Hipertensão é a causa de 90% dos casos de AVC, aponta estudo
O Acidente Vascular Cerebral (AVC), também conhecido como derrame, é uma das principais causas de morte no Brasil e a principal causa de incapacidade em adultos no mundo
Existem dois tipos de AVC: o isquêmico e o hemorrágico. “O isquêmico é o mais frequente e corresponde a cerca de 80% até 85% dos casos e acontece quando há obstrução de um vaso sanguíneo ou artéria. Essa obstrução impede que o oxigênio e o sangue cheguem a determinada região cerebral levando à isquemia”, explica a Dra. Jullyanna Shinosaki, Neurologista e Coordenadora da Unidade de AVC do Hospital de Clínicas de Uberlândia, Minas Gerais.
O segundo tipo de AVC é menos comum, mas não deixa de ser perigoso. “Já quando acontece a ruptura do vaso sanguíneo, seja por um aneurisma ou hipertensão descontrolada, ocorre então um AVC hemorrágico com extravasamento de sangue, o que também impede a chegada adequada de oxigênio e sangue ao tecido cerebral”, complementa a Neurologista.
O início de um AVC pode ser diferente, mas como resultado final a irrigação de uma região cerebral acaba sendo prejudicada, o que leva aos sintomas relacionados à função daquela área. “Se um local, por exemplo, responsável pela força ou sensibilidade de um lado do corpo sofre um AVC, a pessoa vai ter fraqueza, alteração da sensibilidade, dormência, formigamento e dor do outro lado da região que foi acometida pelo AVC”, esclarece.
Ao reconhecer qualquer um dos sintomas, como: alteração do movimento e/ou da sensibilidade em uma parte do corpo; dificuldade de fala ou compreensão; dor de cabeça intensa e súbita; tontura ou alteração no equilíbrio; alteração da visão e/ou dificuldade para enxergar, náusea ou vômito, dificuldade para engolir e/ou perda da consciência (desmaio) – é importante procurar ajuda médica, pois os profissionais de saúde têm um curto espaço de tempo para atuar: a cada minuto, milhões de neurônios podem ser perdidos durante um AVC. Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maior é a chance de recuperação.
Formas de evitar um AVC
Segundo o estudo Interstroke, publicado na revista médica The Lancet, 90% dos casos de AVC poderiam ter sido evitados.
“Os fatores de risco são aqueles que a gente consegue ver em consultas de rotina e que são hábitos de vida não saudáveis”, diz a Dra. Jullyanna.
Manter uma rotina saudável pode ajudar na manutenção da saúde e com isso evitar o AVC. Por isso, é fundamental ter uma alimentação balanceada e evitar o sedentarismo, já que o sobrepeso e a obesidade são fatores de risco.
O hábito de fumar, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, diabetes e outras doenças com causa cardíaca fazem parte do conjunto de fatores de risco.
Ainda, segundo o estudo, a hipertensão representa a maior causa de AVCs no mundo. A pressão alta é muito prevalente, principalmente, a partir dos 40 anos de idade e precisa ser cuidada.
“A gente chama de assassina silenciosa, porque a pessoa não percebe que tem hipertensão até que ela tenha uma consequência disso, seja uma insuficiência renal, um infarto ou até um AVC”, explica a Dra.
“No caso de um AVC hemorrágico, a pressão muito alta rompe pequenos vasinhos e acontece um extravasamento de sangue. No caso do AVC isquêmico, a hipertensão vai modificando cronicamente a parede dos vasos, facilitando o processo inflamatório que acontece neles junto com a formação de placas de gordura e trombos que entopem esses vasos”, explica a Neurologista.
Por ser a principal causa de AVC, a hipertensão precisa ser controlada e até evitada, pois é uma grande vilã silenciosa. Os fatores de risco podem ser controlados ou evitados por meio de consultas regulares com profissionais da saúde, acompanhamento da pressão arterial e hábitos saudáveis. Além de uma alimentação equilibrada, a inclusão da prática regular de atividade física também ajuda a prevenir uma série de doenças, incluindo o AVC.
Referências:
• Rede Nacional de Atendimento Brasil AVC, Rede Brasil AVC – Disponível em: https://www.redebrasilavc.org.br/para-profissionais-de-saude/rede-nacional-atendimento/ – Acessado em Abril, 2021;
• Global and regional effects of potentially modifiable risk factors associated with acute stroke in 32 countries (INTERSTROKE): a case-control study – Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(16)30506-2/fulltext – Acessado em Abril, 2021.