Indústria moveleira gaúcha aumenta em 42% a produção no mês de maio
Percentual de elevação é em relação ao mês anterior. Exportações também registraram alta em maio e junho e empresários estão otimistas para o segundo semestre do ano
Com o mercado consumidor se reacomodando com o retorno gradual das atividades, após um período de quarentena, com indústrias fechadas e equipes reduzidas, o setor moveleiro gaúcho começa a mostrar reação. Os dados estão no relatório ‘Conjuntura e comércio externo do setor de móveis no Brasil,’ com dados de maio e junho, encomendado pela Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs) e produzido pelo IEMI – Inteligência de Mercado.
A produção de móveis no Rio Grande do Sul foi de 3,8 milhões de peças em maio, o que representou um aumento de 42,1% em relação ao mês anterior. No acumulado no ano, comparado com o mesmo período do ano anterior, a produção moveleira no Estado teve queda de 29,1%.
Exportações
Tanto em maio quanto em junho, as exportações apresentaram reação. Enquanto em maio foi registrada alta de 27,6%, somando US$ 9,7 milhões, em junho aumentaram 18,6%, somando US$ 11,5 milhões. Com isso, o saldo da balança comercial em junho ficou positivo em US$ 11,2 milhões.
Em junho, os Estados Unidos lideraram como país destino das exportações de móveis do Rio Grande do Sul com 29,1% dos valores, seguido pelo Uruguai com 20,8% e Chile, com 12,0%. O destaque também ficou para o crescimento expressivo das exportações para o Paraguai e Uruguai em junho de 2020 em relação ao mês anterior.
O diretor Internacional da Movergs e FIMMA Brasil, Marcelo Haefliger, ressalta que por se tratar de uma pandemia mundial, todos os países estão passando por momentos muito similares que incluíram de lockdown, quarentena e auxílio financeiro à população por parte dos governos. “Em função de as pessoas estarem mais tempo em casa, começaram a se importar com o conforto e as necessidades de produtos para o dia a dia. O próprio varejo brasileiro aponta que em junho houve alta nas vendas de eletrodomésticos, móveis e colchões, o que consequentemente tem refletido em uma demanda maior nas indústrias e nos outros países o reflexo é o mesmo. No momento, as vendas para outros países estão relacionadas a indústrias que já trabalhavam com e-commerce, ou seja, quem estava preparado conseguiu se beneficiar mais rápido. A perspectiva é que a demanda para exportações de produtos volte à normalidade nos próximos meses”, comemora.
Dados do IEMI mostram também que o consumo aparente de móveis no Rio Grande do Sul em maio registrou volume foi de 3,1 milhões de peças, o que significa aumento de 49,4% em relação ao consumo registrado no mês anterior. De acordo com o presidente da Movergs, Rogério Francio, a partir de junho, as empresas começaram a retomar uma certa normalidade com o retorno quase total às atividades. “Acredito que vamos superar mais esse momento. Esperamos que nesse segundo semestre possamos intensificar essa retomada que já está sendo sinalizada e recuperarmos as perdas do primeiro semestre. Em junho já começamos a verificar uma movimentação positiva, especialmente para o mercado externo. Já no mercado interno, o segmento online está muito forte, o que dá um alento para os empresários”, aponta.
Empresários do setor, associados Movergs, também se mostram otimistas. Cesar Nepomuceno, gerente comercial da Politorno Móveis, comenta que a retomada, após a quarentena, apesar de todos os temores e incertezas, aconteceu com uma melhora na venda de forma gradual. “Em consequência dos protocolos de distanciamento adotados pelos estados e municípios, houve um aumento nas vendas do e-commerce tanto aqui no mercado interno como também em vários mercados que atuamos no exterior. Nossa preocupação neste período foi sempre de respeitar os protocolos, prezando pela saúde dos nossos colegas e para mantermos nosso ritmo de produção, visando a recuperação dos dias parados. Acreditamos que o segundo semestre, deverá seguir o ritmo atual, inclusive com uma possível melhora em consequência do Black Friday. Nos preocupa dentro deste cenário é que nossa cadeia de suprimentos consiga responder a esse incremento, uma vez que, muitos fornecedores reduziram sua capacidade no pós-quarentena e estão atrasando as entregas”, comenta.
O diretor presidente da Móveis Videira, Rogério Dalla Costa, também enfatiza que a pandemia, para o setor moveleiro, num primeiro momento, trouxe muitas incertezas, mas quem trabalha com e-commerce não sentiu tanto visto que a campanha #fiqueemcasa fez com que as pessoas voltassem seu olhar para dentro de casa. “Junho e julho foram meses exponenciais e esse crescimento aconteceu devido à pandemia. Automaticamente, o setor está colhendo algo fantástico, porém todos os extremos não são bons, visto que geram dúvidas e preocupações. No momento, estamos vendo a cadeia de fornecimento de matéria-prima bastante problemática e aumentos que terão que ser repassados ao consumidor. As exportações também registraram alta, embora voltado para o e-commerce. O que vislumbramos é uma perspectiva positiva de crescimento de demanda, porém poderá ser limitada em função da oferta de matéria-prima, gerando dificuldade para as empresas. A expectativa é positiva, de crescimento, apesar de não sabermos se haverá novas quedas, especialmente por essa questão de matéria-prima. No entanto, precisamos enfrentar com otimismo, acreditar na nossa capacidade de reinvenção e encontrar alternativas”, aponta.