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Nova espécie de lagostim é descoberta em parque de São Leopoldo

Uma nova espécie de lagostim foi descoberta na área de banhado do Parque Municipal Imperatriz Leopoldina, em São Leopoldo, o Parastacus macanudo. O artigo com a descrição da espécie foi publicado no mês julho deste ano na revista internacional Zoological Studies.

O mestrando do Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGBAN/ UFRGS), Augusto Frederico Huber, e o seu orientador, o doutor e pós-doutorando do PPGBAN/ UFRGS, Felipe Bezerra Ribeiro, fizeram a descoberta em uma expedição de campo realizada no mês de julho de 2018, com o objetivo de fazer o levantamento da diversidade de lagostins no parque. De acordo com Huber, o biólogo do Jardim Botânico do Parque Imperatriz na época, Julian Mauhs, informou previamente a existência de tocas dos crustáceos, evidentes pela presença de ornamentações externas, denominadas chaminés.

Macanudo

Para a escolha do nome da espécie, os pesquisadores usaram uma expressão típica do Rio Grande do Sul, sendo denominado como Parastacus macanudo. “Entre todos os termos que pesquisamos, ‘macanudo’ acabou sendo o que melhor se encaixava para esta espécie. A palavra se refere a algo grande, forte e admirável. Estas características fazem alusão a caracteres morfológicos da espécie”, explicou Huber.

O trabalho de identificação e produção do artigo científico também foi integrado pela doutora professora coordenadora do Laboratório de Carcinologia da UFRGS e professora do PPGBAN, Paula Beatriz de Araujo, e pela aluna estadunidense Emily Rose Rockhill, que desenvolveu esse trabalho como parte de seu projeto vinculado a uma bolsa do programa de intercâmbio Fulbright.

Características
Parastacus macanudo apresenta os quelípodes (pinças) bastante desenvolvidos em relação ao corpo, se comparado com outras espécies encontradas no RS.

A identificação foi feita baseada em bibliografia e na comparação com outras espécies já descritas para o gênero. “Tal comparação foi possível, pois dispomos da maior coleção de lagostins da América do Sul, localizada no Departamento de Zoologia da UFRGS”, afirmou. Segundo Huber, a espécie encontrada é a 15ª descrita para o gênero Parastacus, sendo que destas, seis espécies são endêmicas (que só ocorrem aqui) do RS.

Huber cita algumas das principais contribuições ecológicas que os lagostins exercem no meio ambiente: são parte importante da cadeia alimentar dos ambientes em que ocorrem, alimentando-se de algas, larvas de insetos e vermes. Eles também são fonte alimentar de aves, peixes, anfíbios e até pequenos mamíferos, como lontras, mãos-peladas e cuícas-d’água. Além disso, por apresentarem o hábito escavador, acabam auxiliando na drenagem e aeração do solo e no desenvolvimento de plântulas.

Importância da descoberta
A descoberta de uma nova espécie de lagostim representa um aumento na riqueza específica destes crustáceos, a qual vem crescendo bastante nos últimos anos com a descobertas de outras novas espécies. Mesmo assim, segundo Huber, o grupo ainda apresenta uma riqueza subestimada. “O fato dessa espécie ter sido encontrada numa região tão próxima de Porto Alegre é reflexo disto. Sem falar que com essa descoberta, essa espécie de lagostim pode receber a devida atenção e proteção por parte do parque e dos órgãos ambientais, contribuindo para a conservação da espécie”, salienta. Huber observa que Porto Alegre é o local onde são feitas a maioria dos estudos com estes crustáceos no Brasil.
Os pesquisadores estão em contato com os biólogos e gestores do parque para no futuro desenvolver mais estudos com a espécie, e auxiliar em estratégias de conservação da espécie no parque.

Saiba mais
O artigo científico está disponível no site da revista internacional Zoological Studies: https://zoolstud.sinica.edu.tw/.

Também é possível ter acesso a parte dos indivíduos utilizados na descrição da espécie indo visitar a Coleção de Crustáceos do Laboratório de Carcinologia da UFRGS.

Colaboração com a pesquisa
A equipe faz um pedido para que caso alguém já tenha visto lagostins de água doce em alguma localidade entrar em contato com a equipe pelo e-mail procurolagostins@gmail.com. “Toda informação é bem vinda e de fundamental importância para o nosso trabalho e para conservação desses animais”, alerta Huber.

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