Saúde

Obsessão pela aparência e os limites da cirurgia plástica

Transtorno dismórfico corporal coloca em risco a vida do paciente

No dia 20 de abril, a morte de Christina Ashten Gourkani, conhecida como Ashten G, chocou a internet. Ashten G era famosa por ser uma sósia de Kim Kardashian e por seu conteúdo adulto na plataforma. Infelizmente, ela faleceu de parada cardíaca após passar por outra cirurgia plástica. De acordo com informações, ela estava se recuperando no hospital quando sofreu uma parada cardíaca.

Mais recentemente, o ator Saint Von Colicci faleceu na Coreia do Sul em 23 de abril após sua 12ª cirurgia plástica. Saint Von gastou mais de 1,1 milhão de reais em cirurgias plásticas para se parecer com Park Jimin, integrante do BTS.

Apesar de estar ciente dos riscos envolvidos, ele realizou os procedimentos devido a sua insegurança com a aparência. Seu assessor lamentou a morte do ator e afirmou que ele era muito inseguro com sua aparência.

Saint Von Colicci, chegou a gastar mais de 1,1 milhão de reais em cirurgias plásticas para se parecer com Park Jimin, integrante do BTS

Houve um caso em que a influenciadora canadense Mary Magdalene compartilhou em suas redes sociais que uma de suas próteses de silicone estourou. Mary era adepta de transformações corporais extremas e admitiu ser viciada em cirurgias plásticas, o que a levou a colocar próteses gigantescas nos seios e nos glúteos.

Após o acidente, Mary declarou que estava disposta a remover as próteses e tentar voltar ao seu estado natural. Esse caso, assim como outros, apresenta o transtorno dismórfico corporal, também conhecido como dismorfobia, que é uma preocupação exagerada e anormal com a aparência.

Cirurgias sem fim

De acordo com especialistas, cerca de 15% das pessoas que buscam cirurgias plásticas têm esse transtorno. Embora a cirurgia plástica possa ser útil para remodelar o nariz, aumentar os seios, tonificar a barriga ou levantar as mamas, para pessoas com transtorno dismórfico corporal, isso pode se tornar um loop eterno de cirurgias.

Isso ocorre porque, devido à distorção da autoimagem e à crítica constante da pessoa que possui esse transtorno de imagem, ela pode acreditar que precisa de mais cirurgias para atingir a “perfeição” que nunca chega.

A busca por cirurgias plásticas para deixar a aparência semelhante à de pessoas famosas também está relacionada ao dismorfismo. Nesses casos, a pessoa pode ter uma preocupação excessiva e irracional com a aparência e acreditar que, ao se parecer com um famoso ou corrigir uma parte do corpo, sua autoestima e vida como um todo irão melhorar.

Mary Magdalene

No entanto, é importante lembrar que o transtorno dismórfico corporal é mais do que uma insatisfação com a aparência. É uma preocupação excessiva e persistente que pode afetar significativamente a qualidade de vida da pessoa. Para aqueles que sofrem com essa distorção da imagem corporal, a aparência se torna uma obsessão, levando muitas pessoas a gastarem horas do dia analisando possíveis “defeitos” em sua imagem.

Esses “defeitos” muitas vezes são imaginários e não são percebidos por outras pessoas. Um exemplo famoso disso é Michael Jackson, que realizou mais de 100 cirurgias, muitas delas em seu nariz, devido à sua distorção de imagem.

Para os médicos, é importante avaliar se o paciente apresenta o transtorno dismórfico corporal antes de recomendar a cirurgia plástica. É fundamental esclarecer todos os riscos envolvidos e nunca prometer resultados irreais. É recomendado que o paciente seja encaminhado para um psicólogo ou psiquiatra antes de realizar qualquer procedimento cirúrgico.

Outros transtornos

Em quadros de dismorfia é comum o paciente apresentar outros transtornos psicológicos, dentre os mais comuns estão:

• Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC);
• Depressão, ansiedade e transtornos de humor;
• Transtornos de personalidade;
• Transtornos alimentares;
• E de uso de substâncias.

A advogada especialista em direito médico e hospitalar e diretora da Clínica Libria, Dra. Beatriz Guedes alerta que a cirurgia plástica é um procedimento sério e que deve ser realizado com planejamento e cuidado. Antes de realizar qualquer procedimento estético, é fundamental que o paciente consulte um médico especialista em cirurgia plástica para avaliar se o procedimento é indicado para o seu caso e qual a melhor técnica a ser utilizada.

“É importante destacar que toda cirurgia plástica apresenta riscos e possíveis complicações. Por isso, é necessário que o paciente esteja ciente desses riscos e que discuta com o cirurgião plástico todas as possíveis consequências do procedimento,” finaliza a advogada.

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