Pró-Sinos quer monitorar palometas na Bacia do Sinos
Espécie invasora típica da bacia do Rio Uruguai foi identificada na Bacia do Rio Jacuí e pode chegar ao Guaíba e aos Sinos
Com o objetivo de criar uma rede para compartilhamento de dados e informações, o Consórcio Pró-Sinos articulou a criação de um grupo de trabalho composto de gestores ambientais, representantes de pescadores e especialistas a fim de discutir e antecipar o planejamento de ações que facilitem o manejo e o controle das palometas, caso cheguem à Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos. Com a ocorrência de piranhas-vermelhas (Serrasalmus maculatus) na bacia do Rio Jacuí, há possibilidade de a espécie chegar ao Guaíba e também ao Rio dos Sinos.
“O consórcio trabalha em ações ligadas ao saneamento, mas esse é um tema que interessa aos gestores de meio ambiente dos municípios e causa impactos na atividade econômica dos municípios”, observou o diretor-técnico do Pró-Sinos, Hener de Souza Nunes Júnior. Participaram da reunião virtual o analista ambiental do Ibama e coordenador das ações de combate à invasão das palometas, Maurício Vieira de Souza, o biólogo e secretário de Meio Ambiente de Canela, Jackson Müller, o biólogo e secretário de Meio Ambiente de Esteio, William Papi, o pescador Paulo Denilto Ribeiro, a despachante náutica Luciane Cardoso Borges, além da equipe do Pró-Sinos.
Na avaliação de Jackson Müller, o tema tem causado preocupação. A articulação de entidades relacionadas ao meio ambiente é necessária para o planejamento de ações. Já Paulo Denilto Ribeiro destacou que os pescadores, pela rotina da profissão, acabam realizando uma espécie de monitoramento das águas dos rios e, por isso, poderão ser os primeiros a constatar a chegada das palometas. “É importante criar o grupo de monitoramento para vermos como será na Bacia do Sinos e, caso se consolide, nos articularmos para esse desafio”, comentou William Papi.
Maurício Vieira de Souza falou brevemente sobre o que prevê a estratégia nacional no tratamento de espécies exóticas invasoras e esclareceu que, nestes casos, nem sempre o combate é possível, restando a necessidade de adaptação à realidade. Há contatos com universidades, instituições e municípios, pois o tema demanda o envolvimento de diversos atores. “Não temos dados de que as palometas chegaram ao Guaíba, mas é uma tendência”, pontuou Maurício.
Luciane Borges é de Rio Pardo, onde pescadores relatam o aparecimento de palometas. Segundo ela, um grupo da região se mobilizou para arrecadar recursos suficientes para a compra de alevinos de dourado – espécie predadora natural das piranhas-vermelhas, peixe típico da bacia do Rio Uruguai. A possibilidade está em avaliação, bem como os trâmites necessários para autorização dessa ação. Segundo orientaram Maurício Vieira de Souza e Jackson Müller, tal medida necessita de estudo prévio para ser adotada, enfatizando a importância do grupo para orientar ações relacionadas ao tema.
Ao final do encontro, o grupo destacou a importância da participação de pescadores e das comunidades ribeirinhas na discussão, para que haja o acompanhamento do aparecimento de palometas. Também será incentivada a participação de representantes de outros municípios. A ideia é, também, reunir informações para criação de material informativo com embasamento científico e que sirva de orientação para administração pública e também para a população. “O Pró-Sinos se propõe a facilitar a interlocução das partes interessadas a buscar membros estratégicos para o grupo avançar no monitoramento da situação”, finalizou Hener.