Afeto: as cores que colorem a existência do sujeito

Em Afetos Lacanianos, publicado pela Aller Editora - referência em psicanálise, a psicanalista francesa Colette Soler aborda os afetos e como são tratados no processo psicanalítico

Livro – O tema dos afetos sempre foi um desafio para a psicanálise, pois se aplica tanto ao corpo quanto ao sujeito e, para esse ele tem a força de evidência. Nessa obra, Colette Soler retoma as elaborações de Jacques Lacan e os escritos de Freud sobre o tema.

A autora responde àqueles que acusam a psicanálise de negligenciar o tema defendendo que com o remanejamento do conceito de inconsciente, feito por Lacan, outros afetos além da angústia são evidenciados. Extremamente clínico, Soler discute o manejo dos afetos em sessão e o possível surgimento de novos no fim da análise.

Mas o que isso leva além do psicanalista e da psicanálise? Não desatenta aos acontecimentos de seu tempo e, a partir da sua escuta clínica, Colette Soler esclarece que os afetos relatados pelos sujeitos são também produto desse contexto. Esse fato faz de “Os afetos lacanianos” um livro para além da psicanálise, é uma obra que contribui para a análise da sociedade contemporânea, de como os modos de vida modernos afetam a subjetividade do sujeito.

Iniciando suas páginas pela angústia – conhecido como o afeto por excelência, dada a sua “certeza assustadora”, como descrito por Lacan, a autora afirma que “A angústia do homem de hoje é a angústia do homem que perdeu o Deus da palavra, ou que sabe que esse Outro não existe.” A partir dessa sentença esclarece que justamente o que resta a fazer é trabalhar com a linguagem, abrindo a possibilidade do trabalho analítico, pelo estabelecimento da transferência com o analista.

Enfim, Colette Soler defende brilhantemente que os afetos embora incidam sobre o corpo do sujeito e sobre a linguagem, tem consequências diretas sobre a capacidade do sujeito de gozar de sua existência. O trabalho de cura analítica consiste, portanto, em proporcionar as condições para que o sujeito possa mudar sua posição, engajando-se em sua ética, em relação direta com o compromisso com seu próprio desejo e, dessa forma, possibilitando que os afetos que antes se limitavam ao sofrimento possam ser transmutados em entusiasmo e compromisso com a própria vida.

Ficha Técnica:

Sobre a autora

Colette Soler pratica a psicanálise. Agrégée da universidade em filosofia, diplomada em psicopatologia e doutora em psicologia. Foi seu encontro com o ensino e a pessoa de Jacques Lacan que a fizeram escolher a psicanálise. Foi membro da antiga Escola dissolvida por Jacques Lacan em 1980 e, após a cisão com a AMP em 1998, esteve na origem do movimento dos Fóruns do Campo Lacaniano e de sua Escola Internacional de Psicanálise.

Via
Enxame de Comunicação.
Fonte
Caroline Arnold
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