Novas orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicadas ontem (14) revelam que as pessoas podem reduzir o risco de desenvolver demência ao praticar exercícios regularmente, não consumir tabaco, evitar o uso nocivo de álcool, controlar seu peso, ter uma dieta saudável e manter níveis saudáveis de pressão arterial, colesterol e açúcar no sangue.
“Nos próximos 30 anos, o número de pessoas com demência deverá triplicar”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Precisamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para reduzir o risco de demência. As evidências científicas reunidas para estas orientações confirmam o que suspeitamos há algum tempo: o que é bom para nosso coração também é bom para nosso cérebro”.
As orientações fornecem uma base de conhecimento para profissionais de saúde aconselharem pacientes sobre o que eles podem fazer para ajudar a prevenir o declínio cognitivo e a demência. Elas também serão úteis para governos, formuladores de políticas e autoridades de planejamento para orientá-los no desenvolvimento de políticas e no planejamento de programas que incentivem estilos de vida saudáveis.
A redução dos fatores de risco para demência é uma das várias áreas de ação incluídas no plano de ação global da OMS para a resposta de saúde pública a essa condição. Outras áreas incluem: fortalecer os sistemas de informação para a demência; diagnóstico, tratamento e cuidados; apoiar os cuidadores de pessoas com demência; e pesquisa e inovação.
O Observatório Global de Demência da OMS, lançado em dezembro de 2017, é um compilado de informações sobre as atividades e recursos de países para a demência, como planos nacionais, iniciativas amigáveis às pessoas com demência, campanhas de conscientização e locais de atendimento. Dados de 21 países, incluindo Bangladesh, Chile, França, Japão, Jordânia e Togo já foram incluídos; ao todo, 80 países estão envolvidos no fornecimento de dados.
A criação de políticas e planos nacionais para a demência está entre as principais recomendações da OMS aos países em seus esforços para administrar esse desafio crescente de saúde. Durante 2018, o organismo internacional apoiou países como Bósnia e Herzegovina, Croácia, Catar, Eslovénia e Sri Lanka no desenvolvimento de uma resposta integral e multissetorial de saúde pública à demência.
Um elemento essencial de todo plano nacional para demência é o apoio aos cuidadores de pessoas com essa condição, afirmou Dévora Kestel, diretora do Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias da OMS. “Os cuidadores de pessoas com demência são muitas vezes membros da família que precisam fazer ajustes consideráveis em sua vida familiar e profissional para cuidar de seus entes queridos. É por isso que a OMS criou o iSupport, um programa de treinamento online que oferece a essas pessoas conselhos sobre o gerenciamento dos cuidados, como lidar com mudanças de comportamento e como cuidar de sua própria saúde”. O iSupport já está sendo utilizado em oito países, com expectativa de novas adesões.
Demência: um problema de saúde pública em rápido crescimento
A demência é uma condição caracterizada pela deterioração da função cognitiva, além do que se poderia esperar do envelhecimento natural. Afeta memória, pensamento, orientação, compreensão, cálculo, capacidade de aprendizagem, linguagem e julgamento. A demência resulta de uma variedade de doenças e lesões que afetam o cérebro, como Alzheimer ou acidente vascular cerebral.
A demência é um problema de saúde pública que cresce rapidamente e afeta cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo. Existem quase 10 milhões de novos casos por ano. É uma das principais causas de incapacidade e dependência entre pessoas idosas. Além disso, a condição inflige uma pesada carga econômica para as sociedades como um todo e estima-se que os custos de atendimento às pessoas com demência aumentem para US$ 2 trilhões por ano até 2030.