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Instituto capacita voluntários a estimular doação de órgãos

Mais de 83 mil pessoas já foram sensibilizadas pelas informações transmitidas no curso. No Brasil, mais de 50 mil pessoas ainda esperam por um transplante de órgão. 43% das famílias se recusam a doar órgãos de entes falecidos

O ano vai terminando e 2023 se aproxima. Com a chegada do Ano Novo, muitas pessoas estabelecem planos, objetivos e metas para serem executados ou alcançados nos próximos meses. O desejo de se envolver em projetos voluntários e atividades cujos benefícios se direcionam ao outro também é uma tendência que chega com o novo ano.

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A pesquisa Voluntariado no Brasil 2021, divulgada em agosto de 2022, mês do voluntariado, indicou que o Brasil contava, em 2021, com 57 milhões de voluntários ativos. Segundo o levantamento, ainda, o tempo dedicado para ajudar vem aumentando. Enquanto em 2011, a quantidade média de dedicação por pessoa era de cinco horas mensais, em 2021 essa média cresceu para 18 horas/mês. O índice é três vezes maior do que há uma década. De acordo com a análise, 56% da população adulta diz fazer ou já ter feito alguma atividade voluntária na vida. Em 2011, esse número representava apenas 25% da população e, em 2001, 18%.

Outro estudo, este feito pela Atados, uma plataforma que conecta pessoas e organizações para atividades voluntárias, revelou que o número de brasileiros interessados em se tornar voluntário em 2021 cresceu 31% em relação a 2020. O fato foi percebido pela própria organização, que notou um aumento de 15% nas inscrições para atividades voluntárias em 2021 em relação ao ano anterior. A expectativa é de que os resultados cresçam ainda mais em 2022 e se mantenham ascendentes nos próximos anos.

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Embaixadores da Chama

O projeto Embaixadores da Chama, por exemplo, realizado desde 2020 pelo Instituto GABRIEL para incentivar a doação de órgãos, busca voluntários interessados em receber capacitações para falar com o entorno de pessoas com as quais se relacionam sobre a importância da doação de órgãos e tecidos.

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Arte: Divulgação

O programa atende 12 estados do Brasil e intenciona, em breve, contar com representantes em todas as regiões do país. “São pessoas comuns falando a pessoas comuns também, com uma linguagem acessível e correta, sobre a importância da prática da doação de órgãos”, explica Maria Inês Carvalho, presidente do Instituto GABRIEL.

Inês conta que o projeto surgiu por iniciativa do marido dela, Valdir Carvalho, que teve a ideia de criar uma “pirâmide do bem”, na qual cada pessoa que fosse capacitada a falar sobre doação de órgãos trouxesse mais duas pessoas para construir uma base sólida dessa pirâmide. “Com o falecimento do Valdir, em 2019, coloquei esse projeto como prioridade no Instituto e, em 2020, ele foi ganhador do prêmio Movimento Bem Maior”, recorda. O Movimento é uma organização social apartidária sem fins lucrativos, que tem como objetivo fortalecer o ecossistema filantrópico do Brasil. “Com isso, recebemos financiamento para construção de uma plataforma virtual para programa de estímulo à capacitação dos voluntários”.

Ela ainda explica que o curso ofertado às pessoas interessadas é totalmente gratuito e contempla os principais pontos do processo de doação e transplante de órgãos no Brasil. “São 12 aulas e 12 missões que o aluno precisa cumprir para receber a certificação de ‘Embaixador da Chama’. O programa é totalmente on-line, mas oferece monitoramento constante da equipe do projeto para ajudar nas dúvidas que surgem ao longo do processo”, conta.

O Instituto já está na quarta turma e, com as três primeiras, capacitou até hoje 59 pessoas em 12 estados brasileiros, que já impactaram mais de 83 mil com as informações apreendidas no curso. “Em 2023, temos a meta de formar mais três turmas de 30 alunos, o que impactaria milhares de novas pessoas. Também estamos programando um upgrade para as turmas já formadas, além de ampliar o programa já existente”, diz Maria.

Como se inscrever?

As pessoas interessadas podem fazer uma pré-inscrição neste link (https://gabriel.org.br/embaixadoresdachama/login – via QR Code) e aguardar a chamada do Instituto GABRIEL. Atualmente, existe uma fila de espera. “Na medida em que formos conseguindo mais aporte financeiro para custear a ampliação do programa no Brasil, ampliaremos as turmas e, com isso, vamos capacitando mais e mais pessoas para o tema”, destaca a presidente do Instituto.

Embaixadores

Vane Lopes é uma das embaixadoras já certificadas. Ela conhece o Instituto GABRIEL desde 2011, por conta de uma doença renal crônica que teve. “Hoje, transplantada, pude participar da turma 3 do programa. É um excelente programa, com vídeos bem didáticos feitos com linguagem simples e de fácil entendimento. As atividades são divertidas e causam um grande impacto do ponto de vista informativo”, diz.

Para Vane, que também atua como coordenadora de projetos de comunicação do Instituto GABRIEL, falar sobre doação de órgãos vai além de suas tarefas profissionais. “Não é apenas meu trabalho, mas um propósito de vida”.

A pedagoga Suelen Freire também é embaixadora e conheceu o Instituto Gabriel e o programa de voluntariado, quando recebeu um transplante duplo (de pâncreas e rim) e se viu impulsionada a contribuir com a disseminação de informações sobre o assunto. “Felizmente, eu fiquei pouco tempo em fila à espera dos órgãos e não dominava o assunto o suficiente para responder todas as dúvidas que chegavam até mim. Então, surgiu a oportunidade para participar da primeira turma de embaixadores e me inscrevi. A experiência foi uma das melhores formações que fiz na vida. O curso me direcionou para que eu pudesse usar o meu potencial em prol do ativismo”.

Suelen é professora e a habilidade que revela em escrever textos e se comunicar a levou ao trabalho como editora voluntária da ONG Sou Doador. “Hoje, escrevo e edito textos para as publicações do blog e redes sociais, além de tirar dúvidas e direcionar pessoas em fila ou recém-transplantadas que me procuram”, conta. Suelen também criou uma marca de camisetas e outros produtos com a temática da doação aliada ao humor: a Doação Estampada. Este ano, a marca patrocinou o Salão de Humor Sobre Doação de Órgãos promovido pelo Instituto GABRIEL.

A embaixadora conclui dizendo que a maior expectativa que ela mantém em relação ao Embaixadores da Chama, é que ele chegue a todas as pessoas que, assim como ela, entendem e vivem a importância da doação de órgãos. “Sem a informação necessária, a família do Dô, que é como eu chamo meu doador falecido, poderia ter se recusado a doar e eu não estaria aqui para contar essa história. Eu precisei de apenas um ‘sim’ para que minha vida fosse salva, e esse ‘sim’ modificou a visão sobre doação de absolutamente todas as pessoas que me conhecem. Imagine um país todo munido de informações corretas e com pessoas dispostas a doar?”, complementa Suelen.

Hoje, mais de 50 mil pessoas ainda estão na fila e esperam por um transplante de órgão no Brasil. A desinformação ainda é a principal responsável para este cenário, já que 43% das famílias se recusam a doar os órgãos de seus entes falecidos. “A doação é um ato de solidariedade que salva vidas, portanto, não há transplantes se não houver doador. A principal missão do Instituto GABRIEL é sensibilizar mais pessoas para isso.”, conclui Inês, presidente do Instituto GABRIEL.

Sobre o Instituto GABRIEL

O Instituto GABRIEL é uma organização social sem fins lucrativos. Seu nome é uma homenagem à Gabrielle de Azevedo Carvalho, que nasceu com anencefalia (ausência de cérebro), no dia 24 de maio de 1998. Gabrielle foi o segundo bebê do casal Maria Inês Toledo de Azevedo Carvalho e Valdir de Carvalho a apresentar a má formação congênita. Dez anos antes, eles já haviam perdido outra filha em decorrência do mesmo problema.

Maria Inês e Valdir optaram por manter a gestação de Gabrielle até o final para, após o nascimento do bebê e seu inevitável falecimento, efetuar a doação de seus órgãos na tentativa de ajudar crianças que aguardavam por um transplante. Entretanto, a doação não pôde acontecer em virtude de uma omissão na lei brasileira em vigor naquela época, que não previa a doação de órgãos de bebês portadores de anencefalia.

O Instituto GABRIEL iniciou, então, um trabalho para que a normatização das doações acontecesse. Isto só se concretizou parcialmente em 02 de março de 2007, com a portaria do Ministério da Saúde, mas que ainda não atende por completo às necessidades desse tipo de doação.

No decorrer dos anos, o Instituto GABRIEL se especializou em desenvolver projetos para o incentivo à doação de órgãos e tecidos, como, também, de prevenção das malformações congênitas e das principais causas de doenças que levam ao transplante. Mais informações: www.gabriel.org.br

Via
Jéssica Amaral
Fonte
DePropósito Comunicação de Causas
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