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Pelotas adota Programa ACT no sistema prisional

Na sexta-feira (6), ocorreu o primeiro encontro entre 14 apenados do regime fechado em progressão para o semiaberto com a metodologia socioemocional desenvolvida pelo programa ACT, que integra o eixo de prevenção do Pacto Pelotas pela Paz

Na sexta-feira (6), mais um capítulo da história do Pacto Pelotas pela Paz foi escrito na cidade. Dessa vez, dentro do Presídio Regional de Pelotas (PRP), onde foi ministrada a sessão prévia do programa ACT – Criando Crianças em Ambientes Seguros, que integra o eixo de prevenção, com apenados do regime fechado que estão em tempo de progressão para o semiaberto.

Em 2019, a cidade foi pioneira ao tornar a metodologia socioemocional uma política pública municipal. Agora, em 2021, inova novamente, com o objetivo de colaborar com a ressocialização dos reeducandos e prepará-los para o convívio familiar após o cumprimento da pena.

Encontro ocorreu na sexta-feira (6) – Fotos: Rodrigo Chagas

No primeiro encontro, 14 apenados com a progressão de regime prevista para os meses de outubro ou novembro foram convidados a integrar o grupo, sendo a participação voluntária, conforme explicou a responsável pela 5ª Delegacia Penitenciária Regional (5ª DPR), Deisy Vergara, aos presentes no PRP. Serão nove encontros semanais, às sextas-feiras, com as dinâmicas aplicadas pela coordenadora do programa no Município e diretora da Secretaria de Segurança Pública, Alicéia Ceciliano. No final do programa, a turma que iniciou nesta sexta-feira (6) terá uma formatura.

Chamado de sessão prévia, o primeiro contato dos presos com o ACT envolveu a apresentação de regras e normas do programa. A dinâmica inicial aplicada, chamada caixa dos sonhos, convidou os participantes a contar o que eles planejam para a vida de seus filhos. Os olhos brilhando e atentos demonstravam a aceitação, que ocorreu de pronto. O desejo de participar e expor suas opiniões e sentimentos, pelos apenados, demostrou a importância de uma segunda chance e perceberem que existem pessoas que acreditam neles e na ressocialização.

A importância de olhar para os apenados

Alicéia conta que a maioria dos participantes falou sobre mudança. “Eles querem que os filhos tenham uma vida totalmente diferente da que eles tiveram. Querem um futuro melhor, com estudo e trabalho”, completou. Isso mostra, segundo a coordenadora do programa, que existe a percepção que a mudança como pais, no após a prisão, deve começar por iniciativa dos próprios reeducandos. No próximo encontro, o comportamento das crianças será o tema da discussão.

“Cada vez dá mais vontade de continuar aplicando essa metodologia desenvolvida pelo ACT e mostrar para todo mundo a importância da valorização dos apenados. Queremos, também, que todos consigam ver que a ressocialização é, sim, possível e deve ser alvo de investimento”, defendeu Alicéia.

Durante o encontro, muito foi falado sobre a falta de oportunidades aos apenados. São poucos os projetos direcionados a eles, dentro do Presídio Regional de Pelotas e, durante a pandemia do coronavírus, o acesso a essas ações está mais difícil, conforme detalha o novo diretor da instituição, Carlos Henrique Peil. Ele ressaltou a importância da inserção do ACT no sistema prisional, principalmente, devido ao fato do programa tratar sobre questões familiares. “Essa nova administração do PRP vai estar comprometida em buscar projetos desse tipo, pois a educação é a principal base que podemos dar a eles”, frisou.

A preparação para o retorno ao convívio familiar é essencial durante o período de detenção, de acordo com a psicóloga da 5ª DPR, Daiane Alves Bueno. Ela será uma das duas profissionais da Psicologia a auxiliar nas dinâmicas. Além de se pensar na relação entre o preso e sua família, a inserção do ACT nesse espaço faz com que os reeducandos saiam das celas, pratiquem uma atividade diferente e, o mais importante, reflitam sobre sua vida pós-cárcere.

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