A asma é uma doença crônica que se caracteriza por uma obstrução do fluxo de ar, bastante variável, tanto ao longo do tempo quanto em intensidade. O que ocorre fundamentalmente é uma inflamação também uma resposta exagerada das vias aéreas a determinados desencadeantes.
A redução desta variabilidade, com o melhor controle dos sintomas, é possível de ser realizada com o tratamento adequado e individualizado. As informações são do Grupo de Trabalho de Problemas Respiratórios da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC).
“A prevalência média brasileira de asma é alta, em torno de 24% entre escolares e 19% entre adolescentes. Encontra-se entre os 20 principais motivos de consulta na Atenção Primária à Saúde (APS). No Brasil, consiste em uma das principais causas de internação hospitalar no Sistema Único de Saúde (SUS), apesar de ser considerada uma condição sensível à APS, ou seja, uma condição em que a atenção primária efetiva e a tempo pode evitar idas a emergência e internações”, explica Maria Lucia Medeiros Lenz, médica de Família e Comunidade do Grupo Hospitalar Conceição e membro do grupo.
A pessoa que tem asma apresenta maior risco da ocorrência de crises quando não estiver com a doença controlada, quando não estiver fazendo uso de medicamentos de controle ou estiver exposta a desencadeantes. Estes desencadeantes (gatilhos) variam muito de pessoa para pessoa, entre os mais comuns: infecções virais (resfriados), fumaça de cigarro, exercícios, ácaros, pelos/saliva de animais, riso, choro, emoções.
Sobre o uso do spray, que muitos conhecem por “bombinha”, Maria Lucia orienta que é essencial a técnica adequada e acrescenta que os principais medicamentos usados para o controle da asma e para o tratamento das crises são desta forma, inalatórios. “Existem dois tipos de sprays: os de uso diário, para o controle dos sintomas (corticoide inalatório é o mais utilizado) e os de uso ocasional (os broncodilatores), quando ocorrer tosse, chiado no peito, respiração rápida e falta de ar.
É muito importante que no momento de uma crise de asma as pessoas saibam iniciar o seu tratamento em casa, seguindo um plano de ação escrito, assim, elas se sentirão mais seguras e quando necessitam procurar um serviço de emergência”, completa Maria Lucia.
Diagnóstico e o tratamento
O diagnóstico é feito, na maioria das vezes, escutando com calma e conhecendo a história do paciente, o que facilitado para quem exerce a Medicina de Família e Comunidade, pois acompanha pessoas e famílias inteiras ao longo do tempo. A época de início, a repetição dos principais sintomas (tosse, chiado, falta de ar), a história de ter tido alergias, a história familiar de asma, estão entre importantes critérios diagnósticos. O exame físico, na presença de sintomas, também é muito útil. Alguns exames complementares podem ser realizados (ex:espirometria), mas devem ser sempre avaliados de forma conjunta com a história e o exame físico.
Em épocas mudanças climáticas ou no inverno, muitos voltam a ter sintomas. Ocorrem, nestes períodos, mais infecções respiratórias virais, o que podem desencadear crises, especialmente em crianças.
“É necessário que as pessoas procurem saber mais sobre a sua doença para que possam participar ativamente de seu tratamento e para que mantenham a adesão. Muitas pessoas, quando melhores e sem sintomas, param de usar os medicamentos antes do tempo mais indicado. É importante também uma atenção multiprofissional em asma. A participação de profissionais como farmacêuticos e/ou enfermeiros no cuidado às pessoas com asma qualifica muito a atenção. Existem questões importantes a serem transmitidas com o objetivo de facilitar a adesão ao tratamento e a utilização de técnica inalatória mais adequada”, conclui Maria Lucia.