Você já notou que precisa dar mais voltas com o elástico ao prender o cabelo? Ou que muitos fios caem quando você penteia? Esses podem ser sinais de afinamento capilar, um problema que pode levar à perda completa dos fios se não for tratado adequadamente. A Dra. Claudia Marçal, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia, explica abaixo o que está acontecendo e como você pode tratar esse problema.
O que é o afinamento capilar e como acontece? Quais suas causas? É mais comum em homens ou mulheres? Por quê?
O afinamento capilar é uma manifestação fisiológica da alopecia androgenética ou calvície masculina, que ocorre em indivíduos geneticamente predispostos levando à “queda dos cabelos”, que sofrem um processo de miniaturização. A herança genética pode vir do lado paterno ou materno. A alopecia androgenética é resultado da estimulação dos folículos pilosos por hormônios masculinos que começam a ser produzidos na adolescência (testosterona).
Ao atingir o couro cabeludo de pacientes com tendência genética para a calvície, a testosterona sofre a ação de uma enzima, a 5-alfa-redutase, e é transformada em di-hidrotestosterona (DHT). É a DHT que vai agir sobre os folículos pilosos promovendo a sua diminuição progressiva a cada ciclo de crescimento dos cabelos, que vão se tornando menores e mais finos. O resultado final deste processo de diminuição e afinamento dos fios de cabelo é a calvície.
A característica principal da alopecia androgenética é a queda continuada dos cabelos com substituição por fios cada vez mais finos e menores até a interrupção do crescimento, levando à rarefação dos pelos e ao afastamento da linha de implantação para trás.
A progressão do quadro leva à calvície masculina, caracterizada pela ausência de cabelos na parte superior e frontal da cabeça, poupando as áreas laterais e posterior, produção aumentada de oleosidade e descamação no couro cabeludo devido à dermatite seborreica (caspa), apesar de também poderem estar presentes acompanhando o quadro, não tem nenhuma relação com o processo de queda e diminuição dos cabelos. As mulheres também podem ser atingidas, porém só muito raramente chegam à calvície total. Em geral, apresentam um quadro de rarefação difusa dos pelos que também se tornam mais finos.
Alterações hormonais como da glândula tireoide, aumento do cortisol, da prolactina, dos andróginos, deficiência de ferro e ferritina, zinco e magnésio podem provocar e acentuar o processo de perda capilar. A alimentação muito restritiva pobre em proteínas e com longos períodos de jejum pioram o quadro!
Além disso, toda a alteração hormonal presente como da glândula hipófise, tireoide, suprarrenal, alterações na perimenopausa ou climatério com diminuição dos hormônios femininos, ovários policísticos, endometriose modificam diretamente a saúde dos cabelos mudando sua estrutura proteica, densidade, resistência e crescimento das hastes capilares. Assim como nos quadros de estresse.
No salão, como o profissional cabeleireiro pode identificar o problema e quais cuidados deve ter?
O profissional ou o próprio paciente podem identificar o problema ao notar que as hastes se desprendem espontaneamente, em número igual ou maior que 100, se ocorre uma perda de densidade e proteinização dos fios, se o volume capilar diminuir acentuadamente ou a queda persistir por tempo acima de 60 dias ou ainda aparecimento de falhas.
O que este profissional pode ou não pode fazer em relação a procedimentos químicos (coloração, alisamento, descoloração etc), quando há afinamento capilar?
Toda química pode agravar a queda sim, uma vez que existe um processo de desproteinização dos cabelos, levando a um corte químico, a uma clivagem, um processo de ruptura das fibras, então existe uma agressão da cutícula, do córtex, da medula capilar. Quando fazemos escovas progressivas, balaiagem, uso de tinturas, sempre estamos agredindo a estrutura capilar de alguma maneira. Se o cabelo já está em uma fase de queda, isso deve ser evitado até que o quadro seja controlado.
De que forma este profissional pode colaborar com a melhora da espessura do fio? É possível recuperá-lo?
Esse paciente deve buscar ajuda médica dermatológica e tricológica. O quadro feminino da calvície androgenética, uma vez que foi diagnosticado, existe a característica familiar, vai ser tratado exatamente no caso masculino. Nós vamos entrar com aporte nutricional (Exsynutriment, cisteína, Bio-Arct, cistina, ornitina, arginina, taurina, metionina, piridoxina, biotina, lisina, zinco, ácido fólico, cálcio, magnésio, cobre, colágeno peptídeo, ferro, Vitamina D, Vitamina A, derivados do complexo B e ômega 6); fazer uso dos xampus específicos; loções de uso local com minoxidil, latanoprosta (outro ativo que hoje é muito utilizado além do minoxidil), fatores de crescimento e a reposição hormonal in local.
Mas tudo isso é feito após a averiguação clínica desse paciente com dosagens laboratoriais, com exame tricológico para saber que fase os fios estão (anágena, telógena, catagena), e ao mesmo tempo muitas vezes fazendo a biópsia do couro cabeludo para confirmar que essa paciente é portadora da calvície androgênica de padrão familiar e hereditário. Então, o tratamento vai ser caso a caso e sempre o dermatologista especialista que vai escolher a melhor conduta.
O paciente vem para a cabine, onde são feitos os tratamentos de aplicação local, com microagulhamento, com lasers fracionados não ablativos, aplicação posterior do drug delivery onde é aplicado o minoxidil, as vitaminas como biotina, piridoxina, b-pantenol, existe um mix muito grande de vitaminas que usamos logo após os procedimentos, uso da luz de led e é algo escolhido para cada paciente, é feita uma customização. Existe tecnologia hoje à disposição, nós utilizamos na complementação do tratamento domiciliar com os resultados mais rápidos, mais expressivos, e nós temos respostas que se mantém por muito mais tempo. E em casa fazemos complementações para manutenção.
Há outros problemas decorrentes do afinamento capilar?
O problema genético pode se manifestar até perda completa dos fios, se não houver um tratamento adequado. Existe um processo de miniaturização do folículo capilar. A papila dérmica vai deixando de fazer a proliferação celular, a haste vai se tornando cada vez mais fina, até que existe uma parada, um completo papel de atrofia dessa papila dérmica. E não há mais a formação dos fios, das hastes capilares. Isso é mais comum em homens que mulheres, mas pode acontecer em ambos os casos, apesar de ser prevalente nos homens.
Em relação a produtos cosméticos, o que é indicado e o que não é indicado quando há afinamento capilar?
De que forma podem piorar a situação?
Tratamentos como hidratação e reconstrução podem ser realizados?
O nosso couro cabeludo deve ser tratado de uma maneira extremamente eficiente, então como eu digo para os meus pacientes: quem pratica esportes todos os dias pode e deve lavar o cabelo diariamente, porém nunca dormir com ele molhado; quem não tem outra opção além de lavar à noite deve secar os cabelos antes de dormir; de preferência lavar os cabelos de manhã; usar shampoos orientados por dermatologistas, já que as pessoas de cabelos mais finos e pouco densos ou oleosos devem usar shampoos mais botânicos, transparentes, ricos em extratos vegetais e vitaminas; o homem de uma maneira geral só o próprio shampoo já é suficiente; evitar shampoos que sejam muito ricos em lauril sulfato de sódio; se eu tenho um paciente que está com queda de cabelo, ele pode utilizar o pré-shampoo, que deve ser aplicado antes do shampoo como um shampoo de tratamento e deve ficar em massagem contínua por mais ou menos três minutos para depois usarmos o shampoo de tratamento do fio ao longo do fio e o condicionador apenas na ponta.
Quando nós usamos o condicionador ao longo do fio todo e no couro cabeludo, nós criamos um peso de gravidade muito maior do que o fio pode suportar e muitas vezes pré-dispomos esse cabelo à queda, além de que o fio molhado fica menos ancorado e também acaba caindo mais. Então o correto para termos um couro cabeludo saudável é utilizarmos shampoos que controlem a microbiota do couro cabeludo e nós temos vários ativos hoje que se preocupam com isso, mantendo uma flora saudável, onde nós temos várias espécies que não sejam patógenas e controlem as espécies patógenas; esses produtos devem retirar os resíduos dos fios e do couro cabeludo sem agredir em excesso, mantendo o manto hídrico e lipídico; e que esses shampoos sejam de boa qualidade, retirados com água morna, evitar água quente em demasia. E obrigatoriamente fazendo aquela sequência já citada: ao término do lavar os cabelos, é ideal que eles sejam secos sem que sejam torcidos, o excesso da umidade deve ser retirado, usar os pentes especiais para quando os cabelos estão molhados ou esperar os fios secarem para depois, então, pentear. Usar substâncias do tipo leave-on ou substâncias termoativas para proteger contra a ação do secador ou das próprias chapinhas.
Quais ativos são indicados? De que forma podem contribuir?
Ativos como Defenscalp, Bioex Capilar, Arct-Alg, Capillisil HC e Capixyl são essenciais para a saúde do couro cabeludo e a melhora da ancoragem dos fios. Para restauração e reestruturação dos fios, é indicado Amisol Trio, Liponutrium Hair e Reparage. Anti-agings capilares como Hydra.Sil que traz o silício orgânico é importante para manter e proteger a hidratação capilar interna; AMDM é outro ativo muito importante ao promover o aumento da oxigenação celular e da produção de energia nas células, o que melhora o fluxo de nutrientes e ajuda a proteger o cabelo.
Além disso, os complexos orais com Exsynutriment, FC Oral, Bio-Arct e Glycoxil colaboram e muito para que haja uma ação antioxidante efetiva de proteção contra esses danos. Enfim, há muitas opções e o dermatologista pode ser consultado para ajudar nesse processo de reestruturação dos fios, quando esses danos já estão instalados.
O que há de mais moderno para melhorar a condição do fio afinado?
Além dos tratamentos já mencionados, o boné de led Capellux e o capacete Capellux i9 são importantes ferramentas para melhora da condição desse fio afinado, uma vez que emitem a luz vermelha, que fornece energia para as células – o que colabora diretamente para a nutrição e saúde dos folículos, estimulando o crescimento dos fios.
Essa luz vermelha no comprimento de 660 nanômetros fornece energia, na medida em que a estrutura celular localizada nas membranas da mitocôndria (pulmão das células) são estimuladas a produzir mais ATP (energia). Com mais energia e nutrientes, as células operam em condições otimizadas no desempenho de suas funções, o que promove um aumento da quantidade e volume dos fios, que também ficam mais grossos.