Ao contrário do que muitos pensam, o trabalho do arquiteto não começa apenas quando o imóvel está prestes a ser entregue pela construtora.O profissional pode – e deve – auxiliar também na hora do fechamento do contrato, adaptando o layout padrão às necessidades do cliente e sugerindo, inclusive, ajustes dentro das opções permitidas por cada empresa.
Fora os fatores referentes à localização, metragem e características do empreendimento que antecedem esta etapa e determinam o investimento, cuidados com a elaboração do contrato de compra e venda da unidade podem ser feitos com a orientação do arquiteto.
“A venda começa sempre com um corretor, que muitas vezes não está acompanhando o cronograma da obra e as regras de alterações. E isso pode comprometer o projeto dependendo da fase, gerando frustração e até impedindo a realização de algo importante no imóvel. As construtoras oferecem flexibilidade para a personalização de cada unidade, independente do contrato. Porém existem exceções e, por isso, nada melhor do que garantir o que se deseja”, frisa a arquiteta Cris Passing.
Além de dor de cabeça, evita-se também o desperdício de materiais e prejuízos para o bolso. Em casos de reforma, mesmo de um imóvel novo, os gastos com mão de obra podem pesar até 50% a mais no orçamento. Sem contar a perda de produtos novos como pisos, revestimentos de paredes, metais, bancadas de granito, louças. Muitas vezes as peças nem chegam a ser usadas pelos proprietários e logo são substituídos por outros.
“Em alguns casos é preciso refazer a infraestrutura como, por exemplo, reposicionar os misturadores de água dos chuveiros ou ainda deixá-los monocomando. Ou mesmo alterar a parte elétrica para se ter mais circuitos de iluminação e um sistema de automação. Remover uma parede para favorecer o layout, criar nichos nos banheiros. O trabalho envolve planejamento e também responsabilidade ambiental. O ideal é atuar no projeto desde o início da construção do empreendimento, mas não sendo possível, tentar reaproveitar ao máximo os materiais destinando-os para outro lugar”, acrescenta.
A arquiteta enumera abaixo os principais pedidos de alteração de imóveis novos solicitados por clientes:
• Paredes que não precisam ser construídas, não serão.
Paredes novas ou que precisam ser deslocadas, serão feitas já da forma correta. Detalhes de alvenaria como nichos e paredes baixas serão construídas conforme o planejado!
• A parte hidráulica pode ser ajustada!
É muito comum as construtoras usarem misturadores tradicionais para os chuveiros, e sempre instalados abaixo dele. Com antecedência, podemos transformá-los em misturadores monocomando e reposicioná-los para o melhor local, muitas vezes do lado oposto do chuveiro. Podemos usar chuveiro de teto e não de parede, uma ou duas unidades. Podemos pedir ponto de água para o filtro de geladeira, ter água quente na sacada. Também mudar uma instalação de torneira de bancada para ser de parede, deixar os registros em posições acessíveis porém escondidos! Fazer ralos lineares, o que além de esteticamente ficar mais bonito evita os recortes em pisos para escoar a água para o ralo. Assim podendo utilizar grandes peças nessas áreas apenas com um caimento em sua direção. Ou mesmo fazer uma ilha na cozinha com a pia e para isso alterar o ponto de água e de esgoto.
• É possível planejar pontos extras de ar-condicionado?
A exemplo para uma uma cozinha ou sacada que será fechada no futuro. Ou ainda mudar de Split para k7, ar central e etc.
• Pedir ponto de gás para uma lareira;
Ou mudar o ponto de gás da parede para uma ilha com o fogão.
• Alterar completamente a parte elétrica!
Fazer muitos circuitos de iluminação, ter mais circuitos paralelos e dimerizáveis, ajustar a necessidade com o layout alterado, acrescentar mais tomadas, preparar para automação.
• Trocar os revestimentos:
Substituir os padrões por novos e diferenciados em modelos, tipo e tamanho.
• Gesso:
Além das área úmidas tradicionais em prédios (cozinha, lavanderia e banheiros), fazer um planejamento para toda unidade!
• Pintura:
Alterar a cor padrão para uma nova cor ou com paredes que recebam cores diferenciadas.
• Se necessário alterar ou apenas pegar o crédito de bancadas, louças e metais, para poder personalizar de acordo com a necessidade do projeto.
Claro que o custo de crédito de um item da construtora é normalmente muito menor do que um escolhido para personalizar, mas fica de investimento apenas a diferença, evitando-se desperdício total e aproveitando-se a mão de obra de instalação da construtora. De acordo com o tipo de material, existem também custos para serem extras para serem pagos por exigirem uma prestação de serviço diferenciada. Com antecedência será apenas a diferença! É papel do arquiteto saber orientar com consciência o que realmente precisa ser trocado e alterado dentro das condições de necessidade pessoais e financeiras do seu cliente para se ter o melhor aproveitamento de tudo que a construtora ofereça e evitar o desperdício!