Na última terça-feira (26), ocorreu na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) o primeiro simpósio do Centro de Inovação em Novas Energias (CINE). O evento, que reuniu pesquisadores e profissionais de diversas universidades e institutos, teve como foco a apresentação do progresso das atividades do Centro desde sua abertura no ano passado e a discussão em torno da necessidade do fomento à novas energias sustentáveis. A abertura do evento ficou à cargo do reitor da Unicamp, Prof. Marcelo Knobel.O diretor do CINE e professor da Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp, Rubens Maciel Filho, destacou que no futuro as energias solar e elétrica terão um grande aumento em sua produção, ultrapassando produções vindas do petróleo e de gases. “Em 2050, espera-se que a demanda por energia elétrica salte de 18% para 50%”, ressaltou o diretor. A energia solar será estudada em um dos quatro focos de atuação do CINE durante o projeto de Armazenamento Avançado de Energia e Portadores Densos de Energia com sede na Unicamp.
O fato do CINE estar sediado no Estado de São Paulo foi colocado como um diferencial para o seu desenvolvimento. “São Paulo chega a gastar até 29 vezes mais do que Minas Gerais em Pesquisa e Desenvolvimento”, ressaltou Euclides Mesquita, membro de Coordenação Adjunta da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que também justificou o investimento pelo alto número de pesquisadores no estado de São Paulo, que chega a 69.900 divididos em 151 institutos.
Notando a dianteira da região do estado de São Paulo nas pesquisas de novas energias, a Shell também se tornou parceria do CINE com aporte de RS 34,7 milhões de reais. Segundo Joep Huijsmans, líder da divisão de pesquisa e tecnologia de novas energias da Shell, além do investimento, a parceria é importante para a empresa que vem se mostrando comprometida com as mudanças climáticas e já mantém outros centros de pesquisa energética na Índia, China e Inglaterra. Para ele, a sociedade tem grandes desafios a serem implementados como o fim do desmatamento, a mudança das práticas de consumo e o maior uso de energia elétrica, o que carece mais pesquisas: “No futuro, as indústrias, prédios e transportes serão eletrizados e se estima que em 2100 cerca de 20% dos transportes já serão movidos à energia elétrica”.
Apesar de ter apenas 5 meses de pesquisa em desenvolvimento, o CINE já possui uma ampla agenda de atividades, sendo previstos para os próximos meses novos workshops, cursos e produção de artigos ligados ao tema. De acordo com a diretora de parcerias da Inova Unicamp, Iara Ferreira, novas energias são um dos focos de atenção da Universidade para o desenvolvimento de convênios de colaboração universidade-empresa. “Nós estamos focados em promover cada vez mais parcerias entre a Unicamp e o setor empresarial que tenham uma base de desenvolvimento sócio sustentável”, afirma a diretora.
Sobre o CINE
O Centro de Inovação Em Novas Energias é uma iniciativa da FAPESP, Shell Brasil, Unicamp, Universidade de São Paulo (USP) e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). O CINE receberá investimento de R$ 110 milhões em cinco anos, por meio do programa da FAPESP de Centros de Pesquisa em Engenharia.
O objetivo do projeto é desenvolver alternativas energéticas que possuam emissão zero de gases efeito estufa, além de outros dispositivos que sejam capazes de converter metano em produtos químicos, como as baterias de lítio e os supercapacitadores. O CINE tem quatro focos de pesquisa com sedes na Unicamp (Armazenamento Avançado de Energia e Portadores Densos de Energia), USP (Ciência de Materiais e Químicas Computacionais) e no Ipen (Rota Sustentável para a Conversão de Metano com Tecnologias Químicas Avançadas). Ao todo serão desenvolvidos 20 projetos.