Varizes são hereditárias?
Temidas por muitos, as varizes são causa de grande desconforto estético. Mas a interferência estética não é o único problema causado pelos vasinhos, visto que são sinais de que algo não vai bem com a sua circulação. E, apesar de poderem ser prevenidas, para quem tem predisposição, a condição aparecerá mais cedo ou mais tarde. “Isso por que as varizes, veias dilatadas e tortuosas que perderam sua função, são uma doença crônica, ou seja, que levamos para o resto da vida, e que possuem a genética como principal fator preponderante para o seu desenvolvimento”, explica a cirurgiã vascular e angiologista Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
É claro que a hereditariedade não é o único fator de risco para o surgimento de varizes. Idade e sexo também figuram entre grandes motivos para o desenvolvimento de varizes. “Os homens, por exemplo, são menos propensos a desenvolverem varizes, pois não estão sujeitos a ação dos hormônios femininos, não engravidam e possuem a musculatura mais desenvolvida, principalmente a da panturrilha, o que favorece a circulação”, explica a médica. “O envelhecimento também é favorecedor dos vasinhos, já que, com a idade, há perda gradativa de massa magra e as veias começam a envelhecer e se dilatar, o que faz com que o inchaço, o cansaço e o aspecto estético das pernas piorem.” A questão é que a genética é o que realmente define se você está predisposto ou não a sofrer com a condição, enquanto fatores como idade, sexo e outros hábitos de vida, como o sobrepeso e o tabagismo, aumentam as chances do desenvolvimento das varizes.
Sendo assim, como o fator hereditário não pode ser evitado, os cuidados de prevenção com as varizes visam principalmente a melhora da circulação sanguínea através da melhora dos hábitos de vida que podem estar relacionados à condição. “Entre os cuidados a serem tomados para favorecer a boa circulação venosa estão medidas como controlar o peso, parar de fumar, praticar exercícios físicos regularmente, utilizar as meias de compressão indicadas pelo seu médico, não permanecer muito tempo sentado e adotar uma alimentação balanceada, rica principalmente em fibras”, recomenda a Dra. Aline.
E quando as varizes começarem a aparecer, é fundamental que você consulte um médico imediatamente, pois, segundo a angiologista, a condição deve ser tratada com seriedade e quanto mais precoce o diagnóstico e acompanhamento, menor a possibilidade de complicações no futuro. “O tratamento vai variar dependendo do tipo de varizes, por isso a consulta com o cirurgião vascular é tão importante. Para as varizes menores ou vasinhos, por exemplo, o especialista pode sugerir a escleroterapia, onde uma substância química é injetada nas veias. Já para as varizes maiores o cirurgião pode indicar laser, espuma ou, dependendo do caso, até mesmo cirurgia. Outros tratamentos para as varizes incluem a radiofrequência e a combinação de técnicas, como o ClaCs, que une laser não-invasivo e injeções de glicose”, destaca.
Porém, é importante ressaltar que, por ser uma doença crônica e principalmente hereditária, a doença não possui cura definitiva e os tratamentos visam apenas o controle do problema, melhorando a qualidade da circulação e a aparência estética das pernas. “Os tratamentos para varizes atuam diretamente sobre a veia doente e, geralmente, são definitivos para aquela veia, já que esta é normalmente retirada ou destruída, então dificilmente voltará a ter fluxo de sangue. Mas, sendo uma doença crônica, pode acontecer de novas varizes surgirem ao longo dos anos em outros locais ou então até na mesma posição, o que pode passar a impressão de que são as mesmas varizes que voltaram. Por isso, a adoção dos cuidados de prevenção é tão importante”, finaliza a Da. Aline Lamaita.
Dra. Aline Lamaita é cirurgiã vascular e angiologista, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine. Formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, a médica participa, na Universidade de Harvard, de cursos de pós-graduação que ensinam ferramentas para estimular mudanças no estilo de vida nos pacientes em prol da melhora da longevidade e qualidade de vida. A médica possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina.