O fósforo é um elemento de origem mineral que foi descoberto no ano de 1669 pelo alquimista Henning Brand, durante seus experimentos na busca pela pedra filosofal. Amplamente distribuído na natureza, o fósforo é o segundo mineral mais abundante no corpo humano, com conteúdo total de cerca de 600 a 900g, o que equivale de 0,8 a 1,1% do peso corporal de um indivíduo adulto. Sua maior parte está concentrada nos ossos e dentes juntamente com o cálcio, e o restante distribui-se nos músculos e fluidos corporais.
Sendo um dos integrantes principais da membrana das células, o fósforo faz parte da formação dos chamados fosfolipídeos, que são responsáveis pela permeabilidade seletiva da membrana plasmática e essenciais para manutenção do equilíbrio celular. O elemento também atua no processo de fosforilação e ativação de enzimas, além de ser necessário para a produção de ATP (adenosina trifosfato) – composto encarregado de armazenar e fornecer energia para as atividades fisiológicas e metabólicas no organismo.
Ainda falando de suas numerosas funções, o fósforo atua no metabolismo de carboidratos, síntese proteica, processo de coagulação e oxigenação, equilíbrio ácido básico do sangue e é um dos constituintes indispensáveis na estrutura óssea e dental. Além disso, sob a forma de fosfato, é componente das moléculas de DNA e RNA.
A ingestão dietética recomendada corresponde a 700 mg/dia para adultos a partir de 19 anos de idade. Como o conteúdo de fósforo encontrado nas plantas e animais está bem acima das recomendações e sua absorção no trato gastrointestinal é bastante efetiva, a deficiência deste mineral é rara em indivíduos normais sob uma dieta geral. Apesar deste fato, alguns grupos podem estar mais suscetíveis a quadros de déficit do nutriente, como no caso de vegetarianos estritos, idosos, indivíduos com diabetes descompensada, hiperparatireoidismo, má absorção, situações de restrição alimentar, uso contínuo de antiácidos contendo magnésio e alumínio e nos casos de alcoolismo.
Nesse sentido, condições de hipofosfatemia crônica podem resultar no inadequado transporte de oxigênio aos tecidos e prejuízos na produção de ATP, diminuindo a contratilidade do coração, alterando a função de leucócitos e membrana plasmática. O aumento da mortalidade e maior tempo de internação hospitalar também têm sido associados a deficiência de fósforo. Os sintomas mais comuns nos estados de hipofosfatemia grave são fraqueza muscular, maior vulnerabilidade imunológica, disfunções motoras e sensação de formigamento.
Dentre as principais fontes alimentares do fósforo estão os alimentos de origem animal, como carnes, leites e derivados, ovos e vísceras. Cereais e leguminosas também são fontes do nutriente, entretanto, sua biodisponibilidade é significativamente menor nestes alimentos em função da presença de compostos antinutricionais. Por outro lado, alguns industrializados acrescentados de aditivos de fosfato, como no caso das bebidas gaseificadas, podem oferecer altas quantidades do mineral e inclusive, representar um aumento no risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e osteoporose, quando consumidos em excesso.
Por isso, é fundamental estar sempre atento aos aspectos qualitativos da nossa alimentação, dando preferência aos alimentos in natura e minimamente processados e buscando a composição de um cardápio equilibrado e variado. Além disso, conhecer a origem dos alimentos desde sua fase de cultivo é essencial para garantir a real disponibilidade de nutrientes, pensando na nutrição e qualidade da alimentação de modo integral.
A adubação do solo pelo uso de fertilizantes é uma ferramenta que fornece o fósforo necessário para a produção de alimentos com adequado balanço deste nutriente em nossa dieta. A adequada fertilização do solo permite ter alimentos mais nutritivos e, assim combater as deficiências nutricionais da população, garantindo melhor saúde e menos doenças.
• Valter Casarin é engenheiro agrônomo e diretor científico da iniciativa Nutrientes para a Vida (NPV) e Amanda Borghetti, acadêmica de Engenharia Agronômica na ESALQ/USP