Dia da Conscientização Mundial do Autismo

Dia 2 de abril é considerado o dia da Conscientização Mundial do Autismo, e o mês de abril também é dedicado à mesma causa. A conscientização em relação ao autismo, atualmente chamado Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) por abranger diferentes sintomas e características, é muito importante e vem crescendo nos últimos anos com um diagnóstico realizado mais precocemente, maior presença na mídia e na sociedade em geral, e leis de suporte à educação, por exemplo. Porém, eu daria um passo a mais e diria que esse ano de 2019 precisamos ter o dia da Aceitação do Autismo. Estamos cansados de ver crianças, jovens e adultos e suas famílias sem suporte adequado para o desenvolvimento de habilidades essenciais, ouvindo “nãos” de diversas escolas antes de achar um programa que ofereça a educação que faça com que o aluno atinja o máximo do seu potencial, e não tendo oportunidades no mercado de trabalho ou em nossas universidades. Aceitar a pessoa com TEA é fazer com que ele ou ela seja efetivamente parte da sociedade em todos os aspectos. Para isso, temos que abraçar as diferentes maneiras de ser, movimentar, falar, olhar, tocar, cheirar, e experienciar a vida que a pessoa com autismo traz consigo.

Para a ONU, a pauta do mês do autismo de 2019 é a promoção de tecnologia assistiva e a participação ativa. Tecnologia assistiva (TA) é todo recurso que possibilita ou amplia habilidades em pessoas com deficiência para sua autonomia e qualidade de vida. A participação ativa vem logo colada a essa ideia, pois, assim, muitas vezes, a tecnologia auxilia a participação da pessoa em sociedade e dá voz para que essa participação seja ativa. Uma das TAs que literalmente dá voz para pessoas com autismo é a Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA). Milhares de pessoas que têm um diagnóstico de autismo não desenvolvem, ou desenvolvem muito pouco a linguagem falada ou verbal. Porém, o nosso direito à comunicação é garantido por lei e diferentes recursos, incluindo tecnologia podem dar suporte para a comunicação, e por consequência participação ativa.

Aceitar a pessoa com autismo, é dar a possibilidade de sua participação ativa em sociedade oferecendo recursos para sua educação, enriquecimento de habilidades e relações sociais e de trabalho. Aceitar a pessoa com autismo é estar preparado como sociedade para abraçar as pessoas, inclusive todos com as necessidades mais complexas. Não ter o que falar, não é o mesmo do que não ter nada a dizer. E isso significa que aceitar é ouvir e dar espaço para participação ativa de pessoas com autismo em todos os âmbitos da sociedade.

Fernanda T. Orsati é doutora em Educação Especial pela Syracuse University e professora do curso de Pós-graduação em Psicopedagogia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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