Compartilhamento de livros é aliado para fortalecer vínculos

Fortalecer os vínculos familiares é um dos objetivos que norteia o programa Conte Comigo, do Pacto Pelotas pela Paz. Na prática, os relatos dos participantes comprovam que os ganhos perpassam a consolidação das relações afetivas e do diálogo em casa. Prova é a repercussão da iniciativa nos lares das famílias que integram o grupo no Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil Canguru (CapsI).

De acordo com a enfermeira e facilitadora Daniela Cardoso, as mães e avós destacam a mudança dos filhos e netos no dia a dia, percebendo-os mais colaborativos, compreensivos, interessados nas atividades da escola e com empatia para lidar com o próximo. O programa é uma das apostas do Município para prevenir a violência na cidade e reduzir os indicadores criminais de Pelotas.

O Conte Comigo utiliza livros de imagens para despertar a curiosidade das crianças, desenvolver suas habilidades cognitivas e valores, motivando as famílias a conversarem sobre emoções, sentimentos, intenções e perspectivas – o que favorece a aproximação e interação entre as famílias. Um dos diferenciais é a ausência de texto nas publicações, já que o intuito é incentivar a criatividade e imaginação dos pequenos, tornando-os protagonistas do compartilhamento dos livros.

A cada semana, a família recebe um novo exemplar e os pais são capacitados para a dinâmica, que deve durar, em média, 10 minutos por dia. O objetivo é encorajar a participação das crianças, sem repreendê-las por erros, dúvidas ou pela forma incomum de manusear o objeto. Nesta terça, Daniela apresentou a obra “Tudo está bem quando termina bem”, que mostra a história de duas crianças com diferentes experiências e são confrontadas com sentimentos, às vezes, frequentes no dia a dia, como mágoa, raiva e afeto – uma oportunidade para falar com os filhos sobre relações do cotidiano.

Conte Comigo
Com eficácia comprovada em países como Inglaterra, Estados Unidos e África do Sul, o Conte Comigo, no Brasil, é feito de forma pioneira em Pelotas, por intermédio da estratégia Infância Protegida. A metodologia, que já beneficiou mais de 120 famílias pelotenses, diferencia-se da contação de histórias habitual por tornar a criança peça fundamental na construção da narrativa, trabalhando, desta forma, imaginação e criatividade, bem como o desenvolvimento cognitivo.

O livro torna-se, desta forma, ferramenta essencial ao estabelecimento de diálogo e conexão entre pais e filhos. Sem textos, a publicação traz imagens coloridas e atrativas, que despertam a curiosidade das crianças e estimulam a interação. A orientação é repetir a prática de compartilhamento de obras todos os dias, no mínimo, por dez minutos.

Saúde, Educação e Assistência
Neste ano, 21 profissionais do Município foram habilitados para aplicar a metodologia. Destes, três são área da Saúde, cinco da Assistência e 13 da Educação. Seis professoras utilizaram as técnicas com seus alunos em sala de aula; os demais mantêm grupos com as famílias para aplicar o conhecimento adquirido.