Avaliação Neuropsicológica

Por: Adriana Fóz*

A Avaliação Neuropsicológica (ANp) tem como objetivo verificar, mensurar e investigar funções neuropsicológicas. As funções neuropsicológicas são um dos pilares da saúde física e mental. Por meio dessa avaliação se pode orientar e identificar funcionamentos cognitivos bem como colaborar nos diagnósticos, sugerir prognósticos com melhor efetividade, principalmente ao considerar os aspectos interdisciplinares.

A Neuropsicologia é uma especialidade recente que teve sua origem no campo da psicologia aliada aos conhecimentos das neurociências. Atualmente alguns profissionais graduados em Pedagogia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e Medicina se especializam em Neuropsicologia para melhor compreender e atuar junto aos seus pacientes. Inicialmente era destinada ao seguinte espectro de questões: TCEs (traumatismos crânio encefálicos, TuC (tumores cerebrais), AVCs (Acidentes vasculares cerebrais), Demências, Desordens tóxicas e outras. Ou seja, em casos que acometiam aspectos estruturais e funcionais do encéfalo.

Outras fontes de demanda para a ANp são: transtornos globais do desenvolvimento e transtornos específicos do desenvolvimento, tais como: Transtorno de Déficit de Atenção, Hiperatividade, Dislexia, Transtorno Afetivo Bipolar, etc..

Mais recentemente a ANp está sendo empregada não apenas nos casos de prejuízos, mas nos casos que buscam otimização de capacidades neurocognitivas.

A ANp, então, ajuda a mapear os déficits, prejuízos, mas também os recursos e as estratégias do paciente e pode orientar nas identificações de metas, procedimentos e objetivos terapêuticos.

São aspectos da ANp: Memória, Atenção; Funções Executivas; Linguagem; Leitura/Escrita; Praxias; Processamentos Visuo-espacial, Tátil-cinestésico; Raciocínio, Teoria da Mente Aprendizagem e Pensamento.

Porém, para a realização dos testes neuropsicológicos é importante estar atento às limitações e contexto em que o paciente se encontra. Concomitantemente é necessário ter uma proposta, uma pergunta para o caso. Por exemplo: busca-se verificar se o paciente apresenta um déficit atencional; entender se algumas possíveis dificuldades de memória estão atreladas à dificuldades atencionais ou de outra natureza; se há discrepâncias entre processos verbais e não verbais; etc..

Sendo assim, muitas vezes a ANp não é indicada para um determinado momento da reabilitação. Por outro lado, quando é feita uma ANp é indicado repetir depois de, no mínimo, 6 meses. Tais dados trarão um fator diferencial muito relevante para ajudar no processo de reabilitação e habilitação do sujeito.

Uma avaliação completa apresenta não apenas a “fotografia” das competências e habilidades citadas acima, mas também um discussão, orientação e sugestões práticas para o paciente e sua família.

Existem diversos trabalhos que comprovam não só a utilidade, mas também a eficácia deste recurso, segundo a SBNp, INS, Scielo e Medline. A maioria dos testes voltados para Neuropsicologia são de domínio do Psicólogo, por isso se faz necessário, em muitos casos, a presença do profissional da psicologia. O processo mais competente de uma avaliação é quando compreende 2 profissionais, desta forma um pode se ater às questões qualitativas e o outro as questões quantitativas.

É importante que a Avaliação mencione os testes usados, bem como os escores que o paciente obteve mediante escores controle. Assim, mesmo que um outro profissional receba a Avaliação Neuropsicológica, este poderá comparar dados e entender os processos e resultados obtidos com mais eficiência.
Também é necessário que os avaliadores datem e assinem a avaliação que é considerada um documento de sigilo. A Sociedade Brasileira de Neuropsicologia (SBNp), da qual fui diretora por 5 anos (2008 a 2012) defende que a Neuropsicologia é uma ciência multidisciplinar e interdisciplinar.


*Educadora (USP); Psicopedagoga (Sedes Sapientae); Especialista em Neuropsicologia/ (CDN/ Unifesp); Diretora Clínica da Unidade Integrativa Santa Monica; Diretora Neuroconecte, Gestora do Projeto Cuca Legal- Psiquiatria/UNIFESP; Pesquisadora do LINC ( Laboratório de Neurociências Clínicas da UNIFESP); DEMEC: 9709628.

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