Paraná trabalha para a nanotecnologia chegar ao agronegócio

Afirmação foi feita pelo vice-governador do Estado, Darci Piana, na abertura do 1º Simpósio Científico de Nano Agro, do Tecpar. Pesquisadores e especialistas participaram do evento, que trata dos mais recentes estudos voltados à nanotecnologia aplicada ao agronegócio

O Governo do Estado trabalha para que os novos estudos científicos e tecnológicos realizados pelas instituições paranaenses se tornem pesquisa aplicada para o agronegócio. A afirmação foi feita pelo vice-governador Darci Piana na abertura do 1º Simpósio Científico de Nano Agro, realizado pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) nesta sexta-feira (16).

“Para o governador Carlos Massa Ratinho Junior, é necessário potencializar a produção do Paraná e atualizar o Estado em relação aos avanços tecnológicos, em todas as frentes. As instituições científicas e as universidades paranaenses são parceiras para vencermos esse desafio”, enfatizou Piana. O evento foi realizado de forma virtual e o conteúdo está disponível no canal do YouTube do Tecpar.

Promovido em conjunto com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), Fundação Araucária e Superintendência de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o simpósio tratou dos mais recentes estudos voltados à nanotecnologia aplicada ao agronegócio e contou com a participação de pesquisadores de universidades e especialistas de empresas que atuam no setor. Foram apresentados estudos, propostas e exemplos práticos relacionados ao tema.

O diretor-presidente do Tecpar, Jorge Callado, destacou que a iniciativa do simpósio está alinhada ao Plano de Governo do Paraná, ao promover a integração, o diálogo e o compartilhamento de informações entre instituições de pesquisa, iniciativa privada e sociedade.

Fotos: Assessoria Tecpar

“O Tecpar tem suas ações voltadas ao apoio do desenvolvimento do Paraná, baseado em biotecnologia e nanotecnologia, que são foco do Estado. Com a nanotecnologia aplicada é possível agregar valor à produção e promover uma agricultura mais sustentável”, afirmou.

Os ativos científicos e tecnológicos do Paraná, lembrou Graciela Bolzon, vice-reitora da UFPR, compõem, desde 2020, o Superhub Nanotecnologia, plataforma que reúne as instituições em ação cooperada com foco em projetos inovadores no desenvolvimento nos setores como o agronegócio. “Essa integração, que vemos neste evento, tem o objetivo de gerar riquezas ao país a partir de avanços tecnológicos”, ressaltou.

Para o superintendente da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Bona, os esforços de pesquisa na área de nanotecnologia no Paraná não são novos, mas ganharam uma nova conotação com a integração entre as instituições a partir do Superhub Nanotecnologia. “Esse novo arranjo de pesquisa e inovação, com articulação científica e tecnológica no Estado, irá fazer do Paraná uma referência na área”, observou.

A tecnologia aplicada ao campo soma competências com o que já é desenvolvido na agricultura paranaense, segundo o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. “O principal desafio que temos é levar esses avanços científicos ao campo e, com articulação, encontrarmos soluções inovadoras que tragam sustentabilidade e competitividade à produção”, explicou.

A estrutura universitária do Paraná, estadual e federal, foi ressaltada pelo presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig. Segundo ele, junto a instituições como o Tecpar, essa estrutura universitária pode contribuir com avanços aos paranaenses. “Esse alinhamento entre as instituições é extraordinário e gera emprego e renda aos cidadãos paranaenses”, disse.

FRUTICULTURA – Entre os principais desafios para a produção de frutas, por exemplo, está o fornecimento de produtos de qualidade, com bom valor nutricional e com longa vida de prateleira, principalmente quando se trata de frutos altamente perecíveis e frágeis. Para tratar sobre o tema, o professor Ricardo Antônio Ayub, pesquisador do Departamento de Fitotecnia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), apresentou seus estudos sobre a biotecnologia aplicada à pós-colheita na fruticultura.

Segundo Ayub, houve um grande avanço nos estudos da área molecular das plantas envolvendo a ciência ômica e suas divisões, que são a genômica, a transcriptômica, a proteômica, e a metabolômica. Estas técnicas moleculares permitem saber sobre a informação genética das plantas (genômica); quais genes estão expressos dentro dela (transcritômica); a análise das proteínas da planta (proteômica) e um estudo completo sobre o metabolismo da planta (metabolômica).

São informações importantes que aplicadas à agricultura podem trazer ganho de produtividade e redução de custos. “Estes avanços ajudaram na compreensão de como a planta funciona, esclarecendo os processos fisiológicos e os mecanismos relacionados à maturação e a conservação dos alimentos. Em nossas pesquisas, aplicamos estas técnicas para compreender melhor como os frutos amadurecem, utilizando informações que auxiliam no manejo da fruta, controle de podridões pós-colheita, aumento da vida de prateleira e de qualidade”, disse o professor.

Neste momento, Ayub estuda a maturação não climatéria, ou seja, relacionada aqueles frutos que não amadurecem depois de colhidos. Com as informações obtidas é possível, por exemplo, melhorar a conservação da fruta, por meio de embalagens ou utilizando partículas em nanoemulsões.

BIORREFINARIAS – O pesquisador da Embrapa Florestas, Washington Luiz Esteves Magalhães, falou sobre as possibilidades de produção de biorrefinarias, citando três exemplos de aplicações sustentáveis com nanocelulose.

Magalhães defende que uma boa ferramenta para atingir a economia circular e a bioeconomia é por meio de uma biorrefinaria. Segundo ele, além de converter a biomassa (vegetal ou animal) em biocombustível, uma biorrefinaria também pode produzir insumos, materiais, alimentos, rações e energia entre outros produtos. Dessa forma, utiliza melhor os recursos naturais e minimiza os impactos ao meio ambiente de maneira eficiente e lucrativa.

Um dos exemplos citados foi a indústria de polpa de celulose – matéria-prima para a fabricação de papel. Por meio da biorrefinaria, outros itens são produzidos a partir da polpa, como tintas, vernizes, explosivos, roupas e outros que podem ser agregados. Um deles é a nanocelulose – a menor e mais resistente unidade da biomassa, que pode ser usada em uma ampla gama de aplicações.

Outro derivado desta indústria é a lignina, um dos principais constituintes da madeira. Além de utilizada para produzir a energia elétrica consumida na fábrica, ela pode ser usada na produção de resina, (substituindo o fenol); do poliuretano usado nas espumas rígidas; e de antioxidante usado em rações animais ou biodiesel.

“Para todas estas opções precisamos ter um processo sustentável. E quando falamos de sustentabilidade, falamos de três eixos principais: socialmente justo; ecologicamente correto e economicamente viável”, disse o pesquisador. “Ou seja, não adiantam grandes ideias comprovadas tecnicamente, que não sejam economicamente viáveis. Isso é importante quando se fala de nanotecnologia”.

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