O Brasil possui o maior sistema público de transplantes do mundo. Atualmente, cerca de 96% dos procedimentos são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em números absolutos, o Brasil é o segundo maior transplantador do mundo, atrás apenas dos EUA. Os pacientes recebem assistência integral e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante, pela rede pública de saúde.
O Hospital Dom Vicente Scherer, unidade de transplantes da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, é referência internacional na área e responsável por mais da metade dos procedimentos no Rio Grande do Sul. Em 2018 foram realizados 627 transplantes. O Hospital possui capacidade física e assistencial para realizar o dobro de procedimentos, mas esbarra na falta de doadores.
Panorama da doação de órgãos e fila de espera no Brasil
Em 2018, o Brasil registrou aumento no número de doadores, porém o índice de 2,4% ficou abaixo do esperado (5,5%). Um dos principais fatores que limita a doação de órgãos é a baixa taxa de autorização da família do doador. Atualmente, aproximadamente metade das famílias entrevistadas não concorda que sejam retirados os órgãos e tecidos do ente falecido para doação. Em muitos desses casos a pessoa poderia ter sido um potencial doador. A fila de pessoas que esperam a doação de algum órgão ou tecido supera 35 mil pessoas no Brasil.
A doação pode ser de órgãos (rim, fígado, coração, pâncreas e pulmão) ou de tecidos (córnea, pele, ossos, válvulas cardíacas, cartilagem, medula óssea e sangue de cordão umbilical). A doação de órgãos como o rim, parte do fígado, do pulmão e da medula óssea pode ser feita em vida.
Como ser doador:
A legislação brasileira não possibilita que alguém deixe registrado por escrito o desejo de ser doador e somente a família pode tomar essa decisão. Por isso, é essencial manifestar para a família sobre o desejo de ser doador e deixar claro que os familiares devem autorizar a doação de órgãos.
Existem dois tipos de doador:
– o primeiro é o doador vivo. Pode ser qualquer pessoa que concorde com a doação, desde que não prejudique a sua própria saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Quando não houver parentesco, a autorização precisa ser judicial;
– o segundo é o doador falecido. São pacientes com morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC. É neste caso que a família necessita autorizar a doação.
Fila de espera no Brasil: 32.796 pessoas
- Rim: 29.764
- Fígado: 1.831
- Rim e Pâncreas: 564
- Coração: 363
- Pulmão: 208
- Pâncreas: 60
- Intestino: 3
- Multivisceral: 3
Fila de espera no RS: 1.582 pessoas
- Rim: 1.276
- Fígado: 184
- Rim e Pâncreas: 5
- Coração: 15
- Pulmão: 97
- Pâncreas: 5
Fonte: Sistema Informatizado de Gerenciamento (SIG), gerenciado pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT)
Data da atualização: 14 de agosto de 2019