IBGE antecipa dados sobre indígenas e quilombolas
O IBGE estima que no Brasil existiam 7.103 localidades indígenas e 5.972 localidades quilombolas em 2019, de acordo com a Base de Informações Geográficas e Estatísticas sobre os Indígenas e Quilombolas, feita a partir da base territorial do próximo Censo, adiado para 2021, e do Censo 2010. Na próxima semana, as informações estarão disponíveis também em mapas e planilhas interativas no hotsite covid19.ibge.gov.br, que reúne dados para combater a pandemia causada pelo novo coronavírus.
A divulgação foi antecipada para subsidiar o desenvolvimento de políticas, planos e logísticas para enfrentar a Covid-19 junto aos povos tradicionais. Os dados atualizados sobre os contingentes dessas populações serão conhecidos após o Censo 2021.
O estudo mostra que as localidades indígenas estão distribuídas em 827 municípios brasileiros. Do total de localidades, 632 são terras indígenas oficialmente delimitadas. O restante constitui 5.494 agrupamentos indígenas, sendo 4.648 dentro de terras indígenas e 846 fora desses territórios. As demais 977 são denominadas outras localidades indígenas, aquelas onde há presença desses povos, mas a uma distância mínima de 50 metros entre os domicílios.
O IBGE considera localidade todo lugar do território nacional onde exista um aglomerado permanente de habitantes. Já os agrupamentos são o conjunto de 15 ou mais indivíduos em uma ou mais moradias contíguas (até 50 metros de distância) e que estabelecem vínculos familiares ou comunitários.
A base mostra também que do Censo 2010 até as estimativas de 2019, o número de localidades indígenas deu um salto de 1.856 para 7.103. De acordo com o gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE, Fernando Damasco, isso decorre do aperfeiçoamento da capacidade técnica do Instituto na identificação dessas comunidades tradicionais nos últimos anos.
“Esse mapeamento dá um panorama detalhado da presença indígena nos municípios brasileiros. Ele poderá ser usado por órgãos públicos e organizações da sociedade civil nas diversas ações de enfrentamento à pandemia, já que associa dados do cadastro de localidades indígenas com informações geoespaciais e populacionais geradas a partir do Censo 2010, fornecendo informações das novas dinâmicas dessa população no território”, disse ele. De acordo com o Censo daquele ano, havia 896.917 indígenas no Brasil, sendo que 517.383 viviam em terras indígenas.
Damasco ressalta que o mapeamento divulgado hoje tem como foco as localidades. “É importante destacar que uma mesma comunidade pode ser constituída de várias localidades, conforme as características territoriais locais. O levantamento completo das comunidades indígenas e quilombolas será realizado por quesitos específicos no Censo 2021”.
Região Norte reúne quase dois terços das localidades indígenas
O Norte é a região com o maior número de localidades indígenas, 4.504, reunindo 63,4% do total. Em seguida vem o Nordeste com 1.211, o Centro-Oeste com 713, o Sudeste com 374, e o Sul, com 301 localidades indígenas.
Entre os estados, o Amazonas reúne 2.602 localidades indígenas do país. Roraima vem logo em seguida com 587 registros. O Pará soma 546 e é o terceiro estado com mais localidades indígenas. Já Sergipe é o estado com menor número de ocorrências, quatro ao todo.
Dos dez municípios com mais localidades indígenas, sete estão no Amazonas. São Gabriel da Cachoeira (AM) é a cidade com mais localidades indígenas, com 429 no total. Em segundo lugar está Alto Alegre, em Roraima, com 149. O Pará também tem uma cidade na lista: Jacareacanga, com 112 localidades.
A região Norte também reúne o maior número de terras indígenas oficialmente delimitadas. São 305 no total, sendo que o Amazonas detém quase a metade, 148. O segundo estado com terras reconhecidas é o Mato Grosso (73), seguido do Pará (54). Há terras indígenas delimitadas em todas as demais regiões do Brasil: Centro-Oeste (126), Nordeste (79), Sul (77) e Sudeste (45).