Nesta quarta-feira (29), a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) divulgou uma pesquisa inédita sobre a incidência de eventos trombóticos em pacientes com Covid-19.
O material foi elaborado com base nas respostas de aproximadamente 470 angiologistas e cirurgiões vasculares, associados da entidade, que puderam transmitir suas vivências e análises nos hospitais durante a pandemia.
O objetivo do levantamento é identificar o percentual de médicos que atenderam pacientes infectados pelo vírus SARS-Cov-2 e a sua implicação na formação de trombos. Para que, assim, seja possível compreender a relação do novo coronavírus com a saúde vascular e traçar as diretrizes clínicas para a doença na especialidade.
De acordo com o levantamento, 62% dos médicos atenderam os pacientes na rede privada de saúde, 33% na pública, 4% em entidades filantrópicas e 1% nas forças armadas. No total, 39% dos vasculares entrevistados tiveram ao menos um paciente com trombose venosa ou embolia, que testou positivo para a Covid-19. Enquanto, 21% dos médicos tiveram casos de oclusão arterial. Esse número cai para 5% dos profissionais, quando se refere ao acidente vascular cerebral isquêmico por doença carotídea.
Surpreendentemente, de acordo com a pesquisa, a população idosa com Covid-19 não é a mais afetada pela trombose. Apenas 8% dos participantes atenderam jovens de até 20 anos de idade; 51% atenderam infectados de 20 a 40 anos. O maior número de atendimentos está na faixa etária de 40 a 60 anos, com 72%. A partir dos 60 anos de idade, esse número cai para 64%.
É possível observar, também, que 82% dos angiologistas e cirurgiões vasculares tiveram pacientes com o novo coronavírus com trombose nos membros inferiores. Enquanto, 12% dos médicos atenderam pacientes com o quadro nos membros superiores. “O desenvolvimento de tromboses, seja arterial ou venosa, em membros superiores é muito pequeno. Com a Covid-19, observamos na pesquisa, que este número foi muito maior do que o observado na prática do dia a dia”, explica o cirurgião vascular e diretor de publicações da SBACV, Dr. Marcelo Calil Burihan. O aumento das incidências pode estar relacionado a traumas por punções e até mesmo uso de vasoconstritores.
Aproximadamente 66% dos vasculares tiveram ao menos um paciente que evoluiu para amputação do membro afetado. Outros pontos que foram levados em consideração incluem a localização geográfica dos atendimentos, sexo, tratamento realizado e risco de mortalidade.