Os pacientes que sofrem de arritmias complexas agora possuem uma nova esperança de tratamento. A equipe do Centro Internacional de Arritmias – Instituto J. Brugada, localizado no Hospital São Francisco da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre realizou nesta terça-feira (23/04) os primeiros procedimentos de crioablação no Rio Grande do Sul.
Na nova técnica, a ponta do cateter sofre um congelamento que varia entre -60ºC e -70ºC, sendo extremamente pontual no contato com o foco da arritmia sem afetar as estruturas nobres ao redor. A crioablação é utilizada principalmente para tratar a fibrilação atrial, um tipo de arritmia caracterizada por batimentos cardíacos irregulares, sendo a responsável por 25% de todas as causas de acidente vascular cerebral. Os sintomas da fibrilação atrial provocam uma perda da qualidade de vida, muitas vezes levando a um quadro de difícil tratamento clínico.
A ablação convencional continuará atendendo 90% das pessoas que possuem arritmia, sendo a crioablação destinada aos casos mais complexos e selecionados em que houve insucesso ou impossibilidade com outros métodos. “Existem situações que o procedimento não pode ir adiante através da ablação pois o aquecimento do cateter pode gerar a queimadura de estrutura nobres. A crioablação nos permite deflagrar o tratamento com a possibilidade de o risco ser bem menor nestes casos específicos. Pacientes que há anos buscam uma solução, que têm dificuldades de serem tratados devido a complexidade do caso, agora possuem essa possibilidade”, explica o cardiologista e coordenador do Centro de Arritmias da Santa Casa, Carlos Kalil.
A dentista Joana Severo foi a primeira paciente a passar pelo novo procedimento da Santa Casa. A causa da arritmia da jovem de 22 anos era uma doença congênita chamada Wolf Parkinson White. “Estava acompanhando minha mãe e minha vó em uma consulta e, por curiosidade, quis fazer o exame pois já havia sentido algumas palpitações. No mesmo instante fiz o eletrocardiograma e já foi constatado o problema. Tinha duas opções: a cirurgia ou o tratamento com remédios. Optei pela cirurgia pois queria a cura. Primeiro tentei a ablação, mas foi sem sucesso porque poderia gerar outras complicações. Iniciei o tratamento com remédios e, após algum tempo, surgiu a possibilidade da crioablação”, detalha Joana. Menos de 24 horas após a realização do procedimento, ela já recebeu alta. “Já caminhei pelo hospital, estou me sentindo muito bem, não apareceu mais nada no eletrocardiograma e posso voltar a fazer atividades físicas como os esportes radicais que eu gosto. Agora é vida normal”, comemora a jovem.