Uma é bem conhecida, e até temida. A outra, não tão famosa, mas igualmente perigosa. Ambas possuem sintomas similares, porém, os tratamentos são totalmente diferentes. Estamos falando da apendicite e da doença de Crohn, duas condições facilmente confundidas. Enquanto a apendicite é solucionada por meio de procedimento cirúrgico a doença de Crohn possui intervenção medicamentosa. A Dra. Elizabeth Ayub, professora do Cetrus – Centro de ensino que oferece curso em Diagnóstico por Imagem – , explica os sintomas e esclarece as principais dúvidas tanto de médicos quanto de pacientes com relação as duas enfermidades.
Apendicite aguda
A apendicite aguda é uma inflamação do apêndice — pequeno segmento rudimentar do intestino grosso. Os primeiros sintomas podem ser facilmente confundidos com gastrite, pois, o paciente começa a sentir um incômodo na parte alta do abdômen ou “na boca do estômago” como é popularmente conhecido. Neste primeiro momento é possível ter febre baixa, que vai aumentando gradativamente. Depois a dor migra para a região do umbigo e finalmente se posiciona no abdômen inferior mais à direita, onde está localizado o apêndice. Também é comum a perda de apetite, vômito, prisão de ventre, além da progressão da dor.
“Os sintomas evoluem em questão de horas. Há muitos pacientes que sentem sintomas que não são muito específicos dependendo da localização da apendicite. Por esta razão, o diagnóstico pode ser confundido com infecção urinária ou uma inflamação da vesícula biliar. Por isso, é tão importante que os médicos tenham mais conhecimento na análise da ultrassonografia do trato intestinal para conseguir fazer o diagnóstico correto”, explica Elizabeth.”Apendicite é uma das doenças mais frequentes no pronto socorro no hospital onde trabalho, inclusive, casos em crianças são os mais frequentes. O procedimento é cirúrgico e não há fatores externos que impliquem no surgimento da doença como alimentação, estresse, dentre outros”, conta.
Doença de Crohn
A doença de Crohn é uma inflamação séria do trato gastrointestinal, que afeta predominantemente a parte inferior do intestino delgado (íleo) e intestino grosso (cólon), mas pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal. A doença compromete todas as camadas da parede intestinal: mucosa, submucosa, muscular e serosa. Tem início com maior frequência na segunda e terceira décadas de vida, mas pode afetar qualquer faixa etária.
A especialista explica que a doença aparece na ultrassonografia com certa facilidade, o que ajuda no diagnóstico. “O paciente pode ter um episódio da doença e nunca mais voltar a sentir os sintomas, que se assemelham a apendicite aguda como dor no abdômen inferior à direita, lugar onde o apêndice também provoca dor. A ultrassonografia é um recurso que o médico pode utilizar como primeira avaliação para o diagnóstico da doença”, reforça.
Os sintomas da doença de Crohn são dores abdominais associadas à diarreia, que pode ter ou não sinais de muco e sangue; febre; feridas na boca, aftas; perda de peso e de apetite; sintomas oculares, os olhos ficam avermelhados e sensíveis à luz; artrite: as articulações (joelhos e tornozelos) correm o risco de inchar, causando dor e endurecimento.
A doença de Crohn é tratada com medicamentos fortes para retroceder o processo inflamatório, aliviar os sintomas, prevenir que a doença volte, corrigir as deficiências nutricionais. A intervenção cirúrgica pode ocorrer para os casos mais graves de obstrução intestinal, hemorragias e fístulas. A Dra. Elizabeth Ayub aconselha a estarem atentos aos primeiros sintomas para que as doenças intestinais não cheguem ao estágio mais grave, levando em consideração que ambas podem ser fatais se não forem tratadas de forma adequada.