Percentual de famílias endividadas avança e de inadimplentes cai, no RS
Programas de manutenção da renda e do emprego, bem como ações de adiamento do pagamento de dívidas e redução do consumo podem explicar a dinâmica recente dos indicadores
Conforme apontou a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos consumidores gaúchos (PEIC-RS), é crescente o percentual de famílias endividadas no Rio Grande do Sul. Os números foram divulgados nesta segunda-feira, dia 22, pela Fecomércio-RS. Em janeiro, 72,0% das famílias gaúchas relataram possuir dívidas. Em dezembro de 2020, o indicador era de 71,6% e em janeiro do mesmo ano era de 65,1%. Entretanto, apesar dessa evolução, os indicadores de inadimplência têm apresentado redução no período recente, encontrando-se abaixo dos níveis do mesmo período de 2020.
O percentual de famílias que relataram possuir contas em atraso foi de 26,4% em dezembro passado para 25,8% em janeiro deste ano. Comparando com janeiro de 2020 (29,0%) a queda é ainda mais evidente. Já o percentual de famílias que não terão condições de quitar suas dívidas em atraso nos próximos 30 dias teve também bons resultados ao apresentar uma queda que levou o percentual de 9,6% em dez/20 para 9,3% em jan/21. Em janeiro de 2020, o percentual era de 13,5%. O comportamento da inadimplência desde o início da pandemia é resultado da combinação de uma série de fatores, com destaque para os programas de manutenção da renda e do emprego, a redução do consumo, bem como a ação coordenada do sistema bancário que evitou que indivíduos com históricos positivos de adimplência virassem inadimplentes em virtude da crise econômica derivada da pandemia.
No percentual de famílias endividadas, a chegada da pandemia teve inicialmente uma dinâmica distinta entre os grupos de renda. O percentual de famílias endividadas que recebem até dez salários mínimos de renda mensal, praticamente, manteve uma crescente que culminou no pico de 76,8% em outubro do ano passado. Agora, o percentual se mantém próximo desse patamar (75,0% em jan/21), ainda que com as quedas recentes. Já as famílias que têm renda superior a dez salários mínimos tiveram forte retração no endividamento desde o início de 2019, porém, depois de atingir o menor valor em maio de 2020 (43,6%), o percentual vem crescendo. Em janeiro deste ano, o indicador registrou 59,6%.
O presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, explica que nas contas em atraso, também houve reflexo do resultado geral em ambos grupos de renda. Já no percentual de famílias que afirmam não terem condições de quitar suas dívidas nos próximos 30 dias, entretanto, foi significativamente mais intensa nas famílias com mais de dez salários mínimos. Com a redução do consumo, as famílias desse grupo parecem ter tido mais espaço para saldar os compromissos e colocar as contas em dia. Esse movimento foi semelhante nas famílias de baixa renda, porém menos intenso. “Até agora, os indicadores de inadimplência estão bem comportados. No entanto, é preciso ter em conta que uma série de ações, tanto na área trabalhista quanto da assistência social, bem como iniciativas do setor bancário, ajudaram a desenhar um quadro de inadimplência controlada como o que vivemos. Para a inadimplência não crescer, como tipicamente ocorre nas crises, precisamos manter a renda das famílias, e isso só se faz com a economia funcionando, gerando empregos. Por isso é tão fundamental avançarmos na campanha de vacinação”, comentou o presidente.