupo Crédit Agricole, classificado como 11º banco no mundo por seus fundos próprios de Categoria 1 (fonte: The Banker, julho de 2018).
Com mais de 140 anos de experiência no acompanhamento de famílias e de empreendedores no mundo inteiro, Indosuez Wealth Management propõe uma abordagem personalizada que permite a cada um dos seus clientes administrar, proteger e transmitir seu patrimônio o mais próximo possível de suas aspirações. Dotadas de uma visão global, suas equipes proporcionam consultoria especializada e serviço excepcional em uma ampla gama de serviços para a administração tanto do patrimônio privado como profissional.
Reconhecida por sua dimensão por sua vez humana e decididamente internacional, Indosuez Wealth Management conta com 2.700 colaboradores em 14 países do mundo: na Europa (França, Bélgica, Espanha, Itália, Luxemburgo, Mônaco e Suíça;), na região do Pacífico Asiático (Hong Kong, Singapura e Nova Caledônia), no Oriente Médio (Abu Dhabi, Dubai, Líbano), e nas Américas (Brasil, Miami, Uruguai).
Com 118 bilhões de euros em ativos sob sua gestão (em 31/12/2017), CA Indosuez Wealth (Group) figura entre os líderes mundiais de Gestão de Patrimônio.
Sobre a Indosuez Wealth Management.
A Indosuez Wealth Management opera na América do Norte através de sua sede em Miami e uma equipe de mais de 100 colaboradores altamente especializados. A Indosuez Wealth Management também possui forte presença local na América do Sul, com escritórios em Montevidéu, Rio de Janeiro e São Paulo.
Todas as equipes nas Américas combinam seu conhecimento de ambientes locais e regionais com a vasta experiência e oportunidades oferecidas pela rede global da Indosuez Wealth Management.