Já é consenso que dormir bem é importante não apenas para garantir mais qualidade de vida, mas também para evitar complicações de disfunções já existentes em nosso organismo. Diversos estudos já comprovaram que a falta de sono aumenta riscos em cardiopatas, causam danos cognitivos em pessoas já afetadas por doenças relacionadas a este tipo de perda, e piora crises em portadores de dor crônica.
De acordo com a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), quase 50% dos pacientes com o diagnóstico de dor crônica possui algum transtorno relacionado ao sono. Segundo Dr. Claudio Fernandes Corrêa, neurocirurgião mestre e doutor pela UNIFESP e especialista em dor pela Associação Médica Brasileira (AMB), “a dor, por si só, já dificulta o relaxamento adequado do indivíduo para o sono, aumentando quadros de estresse físico e emocional, e gerando um ciclo vicioso para gatilhos de crises dolorosas e insônia”.
Isso ocorre porque o sono tem um componente de ação para o equilíbrio do sistema neurológico e imunológico como um todo, com atuação sobre a liberação do hormônio cortisol, ligado às funções de controle de processos inflamatórios e estabilidade emocional, por exemplo.
Neste sentido, tratar a dor crônica é importante para obter a melhora da qualidade do sono. Mas para que este tratamento seja efetivo, se faz necessário a integração de terapias medicamentosas, físicas e mentais, trabalhando o equilíbrio do corpo e da mente. É onde fisiatras, fisioterapeutas, psicólogos e psiquiatrias se unem com neurologistas, reumatologistas e outros especialistas, somando orientações dentro de suas áreas e das necessidades individuais de cada paciente.
Quando todas as medidas convencionais não surtem efeito para o controle das crises de dor, o paciente ainda pode ser indicado para procedimentos cirúrgicos ablativos, neuroamentativos ou minimamente invasivos de acordo com a doença de base ou da região afetada pelo quadro de dor. Entre eles estão: implante de bombas de infusão com opioides ou cirurgia sobre fibras nervosas sensitivas da medula espinal para a redução da percepção da dor, realizada por meio de lesão/ablação por radiofrequência. “A partir deste arsenal de tratamentos é possível obter grande percentual de controle da dor, que colaboram para a regulação do sono dos pacientes e para o estabelecimento de um novo ciclo, agora de benefícios para o paciente”, conclui Dr. Claudio Corrêa.