Dieta Low-FODMAP para a Síndrome do Intestino Irritável

Especialista explica os benefícios da dieta não fermentativa no tratamento da doença

Sintomas como dor abdominal frequente, inchaço, intestino preso, náuseas, diarreia e estufamento não são normais e devem ser investigados. A Síndrome do Intestino Irritável traz grandes dificuldades no dia a dia, e a dieta não fermentativa, que consiste em restringir alimentos ricos em carboidratos de alta fermentação, é o melhor caminho para amenizar os sintomas.

As diferentes abordagens de diagnóstico e tratamento para a Síndrome do Intestino Irritável foram exploradas pelo nutricionista inglês Nick Trott na palestra “O tratamento Low-FODMAP na Síndrome do Intestino Irritável: procedimentos, métodos e atualizações”,  em passagem por São Paulo. Segundo ele, o melhor caminho encontrado pelos especialistas é prescrever uma dieta que reduza a fermentação intestinal para evitar a distensão intestinal e os seus efeitos.
Nutricionista especializado na área de gastroenterologia e premiado como um dos profissionais do ano em doença celíaca do Reino Unido em 2016, Nick é reconhecido como estudioso na orientação de celíacos e de demais quadros relacionados à sensibilidade ao glúten e à Síndrome do Intestino Irritável. Confira os principais desdobramentos sobre a síndrome:

É comum confundir a Síndrome do Intestino Irritável com a doença celíaca. O que difere uma da outra?
Nick Trott — A doença celíaca é uma doença autoimune, causada por uma resposta imune inadequada ao glúten. Seu diagnóstico requer exames de sangue específicos e uma biópsia do intestino delgado. Atualmente, o único tratamento é a adoção de uma dieta isenta de glúten. Já a Síndrome do Intestino Irritável é uma desordem crônica do intestino, que se caracteriza pela presença da dor abdominal, distensão e mudança no hábito intestinal, como constipação, diarreia ou ambos. O diagnóstico da Síndrome do Intestino Irritável pode ser estabelecido com base nos sintomas, na exclusão de outras doenças do intestino e com a aplicação da dieta específica e seus resultados. A boa notícia é que há uma ampla variedade de abordagens médicas, psicológicas e dietéticas para tratá-la, que pode ser adaptada para cada paciente.

Qual a relação do estresse com a Síndrome do Intestino Irritável? Ele pode ser considerado uma das causas?
Nick Trott — Não temos comprovado que ele pode ser uma das causas da Síndrome do Intestino Irritável, mas certamente pode contribuir para o aumento dos sintomas. Isso se relaciona com a forma como o intestino e o cérebro se comunicam. Um ponto que sabemos é que as mudanças do estilo de vida ajudam as pessoas com Síndrome do Intestino Irritável a gerenciar seu nível de estresse, melhorando o controle dos sintomas.

Assim como a doença celíaca, a Síndrome do Intestino Irritável acomete mais mulheres?
Nick Trott — A incidência da Síndrome do Intestino Irritável acontece até três vezes mais em mulheres do que em homens, embora a diferença percentual varie globalmente. As razões para esta diferença na taxa de diagnóstico entre os sexos ainda não são bem compreendidas, pois estão mais relacionadas ao fato das mulheres procurarem mais diagnósticos e tratamentos. Também existem diferenças nos sintomas da Síndrome do Intestino Irritável vivida por homens e mulheres.

A dieta não fermentativa pode ser considerada altamente restritiva por conta dos alimentos que devem ser limitados na alimentação?
Nick Trott — Pessoas e pacientes podem ter diversos benefícios ao adotar uma dieta com alimentos de baixa fermentação, mas não devem adotar esse tipo de dieta por conta própria. A dieta não fermentativa deve ser realizada em três fases distintas, a ser feita por um profissional de saúde, como o nutricionista. Primeiramente, a restrição inicial é seguida de uma reintrodução monitorada de alimentos FODMAP* para avaliar a tolerância individual. A última fase é uma dieta modificada e personalizada com base nos resultados de reintrodução. Vale ressaltar que a dieta deve ser seguida por um período de tempo específico e que não deve ser adotada por quem não tem indicação.

Como você avalia os estudos que temos atualmente sobre a dieta não fermentativa em pacientes com a Síndrome do Intestino Irritável?
Nick Trott — Há uma série de estudos validados que trazem a análise de sintomas e da qualidade de vida dos pacientes da Síndrome do Intestino Irritável, que se tornaram ferramentas muito utilizadas na determinação da eficácia da abordagem FODMAP. A evidência acumulada para a dieta pobre em FODMAP indica que quando é entregue por um nutricionista com conhecimento e experiência pode ser uma estratégia altamente eficaz.


*FODMAP (sigla para Oligossacarídeos, Dissacarídeos, Monossacarídeos e Polióis Fermentáveis): alimentos que são mal absorvidos e sofrem fermentação pela flora intestinal, causando sintomas como má digestão, excesso de gases, diarreia, inchaço abdominal, cólicas e prisão de ventre.

Os alimentos Fodmap são classificados em 5 grupos:

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