Santa Catarina discute rotas alternativas e complementares para manter o abastecimento das agroindústrias de carnes de aves e suínos. A intenção é seguir com o incentivo ao cultivo de cereais de inverno, além do cultivo de milho grão, para serem utilizados na composição da ração animal. Essa foi a pauta do encontro do secretário de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Altair Silva, com o presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e ex-ministro, Francisco Turra, além de lideranças do setor produtivo catarinense, nesta quinta-feira (5).
Os reflexos da falta de milho nesses estados podem ser observados pela queda da produção de carne de frango nos últimos anos. “Nós iniciamos uma forte campanha para incentivar o cultivo de cereais de inverno no Rio Grande do Sul, mas em Santa Catarina, com o envolvimento do Governo do Estado no incentivo, inclusive financeiro aos agricultores, a iniciativa deu ainda mais certo. Queremos unir esforços para avançarmos ainda mais”, explica o ex-ministro Francisco Turra, um dos líderes do movimento, representando a ABPA.
“O nosso setor produtivo de carnes e leite não para de crescer e sabemos que nossa demanda será cada vez maior. Por isso, nós tomamos a frente e lançamos um Projeto que incentiva a produção de cereais de inverno para a ração. No primeiro ano, ainda de forma experimental, já temos resultados animadores. Descobrimos que há uma grande demanda dos produtores e uma oportunidade para avançarmos na produção. Se nós ocuparmos as áreas vazias no inverno, tanto em Santa Catarina como no Rio Grande do Sul, podemos aumentar muito a competitividade do nosso agronegócio”, destaca o secretário Altair Silva.
Turra falou do movimento de incentivo ao cultivo de cereais de inverno realizado desde o primeiro semestre deste ano entre Embrapa Trigo, de Passo Fundo (RS), realizadora do Fórum, ABPA e Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul). Estudos da unidade de pesquisa científica, validados pela Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia (SC), mostraram equivalência nutricional, em alguns casos de até 100%, para trigo, cevada e triticale na substituição ao milho na ração animal — que representa 65% da composição.
Incentivo em Santa Catarina
Para reduzir a dependência de milho e os custos de produção da cadeia produtiva de carnes e leite, a Secretaria da Agricultura lançou o Projeto de Incentivo ao Plantio de Cereais de Inverno. Com investimento de R $5 milhões, os produtores receberam apoio para cultivar trigo, triticale, centeio, aveia e cevada – que devem ser utilizados para fabricação de ração animal. No primeiro ano de ação, já foi percebido um aumento de 70% na produção de trigo e a safra deve chegar a 290 mil toneladas – um recorde histórico para Santa Catarina.
Os catarinenses cultivam em média 340 mil hectares de milho e 890 mil hectares de soja. O potencial para a produção de cereais de inverno chega a 800 mil hectares. A presidente da Epagri, Edilene Steinwandter, ressalta que o Estado deu início a algumas ações, em parceria com as cooperativas e a iniciativa privada, e já colhe os resultados. “Com essa junção de esforços teremos um aumento de 30 mil hectares no cultivo de trigo, um acréscimo significativo. Temos muito a avançar, mas damos os primeiros passos,” analisa.
Lideranças presentes
O encontro contou com a participação do presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedroso; do presidente da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola (Cidasc), Plínio de Castro; do presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais (Fetaesc), José Walter Dresch; do diretor da Federação das Cooperativas Agropecuárias (FecoAgro/SC), Ivan Ramos; do diretor do Sistema Ocesc Sescoop/SC, Neivo Luiz Panho; do gerente do Sindicato das Indústrias de Carnes (Sindicarnes-SC), Jorge Luiz de Lima; e do ex-deputado Odacir Zonta. Após a reunião, Turra foi recebido pelo senador Esperidião Amin e pelo ex-governador, Raimundo Colombo.
Otimização de culturas de inverno
Além de ABPA, Embrapa Trigo e Farsul, o movimento de Otimização de Culturas de Inverno no RS conta com a participação ainda de outras entidades apoiadoras como a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), Associação das Empresas Cerealistas do Rio Grande do Sul (ACERGS), Sicredi, Yara Brasil, Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV), Associação Catarinense de Avicultura (ACAV), Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos (SIPS) e Fundo de Defesa Sanitária do Estado do RS (Fundesa).